domingo, 26 de junho de 2011

Filosofia para o Bem-Estar

Muitos, diversificados e complexos são os assuntos com que a humanidade hoje (2011) se defronta. Tentar elaborar uma escala, contendo a hierarquia dos temas mais importantes para o ser humano, poderia tornar-se difícil, polémica e inútil, porque antes desse ordenamento haveria que estabelecer conceitos, critérios, instrumentos de medida, avaliações e revisões a este vasto conjunto de requisitos.
À complexidade resultante, naturalmente, adiciona-se uma determinada carga de subjectividade, que poderia conduzir à absolutização do relativismo, situação que em nada ajudaria na busca de possíveis, desejáveis e exequíveis soluções, para atenuar um certo desconforto, insatisfação e impotência, resultantes do fenómeno metafísico que atormenta a humanidade, quando sente a necessidade de pensar para além da vida física finita.
É perfeitamente aceitável quer numa perspectiva de tolerância; como também de incerteza e, porque não, de algum mistério, a posição daqueles que, descrentes na possibilidade de uma vida eterna, defendem que para lá da vida biológica, nada mais existirá.
De igual modo, pode-se admitir e respeitar uma outra atitude, segundo a qual, haverá mais vida para lá da morte física da pessoa. Vive-se nesta dicotomia e por via dela, um dos assuntos mais interessantes, no mundo actual é, eventualmente, o que coloca o homem perante esta incerteza.
A humanidade, na sua esmagadora maioria, (oiça-se o que dizem as grandes religiões mundiais) acredita numa outra vida, a partir de diversos sinais que procura interpretar, relacionando-os com factos e acontecimentos individuais e/ou colectivos, ouvindo as opiniões das gerações mais velhas, interiorizando situações pessoais e/ou conhecidas, já vivenciadas, com alegria ou tristeza, com prazer ou sofrimento e para as quais não encontrou explicação científica, técnica, objectiva e concreta.
A ausência de respostas, construídas a partir de hipóteses, validadas pela ciência, com certificação quantitativa dos respectivos resultados e/ou axiomas e operacionalizadas pela técnica, facilita a busca para outros métodos, outras técnicas, agora no plano da metafísica, onde a manipulação instrumental do conhecimento científico e técnico, ainda não conseguiu penetrar.
As ciências ditas positivas, exactas, rigorosas, objectivas e todos os demais qualificativos que as caracterizam, permanecem neste novo patamar, qual limiar do infinito e da eternidade sem, por enquanto, nada poderem fazer, sem infringirem paradigmas técnico-científicos.
As diversas parcelas da realidade, estudadas, experimentadas, objecto de teorias explicativas e, solucionadas as situações concretas, que nelas se enquadram, através das muitas áreas disciplinares que as estudam, conduz à verificação de que, materialmente, o progresso é evidente, para o bem e para o mal e sempre, apesar de tudo, desejável.
Uma realidade, porém, existe que continua difícil estudá-la, encontrar-lhe a fórmula para eliminar as situações que, todo o ser humano vive, algumas vezes durante a vida biológica.
A realidade espiritual não pode ser ignorada, seja qual for a designação que se lhe queira atribuir: alma, espírito, consciência, sobrenatural, transcendência, divindade, ente inefável, ou quaisquer outras.
 Uma certeza, todavia, existe: há períodos, dias e momentos, mais ou menos longos, em que o indivíduo se sente angustiado, receoso, insatisfeito, triste, sofredor e tantos outros sintomas inexplicáveis. Como e porque acontecem estas situações, são interrogações que se colocam, com relativa frequência e angustiadamente.
E se em alguma delas, uma ou outra disciplina, da área científica, procura explicar e até resolver, como é o caso da Psicologia, numa ou noutra circunstância a Psiquiatria, a Antropologia e outros domínios do conhecimento especializado, noutras situações, de natureza não-física da pessoa, no que respeita a determinados quadros, quase sempre incompreensíveis e recusados pela ciência positiva, aqui os recursos disponíveis para diagnosticar e solucionar tais quadros, remetem para práticas de natureza esotérica, mística e, já ao nível da divindade, endeusada ou diabolizada.
Nesta imensa amplitude e diversidade em que se movimenta a humanidade: entre as dimensões física e a espiritual; entre a pessoa material e o ente imaterial; entre os factos e as situações concretas, identificáveis e quantificáveis e os acontecimentos inexplicáveis, que afectam o bem-estar físico-material do indivíduo; entre as ciências, técnicas e tecnologias, que estudam a dimensão física, as práticas e rituais esotéricos e intimistas, que analisam a dimensão imaterial; surge uma alternativa, intermédia, conciliadora e estimulante para tentar enfrentar, compreender e amenizar certas situações que provocam, periodicamente, um certo mal-estar interior, quase sempre inexplicável, pelo menos à luz do senso-comum: A Filosofia.
Não se trata de nenhuma fórmula química, nem mística, nem tão pouco divina. Trata-se de um longo, tranquilo e acessível processo, vulgarmente denominado por Reflexão Disciplinada e Rigorosa, a partir de uma metodologia de estudo, de biografias de autores, obras e casos concretos, no âmbito da Filosofia e suas disciplinas coadjuvantes: ética, moral, lógica, epistemologia, religião, política, bem como todo um conjunto de ciências, conhecimentos e técnicas, analisadas na perspectiva filosófica.
O bem-estar geral da pessoa humana passa, também, pelo bem-estar interior, justamente, por via da reflexão filosófica disciplinada e rigorosa.  

