domingo, 30 de outubro de 2011

Axiologia: Fonte da Sabedoria

O percurso terrestre corresponde a uma vida humana biológica que, segundo as últimas perspectivas de esperança de vida, pode demorar 75 a 85/90 anos, ao longo dos quais são vivenciadas várias fases ou ciclos: criança, jovem, adulto e idoso, cada um com características próprias, objectivos definidos, embora nem sempre com total convicção e sólida sustentação, incluindo as mais que prováveis alterações bio-intelectuais e outras.
 Em todo o caso e por mais modificações que se introduzam, chegadas ao fim de cada ciclo, na maior parte dos casos, as pessoas não procederiam da mesma forma, nem todas estabeleceriam os mesmos objectivos e/ou desejariam todos os resultados, se lhes fosse possível começar tudo de novo. Há como que uma instabilidade permanente neste percurso, algo incerto, enigmático e por vezes perigoso. O risco voluntário, calculado ou inconsciente, é uma variável que não se domina em absoluto.
 Apesar de tudo, é preferível e aconselhável assumir-se um percurso de vida com objectivos intermédios, que poderiam ser