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Portugal: http://www.caminha2000.com/ (Link Cidadania)

domingo, 19 de junho de 2011

Filosofia: Árvore da Sabedoria?

Abordar a Filosofia como uma “ciência” estruturada, sistematizada, sincrónica ou diacronicamente considerada, nos dias de hoje, é uma tarefa praticamente impossível. Ao longo dos séculos e dos milénios, a “mãe de todas as ciências”, o “refúgio da sabedoria” ou quaisquer outros qualificativos que se lhe queira aplicar, têm vindo a ser atribuídos à Filosofia, para o bem e para o mal: analisada, estruturada, debatida, rejeitada, aplaudida.
Contudo, o seu estatuto, não pode deixar de ser altamente valorizado, num mundo que tende a globalizar-se, que resvala para as tecnocracias desumanas e para o materialismo insensível aos dramas da Humanidade e pelo respeito aos mais elementares Direitos Humanos.
Nesta fase da vida etária, cívica, académica e profissional, do autor deste trabalho, cumpre, como eternamente aprendiz de filósofo, lançar um grito de “revolta pacífica”. Tem sido preocupante a situação para a qual os detractores dos valores humanos quiseram levar a Filosofia.
Procuraram esvaziá-la dos seus conteúdos mais nobres e vitais para a sociedade humana e desviá-la dos seus objectivos primordiais que, afinal, fundamentam, categoricamente, os mais importantes e imprescindíveis valores humanos, plasmados nos documentos internacionais, sobre a problemática dos direitos do homem e do cidadão. Questões como:
a) Filosofia, enquanto “ciência do pensamento estratégico” sobre a situação do homem, nas suas mais profundas interrogações: Quem somos? O que queremos? Para onde vamos?
b) Educação, como caminho a percorrer, ao longo desta vida terrena, principal meio para o homem se perspectivar numa dimensão superior, enquanto ser dos seres naturais, concebido à imagem e semelhança do seu Criador?
 c) Direitos Humanos, como valores inquestionáveis, delimitadores de toda a praxis humana, na vertente relacional do homem para com o seu semelhante, mas também do homem para com a natureza animada, inanimada e divina?
 d) E a Ciência, o que nos pode dizer acerca da situação do homem, face aos inúmeros, complexos e velhos problemas que afligem a humanidade? A positividade científica, como deve ela colocar-se ao serviço do bem, da virtude, da paz?
A cumplicidade e solidariedade que devem existir entre a Filosofia, a Ciência e a Educação para os Direitos Humanos, serão, pois, nesta breve reflexão, o assunto que se tentará desenvolver de uma forma muito singela, recorrendo, naturalmente, a algumas ilustres personalidades da área filosófica e a uma outra obra, ou a uma outra teoria.
Confessadamente, e desde já, será difícil sustentar uma apologia incondicional do acumular de teorias, sem a passagem à prática das que possam, efectivamente, contribuir para a melhor formação do homem e da sua qualidade de vida.
Por isso, entende-se que o filósofo deve ser mais interventivo na vida concreta, real, quotidiana das pessoas, actuando no terreno, saindo um pouco mais das universidades e das bibliotecas. A partir de uma abertura descomplexada, o filósofo terá, certamente, uma nova importância e o estatuto da Filosofia será, seguramente, valorizado como é da mais elementar justiça.
Para alguém se atrever a uma tentativa de definição de Filosofia, terá, no mínimo, de reunir várias qualidades/condições: sabedoria, experiência, maturidade e humildade. Reconheçamos que não congregamos todas aquelas faculdades (ou qualidades), todavia, não deixaremos, como sempre temos feito ao longo da vida, de recorrer às personagens que julgamos poderem dar satisfação a tão antiga quanto profunda interrogação: O que é, afinal, a Filosofia?
Nós não sabemos, mas, defendemos que se trata de um saber prudente, cada vez mais necessário e insubstituível para a resolução dos problemas e dos conflitos que atormentam a humanidade. Sabe a pouco esta ideia, mas não somos capazes de outra mais esclarecedora e convincente.

Bibliografia

BÁRTOLO, Diamantino Lourenço Rodrigues de, (2002). “Silvestre Pinheiro Ferreira: Paladino dos Direitos Humanos no Espaço Luso-Brasileiro” Dissertação de Mestrado, Braga: Universidade do Minho, Lisboa: Biblioteca Nacional, CDU: 1Ferreira, Silvestre Pinheiro (043), 342.7 (043).
BARTOLO, Diamantino Lourenço Rodrigues de, (2009). Filosofia Social e Política, Especialização: Cidadania Luso-Brasileira, Direitos Humanos e Relações Interpessoais, Tese de Doutoramento, Bahia/Brasil: FATECTA – Faculdade Teológica e Cultural da Bahia.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Portugal: http://www.caminha2000.com/ (Link Cidadania)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Ética dos Valores nas Relações Humanas

Enquanto valor absoluto, provavelmente, a Ética não existirá, desde logo porque a pessoa humana continua a sua construção ao longo da vida e sabe que é um ser inacabado, imperfeito. A dinâmica da sua vivência leva-a a descobrir novas formas de melhorar comportamentos, tomar decisões que, depois, tenta aplicar no espaço e no tempo.
A sua grande capacidade de mobilidade e flexibilidade, resultará em grandes avanços para a própria harmonia entre os seus pares, porém, sem nunca perder a sua dignidade e a exigência de reciprocidade que deve existir no relacionamento entre as pessoas, nas diversas situações da vida.
O relacionamento pessoal, entre pessoas que se respeitam, deve, desde logo, incluir a verdade porque esta também significa lealdade. É certo que, para determinadas pessoas, e em certas circunstâncias, a mentira parece ajudar a resolver certos problemas, porém, mais tarde ou mais cedo, ninguém pode prever as consequências, de resto: “Numa pesquisa realizada na Alemanha, a grande maioria dos pesquisados, achava que – mentir em assuntos menos importantes para proteger a si ou a outros é permissível e até mesmo necessário para que as pessoas se possam dar bem -. Um jornalista escreveu: falar a verdade, somente a verdade, todo o tempo é louvável, mas enfadonho.” (Testemunhas de Jeová, 2007: 3)
Naturalmente que a verdade gera a confiança. As relações pessoais entre duas ou mais pessoas, devem criar, em cada uma delas, um sentimento de confiança, que conduz a uma total abertura, ao ponto de toda e qualquer dificuldade, problema, alegria ou tristeza, doença ou saúde, êxito ou fracasso: pessoal, social e profissional, dever ser transmitido à outra parte, entretanto transformada em amiga/o, sincero, leal, verdadeiro.
Assim poder-se-ia aplicar o princípio segundo o qual: “O amor ao próximo nos motiva a buscar o bem-estar das pessoas, a não abusar da sua confiança. Esse princípio poderia acabar com as várias formas de exploração humana, estimuladas pela ganância. (Testemunhas Jeová, 2010:5)
Um outro valor que é essencial nas relações humanas é a lealdade. Na verdade, este grande valor estará presente em muitas das circunstâncias da vida humana: no casamento, no trabalho, nos meios sociais, entre amigos que de facto o são. Interessa aqui, porque normalmente é pouco focada, destacar a lealdade como fundamental para a amizade, porque: “Um amigo não é apenas um conhecido. Temos muitos conhecidos – vizinhos, colegas (…). Mas a verdadeira amizade requer que se invista tempo, energia e dedicação. É uma honra ser amigo de alguém. Amizades trazem não só benefícios, mas também responsabilidades.” Testemunhas Jeová, 2005:6)
As relações pessoais, como se pode verificar, serão muito mais facilitadas e enriquecedoras quando este valor é incluído nelas. A amizade poderá ser fácil de se obter: por simpatia, por necessidade, por uma circunstância inesperada da vida, nas relações de trabalho, mas reforçá-la, mantê-la cada vez mais dinâmica, parece bem mais difícil para a maioria das pessoas. Só com muita determinação e uma sincera cumplicidade isso será possível.
O relacionamento entre amigos verdadeiros implica, entre eles, uma lealdade sem limites, porque é necessário que confiem um no outro. Não pode existir amizade sem um verdadeiro sentimento de “Amor-de-Amigo”, isto é, os amigos nutrem um pelo outro mais do que uma simples amizade circunstancial, resultante de uma qualquer situação limitada pelo tempo e pelo espaço, porque: ” A “Lealdade é essencial para a amizade. Um ato de deslealdade, por outro lado, pode acabar com um relacionamento de longa data. É comum que os amigos se consultem um ao outro, mesmo em assuntos confidenciais. Os amigos vão falar o que tiverem no coração sem temer ser menosprezados ou ter a confiança traída (…) o verdadeiro companheiro está amando todo o tempo e é um irmão nascido para quando há aflição.” Testemunhas Jeová, 2005:6).
Considera-se de fundamental importância, para um bom relacionamento pessoal, mais do que um valor, uma virtude, trata-se da Humildade, que parece estar afastada de muitas “boas” mentes, eventualmente por um qualquer complexo, talvez de vergonha, ou até por ser conotada a uma atitude ou comportamento persistente de “fraqueza” de quem a possui porque: “Ser humilde não significa que a pessoa não tenha habilidades ou não tenha conseguido nada na vida (…). A humildade envolve não ter orgulho, nem arrogância (…) uma mente humilde é o resultado de uma avaliação realista de nós mesmos – das nossas virtudes e fraquezas, das nossas vitórias e derrotas (…) sem dúvida, cultivar a humildade mental é uma excelente maneira de manter boas relações com os outros. Ela pode nos ajudar a enfrentar os desafios de um mundo egoísta e competitivo (…) O orgulho vem antes da derrocada e o espírito soberbo antes do tropeço.” (Testemunhas Jeová, 2007: 4-7).
 A Ética enquanto valor universal que baliza e reflecte sobre os comportamentos das pessoas, independentemente do contexto (embora e também no quadro profissional que, aqui, ao assumir um conjunto de deveres se designará por Deontologia) é essencial às boas relações, sejam estas pessoais, profissionais, sociais, políticas ou de qualquer outra natureza. 
Uma Ética não individualista e egocêntrica, mas uma Ética para todos e com todos: “A Ética não pode ser nem simples reflexo da consciência individual, nem o produto (ou resultado) de cálculo utilitarista, de prazeres ou dores (de contentes e descontentes). A Ética tem de ver com homens de carne e osso, com bens reais e com normas possuidoras de fundamento objectivo, que são válidas para todos, ainda que nem sempre se consiga chegar a um acordo explícito.” (MOREIRA, 1999:49)
A preocupação Ética nas relações pessoais, deve, portanto, ser uma inquietação de todos, de tal modo que (sem a confundir com a amizade, porque esta constitui um valor sentimental, não materialista) possa ter sempre consequências práticas, designadamente no comportamento individual, grupal e societário. Uma sociedade eticamente bem formada, nunca será atingida pela conflitualidade agressiva e/ou violenta.
De igual forma, uma família, uma empresa ou, simplesmente dois amigos, quando utilizam um comportamento ético, com todos os valores que a Ética comporta: Lealdade, Solidariedade, Carácter, Assertividade, Transparência, enfim, Verdade, o relacionamento interpessoal será melhor.
As sociedades contemporâneas vivem um período muito complexo. As dificuldades são imensas, as pessoas encontram-se, quantas vezes, como que perdidas e, neste labirinto de situações incertas, reagem de formas diferentes, quer individual, quer grupalmente. Os comportamentos atingem, compreensivelmente (o que não significa aceitavelmente) os limites do racional, ultrapassando as barreiras do bem e de outros valores civilizacionais.
As relações interpessoais devem, portanto, incorporar, como pressuposto insubstituível, a dimensão Ética, aqui considerada como: “O referencial do acto ou comportamento ético, é o Bem, o Correcto, o Certo. Qualquer destes termos é utilizado para desempenhar esta função, na língua portuguesa de uso corrente (…) Comportamentos que realizam objectivos próprios do homem, no seio de uma sociedade concreta. Cada homem é responsável pelos seus actos e pelo seu comportamento. É assim em sociedades que aceitam o princípio da liberdade.” (PATRÍCIO, 1993:140)
O comportamento ético implica autonomia para, “face ao outro”, agir com responsabilidade e objectividade, de forma a prever, antecipadamente, tanto quanto possível, as consequências que daí possam resultar. As relações pessoais com Ética, numa sociedade de valores, como a democracia, a cidadania, a liberdade, postulam uma aprendizagem.
Os valores não se adquirem pela via genética, na medida em que: “Sendo a pessoa o sujeito e fim da sociedade, tudo deve estar orientado para o aperfeiçoamento das suas faculdades. Isto implica a educação do homem para que no exercício de seus deveres e direitos, proceda por decisões pessoais, fruto da própria convicção, da própria iniciativa, do próprio sentido de responsabilidade, mais que por coação, pressão ou qualquer outra forma de imposição externa.” (GALACHE-GINER-ARANZADI, 1969:18)
Uma Ética para as relações humanas passa, necessariamente, por valores que suportam os comportamentos correctos, objectivos, bons. O mundo, excessivamente materializado, em que se vive actualmente, não engrandece os velhos, mas ainda não superados valores: “Pena que a vida moderna não favoreça a existência da figura do filósofo, cuja espécie parece extinta. O mundo tem ganho em desenvolvimento científico e tecnológico, mas não tanto em sabedoria (não confundir com cultural geral). Existem muitos pensadores, mas não sábios como os do tempo da velha Grécia. Filosofia e Arte, são, talvez, os únicos aspectos do conhecimento em que o mundo moderno não superou o antigo.” (RESENDE, 2000:85). É, portanto, no conhecimento filosófico, de que a Ética é parte integrante e insubstituível, que também se pode buscar um quinhão para um comportamento correcto.

Bibliografia

BÁRTOLO, Diamantino Lourenço Rodrigues de, (2002). “Silvestre Pinheiro Ferreira: Paladino dos Direitos Humanos no Espaço Luso-Brasileiro” Dissertação de Mestrado, Braga: Universidade do Minho, Lisboa: Biblioteca Nacional, CDU: 1Ferreira, Silvestre Pinheiro (043), 342.7 (043).
BARTOLO, Diamantino Lourenço Rodrigues de, (2009). Filosofia Social e Política, Especialização: Cidadania Luso-Brasileira, Direitos Humanos e Relações Interpessoais, Tese de Doutoramento, Bahia/Brasil: FATECTA – Faculdade Teológica e Cultural da Bahia: GALACHE – GINER – ARANZADI, (1969). Uma Escola Social. 17ª Edição. São Paulo: Edições Loyola
JEOVÁ, Testemunhas, (2005) Os Benefícios de Ser Leal, in “A Sentinela”, Brasil, 1º Setembro 2005.  
JEOVÁ, Testemunhas, (2007). Falar a Verdade é só para os Outros?, in “A Sentinela”  Brasil, 1º Fevereiro 2007 
JEOVÁ, Testemunhas, (2007:6) Revesti-vos de Humildade Mental, in “A Sentinela”, Brasil, 1º Setembro 2007.  
JEOVÁ, Testemunhas, (2010). Uma Crise de Confiança Geral, in “A Sentinela”, Brasil, 1º Outubro 2010. 
MOREIRA, José Manuel, (1999). A Contas com a Ética Empresarial, 1ª. Ed., S. João do Estoril-Cascais: Principia, Publicações Universitárias e Científicas, Apud Alexandre Herculano, (1853) “A Descentralização”, em O Portuguez, de 8 de Junho de 1853.
PATRÍCIO, Manuel, (1993). Lições de Axiologia Educacional. Lisboa: Universidade Aberta
RESENDE, Enio, (2000). O Livro das Competências. Desenvolvimento das Competências: A melhor Auto-Ajuda para Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
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Quando um Homem Chora

O título da reflexão presta-se, perfeitamente, a uma pergunta que se pode colocar a qualquer pessoa. Analisada a epígrafe, sem mais pontuação, pode conduzir a várias interpretações, algumas das quais a que se pretende ligar a uma fraqueza do género masculino, segundo a qual: “Chorar é próprio das mulheres”. Várias são as circunstâncias que, tal como na mulher, também levam um homem a chorar.
Se se der por adquirido, que as mulheres choram mais facilmente do que os homens, significaria isso que elas são mais sensíveis, mais sentimentais e mais vulneráveis? Neste caso as mulheres quando choram, constituem a regra e os homens a excepção?
É verdade que se ouvem muitos homens a dizer que não choram, que por isso mesmo são fortes, que não são piegas, que não se comovem facilmente. Será que tais homens não têm sentimentos, (se bem que o não chorar não significa, necessariamente, falta de sentimentos), mesmo em situações-limite ou é apenas uma “capa” de pseudo-virilidade?
Pensa-se que, cada vez menos, o homem não deve ser excepção, mas, pelo contrário, integrando a regra. De resto, aceito sem quaisquer complexos que chorar pode significar um forte sinal de emoção, de sensibilidade, de alegria, de tristeza, em circunstâncias bem definidas.
Naturalmente que pelo facto de um homem chorar, perante uma determinada situação da sua vida, ou em face de grandes acontecimentos e outro não ter igual comportamento, isso não significará que um tem sentimentos e o outro é insensível. Cada pessoa reage de forma diferente a acontecimentos idênticos.
A sociedade preconceituosa ainda ridiculariza o homem que chora, pelo menos quando não conhece os motivos que o levam a chorar (praticamente, exceptuam-se aqui a morte de um ente querido, a doença grave de um familiar ou de uma amigo, a perda de emprego, a indiferença de um amigo que se considerava leal ou atitudes que magoam e humilham, entre outras situações).
Mas o homem também tem sido culpado no alimentar tal preconceito, na medida em que ele foge à exposição pública do choro e, quantas vezes, chora às escondidas, em privado, porque tal comportamento lhe tem sido incutido por uma cultura machista, ou seja, “um homem que chora, é fraco
A inexistência de estudos científicos sobre a fundamentação que explica as razões do homem chorar, para além das abordagens empíricas, deixa margem para diversas interpretações, umas favoráveis, no sentido de que ao homem se reconhece iguais razões para chorar, tal como à mulher; outras que apontam a mulher como mais vulnerável ao choro, desde logo pelo sua constituição maternal.
A dimensão sentimental na mulher e no homem não pode ser quantificável em função do género, de maior ou menor sensibilidade, respectivamente. Mulher e homem fazem parte de um todo que se conjuga em plenitude, que ambos sofrem e se alegram nas diversas situações da vida, aliás: “Ante as lágrimas de um homem, toda e qualquer mulher é mãe, aninhando no seu ventre aquele que, ao chorar, transforma-se em doce e indefeso menino” (Autor Desconhecido)
Considero que chorar é uma reacção muito sentida, algo que nos atormenta ou nos alegra. Em qualquer das situações, é a expressão máxima de sentimentos, que ultrapassam, quase sempre, a racionalidade de uma sociedade preconceituosa, egoísta e materialista. Aceito a máxima, segundo a qual: “Razão sem sentimento poderá ser fria; sentimento sem razão, é cego.”
Quem ridiculariza um homem que chora, pode revelar desde logo ser uma pessoa insensível, auto-convencida de possuir valores exclusivos do seu próprio género (feminino ou masculino) e não universais, demonstrará ser uma pessoa incapaz de compreender situações e problemas alheios, uma pessoa que, pretensiosamente, deseja enquadrar-se num determinado grupo que eu diria “pseudo-estóico” A família, a comunidade e o mundo, poderão dispensar pessoas com tais características.
O homem que chora, que vive sentimentos próprios e sente no espírito a dor, as emoções alheias, os problemas, que reconhece a sua incapacidade, momentânea, para os resolver, ou que depois de resolvidos se emociona e chora, demonstra que está no caminho certo, porque: “o pranto de um homem revela que a emoção, implacável, rompe as comportas do machismo e desce então em incontroláveis correrias.” (CLEITON J., in http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20090517112949AAFysZ2, consultado em 11.06.2011)  
Ao longo da vida e com o decorrer desta, naquela idade mais experiente, mais prudente, e mais sábia, as emoções são mais fortes, porque olhando-se para trás, verifica-se que muitas situações ficaram por resolver ou foram mal resolvidas e, perspectivando-se o futuro, conclui-se que o tempo disponível será cada vez menos.
A angústia aperta, a emoção como que nos sufoca e o choro é inevitável. Na verdade, concordo que  “só um homem verdadeiro poderá mostrar suas emoções. Não vejo nada de errado quando um homem chorar. Ele está mostrando seus sentimentos interiores.”
Os caminhos da vida levam muitas vezes a situações verdadeiramente incontroláveis, onde as mais diversas e inacreditáveis situações surgem, sem que, num determinado período de tempo e espaço definido, seja possível encontrar uma solução.
Aqui, os alegados “amigos” não comparecem, mas os verdadeiros, aqueles que sentem por nós um sincero “Amor-de-Amigo” são os que, realmente, nos ajudam, com o que têm e o que não têm. Com estes amigos, sejam homens ou mulheres, então: “Se o homem chorar perante um amigo, o momento é solene e é segredo. Só os verdadeiros amigos podem contemplar as lágrimas de um homem.” (Salomé, in http://www.tipos.com.br/areas/salome/blog/2007/02/08/quando-o-homem-chora-1268720/, consultado 11.06.11)
Se é certo que chorar faz bem, enquanto alívio para as mágoas, não é menos verdade que o homem, enquanto pessoa, dotada de sentimentos, igualmente e tal como na mulher se entristece, sente bem fundo na sua consciência, alma ou espírito, as palavras, atitudes e os comportamentos que lhe são dirigidos e, tanto mais magoam quanto maior é a amizade de quem as provoca.
É verdade que em muitas circunstâncias o homem não chorará em público, uma vezes por vergonha, outras porque consegue reprimir o choro, todavia, quando a tristeza é bem profunda, quando a dor é muito intensa, ele acaba por manifestar essa dimensão, tão nobre quanto outra igualmente sublime.
Um homem que pode chorar, é um homem que não tem medo de saber o que sente. Um homem que pode chorar é um homem que pode se atrever a mostrar o que sente. Um homem que pode chorar sabe que os sentimentos vêm em tez mais clara e escura. Um homem que pode chorar é um homem que reconhece a sua própria vulnerabilidade.” (CHODRON, 2007)
O homem não é mais forte nem mais fraco do que a mulher, apenas poderá reagir de forma diferente, seja em circunstâncias iguais ou diversas. Considero muito digno que o homem chore quando não consegue reprimir certos sentimentos e os revela através do choro e muito lindo quando nesta convulsão é assistido, consolado e fortalecido por uma mulher: seja esposa, amiga, colega. O contrário é igualmente maravilhoso.
Portanto, quando um homem chora, ele está a revelar emoções e sentimentos bem profundos: sejam de gratidão, de amor, de amizade não correspondida, num contexto de “amor-de-amigo”, de ausência de carinho, de atenção, de indiferença e/ou afastamento do amigo, de actos que magoam e humilham, de preocupações que ainda não conseguiu superar, de incapacidade para resolver certos problemas, mas que na verdade, até podem não constituir qualquer vergonha, bem pelo contrário.
Quando um homem chora, algo de extraordinário estará a ocorrer na sua vida. O, aparentemente, simples facto de chorar, por si só, já constitui uma reacção de grandeza, de nobreza de carácter, de humildade e, quantas vezes, de exposição sentimental.
A vida sem sentimentos, sem emoções, sem amizades autênticas e leais, sem cumplicidades, atitudes carinhosas, sem princípios e valores, enfim, sem as relações que simbolizam o verdadeiro “amor-de-amigo”, provavelmente não teria sentido.
Uma vida vazia de sentimentos, excessivamente racional, materialista, calculista e indiferente à amizade, à lealdade, à gratidão, à humildade e à cumplicidade com o amigo, aos sucessos e fracassos do amigo, será, eventualmente, uma vida sofrida, isolada, não partilhada, insegura.  
Por isso, quando um homem chora é bom, porque também revela, justamente, a sua grandeza de alma, a sua dimensão humana, a sua entrega a uma causa, de alegria ou de tristeza, sente e vive no mais “fundo do seu coração” uma determinada situação, com a qual está solidário.

Bibliografia

CHODRON, Pema, (2007). Quando Tudo se Desfaz. Palavras de coragem para tempos difíceis. Trad. Maria Augusta Júdice. Porto: ASA editores.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Portugal: http://www.caminha2000.com/ (Link Cidadania)

domingo, 5 de junho de 2011

Amor e Tolerância no Matrimónio


A complexidade da vida moderna, face às diversas exigências que ela coloca, vem atingindo, de forma mais ou menos acentuada, todas as pessoas, quer ao nível individual, quer no contexto das próprias famílias. Vários são os factores que contribuem para uma certa instabilidade em muitos casais: falta de emprego, rendimentos insuficientes, horários incompatíveis com a reunião da família às refeições e para o convívívio dos cônjuges com os seus filhos.
As dificuldades, as incertezas  quanto ao futuro, a impossibilidade de abandonar um emprego, podem conduzir, caso não se lute até às últimas boas consequências, à ruptura matrimonial.
O casal deve, portanto, ancorar-se na compreensão, no bom-senso, na cedência mútua de certos procedimentos, hábitos e outras ocupações, com dignidade, porque, indiscutivelmente,  vale mais a felicidade de um amor sincero e recíproco do que determinadas actividades, quantas vezes efêmeras, que até podem proporcionar convívios alegadamente alegres, com pessoas ditas interessantes que, porém, em alguns casos, apenas se preparam para uma intromissão na vida íntima do casal e daí retirar algum “proveito”.
Naturalmente que não se defende nesta reflexão uma vida de clausura, para todas as pessoas e muito menos para os casais, todavia, estes devem usufruir, em privado, de todo o amor que os une e, nesta situação, colocarem-se, reciprocamente, todas as dúvidas que os atormentam e poderem encontrar as soluções salvíficas do matrimónio, que satisfaçam a ambos os cônjuges e, havendo filhos, que possam contribuir para que estes, no futuro, tenham orgulho dos próprios pais.
A vida de um casal não é fácil, em todas as fases do matrimónio, independentemente do tempo decorrido nesta qualidade. Sempre existem situações novas, provocadas pela própria sociedade, da alteração de muitos dos seus valores, do exercício da actividade profissional, dos relacionamentos interpessoais, das amizades que se estabelecem, algumas destas com fins inconfessáveis. Compreender e articular todos estes factores exige grande capacidade de adaptação, de confiança entre os cônjuges, de flexibilidade de posições e, acima de tudo, de um maior reforço do amor que os une.
A família tem, portanto, o significado mais importante e dignificante para qualquer sociedade, por muito moderna e liberarl que esta seja. A família constituida pelos cônjuges e pelos filhos. 
Tudo o que o casal fizer por esta união nunca será excessivo, porque segundo GALACHE-GINER-ARANZADI, (1969:246): “O filho encarna o amor do pai e da mãe. Ele projecta ao exterior o amor íntimo e secreto dos esposos. A preesença dos filhos é o que vivifica o verdadeiro matrimónio, aumenta o amor dos esposos e oferece um nvo motivo para a união, é o sacrifício generoso. A debilidade da criança que necessita dos cuidados dos pais, precisa da colaboração, da estabilidade e da união do lar para seu pleno desenvolvimento.”
Resulta da citação anterior que os superiores interesses da criança têm de estar sempre em primeiro lugar, que devem ser esgotadas todas as alternativas até se consumar a separação dos pais, se outra solução não houver.
Os progenitores, certamente, enqanto pessoas que se amam, que consideram a família como um valor supremo e a preservar, tudo farão para evitar o desenlace, pelo menos por processos violentos que deixarão estigmas indeléveis na criança. Em todo o caso, esta deverá ter sempre a possibilidade de conviver com os pais biológicos, em condições a acertar, preferencialmente, pelos cônjuges.
Obviamente que não se defende nesta reflexão, nem em nenhuma circunstância, uma vida conjugal de permanente conflito entre os cônjuges, em que os filhos vão presenciado as desavenças dos pais, como não se aceita a permanente desconfiança, como não se tolera quaisquer tipos de violências e muito menos a subordinação de um dos cônjuges ao outro. A igualdade, a harmonia, a educação, o respeito e o amor são, entre outros, valores constituintes da felicidade do casal e da alegria e orgulho dos filhos.
É certo que os compromissos profissionais, por vezes, não facilitam a reunião da família por muito tempo, mas também é verdade que, em algumas circunstâncias, surgem outros “afazeres”, ditos sociais, políticos, culturais, que tomam imenso tempo e que, em alguns casos, se podiam dispensar, tudo em benefício da união da família.
Parece que a opção de dispensa de tais actividades não será nada difícil, principalmente para quem ama a família e os verdadeiros amigos. Família constituida pelos laços do amor e amigos verdadeiros, unidos pela lealdade e honestidade, poderão ser o sucesso para a felicidade.
Valerá mais uma hora com a família e com os verdadeiros amigos do que uma semana com com outras pessoas, situações e interesses, quando, verdadeiramente, se ama e se quer bem à família e aos amigos sinceros, leais, carinhosos e cúmplices, aqui no sentido da confidencialidade das situações de vida.
É nos tempos de crise familiar que, havendo amigos verdadeiros, aqueles que se sabe que estão do lado de quem  precisa, aqueles que vivem e sentem bem sinceramente o “amor-de-amigo, se pode pedir auxílio, porque eles não o vão negar, porque estarão, voluntariamente, disponíveis para ajudar.
 É este amigo leal que guarda, secretamente, as confidências de uma família ou de um dos seus cônjuges em dificuldade. Então, para salvar o casamento e antes de qualquer decisão “fatal” recorra-se a mais esta “alternativa” e quem sabe se o tal amigo sincero e leal não será como que mais uma “tábua de salvação”.
Muito embora se viva num mundo cada vez mais individualizado, egocêntrico e materialista, e isto é uma realidade que não se pode escamotear, a luta para manter famílias nucleares unidas parece ser um bom caminho na perpsectiva de TORRE, (1983:197), segundo o qual: “A família, hoje, é mais um centro de vida afectiva e moral.” e, ao contrário do que se verificava no passado, eles, os cônjuges, estarão ao lado um do outro, tanto nos bons como nos maus momentos, ambos participarão em tudo o que respeita à administração económica do lar, na educação dos filhos, dando e recebendo amor, carinho e feliccidade. Só assim poderá o casal encontrar o equilíbrio e a felicidade familiar.
Compete, por isso mesmo, ao casal fazer todos os esforços para preservar e, se possível, aumentar a sua felicidade e a dos seus filhos. Não basta desfrutar de muitos bens materiais, de muitas diversões, de actividades sociais, de relacionamentos casuísticos que, às vezes, provocam a derrocada do natrimónio e, também, não se pode garantir que sejam seguras  quaisquer outras “amizades  circunstanciais”, alguns relacionamentos profissionais e de lazer temporários.
É preciso receber-se provas frequentes, dir-se-ia, diárias, dos amigos incondicionais, leais, de que estão inequivocamente com os interesses do casal, e do amigo, para com eles desabafar, confiantemente, todos os problemas da vida, que sejam verdadeiros confidentes, que ajudem a enocntrar as melhores soluções, no mais completo sigilo.
Esqueçam-se, para os casais que verdadeiramente se amam, aqueles contactos duvidosos que, por detrás deles, podem estar algumas estratégias extremamente perigosas, tanto para o homem como para a mulher, quando indefesos e/ou agem de boa-fé. 
Os estrategas das “oportunidades”, os “abutres” da desgraça alheia,  os “galãs” das fragilidades humanas, possuem valores diferentes, eventualmente, desvalorizam a família e podem conduzir algum dos cônjuges a situações de que não mais se livram,  levando à miséria do casal, com consequências nefastas para os filhos, que não têm culpa de nada. De resto, as iniciativas predadoras para o casal, tanto podem partir de um homem como de uma mulher.
A felicidade do matrimónio é um bem que deve ser bem guardado, bem usufruido e sempre alimentado pelo casal. Segundo RESENDE, (2000:176): “Ser feliz é o objectivo principal de todas as pessoas. E a felicidade é obtida em pequenas doses, como resultante de seus esforços, da efecftivaçao prática de suas aspriações, da sua capacidade de resolver problemas, para adaptar-se à vida, e da sua capacidade, também, de saber usufruir dos seus recursos pessoais (…) será feliz do ponto de vista quantitativo, quem tiver maior quantidade e duração de momentos de felicidade (…) qualitativamente falando, ser feliz é (…) sentir-se valorizado, aceito e amado.”
Se dificuldades inultrapassáveis não existirem, é dever dos cônjuges lutarem pela sua felicidade, amarem-se até ao limite possivel com este sentimento sublime, ultrapassarem divergências de comportamentos, de pontos de vista, consensualizerem todos os aspectos em discussão e daí construirem um novo modelo de vida matrimonial.
Hoje pode dizer-se que o amor, seja no contexto do casamento, seja no âmbito do “amor-de-amigo”, seja no quadro mais vasto da humanidade, amores distintos, evidentemente, tudo pode resolver. Sem amor, tudo é muito difícil, por isso se apela a que se lute pelo amor.
Este nobre sentimento, talvez o mais sublime e dignificante de todos, que tudo perdoa, que conduz à felicidade suprema, deve ser cultivado no seio das familias e por ele tudo se deve fazer, até se esgotarem todas as possibilidades para o manter bem vivo, no coração dos que se amam, também dos verdadeiros amigos e da humanidade em geral É, também, um valor para as crianças adoptarem bem cedo nas suas vidas. Mas o exercício prático, sincero e de dádiva recíproca deste amor, deve partir do casal.
Lutar pela manutençao digna e amorosa do casamento é um acto de grande humildade mas também de uma imensa generosidade. Lutar para reconquistar um amor quase perdido é uma atitude corajosa, reveladora de quem ainda ama um ente que já foi muito querido e que, por circunstânstâncias da vida, se estaria prestes a perder. Lutar pela defesa dos filhos para que possam ser acompanhados pelos pais é, no mínimo, um acto de amor supremo e um dever legal. Lutar pela felicidade, baseada num grande amor dos esposos é a maior conquista que estes, enquanto tais, podem alcançar nesta vida.
Também não se pode ignorar a importância e influência da amizade sincera, límpida e  generosa dos verdadeiros amigos que, imediatamente a seguir ao amor do casal, é fundamental e que, de alguma forma, ajuda a consolidar a união dos cônjuges, quando os amigos se comportam com respeito, com solidariedade, com um verdadeiro “Amor-de-Amigo”.
Todos os casais podem (e/ou devem) ter pelo menos um amigo, para se poderem apoaiar nos momentos de crise. Para além dos cônjuges que se amam, nada melhor do que um/a bom/a amigo/a, por isso é preciso ter muita cautela com os amigos que se escolhem ou daqueles que se querem fazer de amigos.
São necessárias muitas provas, diariamente manifestadas, para se acreditar e confiar nesse amigo. É nos pequenos gestos, nas palavaras simples, nas pequenas coisas, na simplicidade dos actos e na humildade de um relacionamento carinhoso, inocente e nobre que os verdadeiros amigos se revelam.

Bibliografia

GALACHE – GINER – ARANZADI, (1969). Uma Escola Social. 17ª Edição. São Paulo: Edições Loyola
RESENDE, Enio, (2000). O Livro das Competências. Desenvolvimento das Competências: A melhor Auto-Ajuda para Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark
TORRE, Della, (1983). O Homem e a Sociedade. Uma Introdução à Sociologia. 11ª Edição. São Paulo: Companhia Editora Nacional

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Portugal: http://www.caminha2000.com/ (Link Cidadania)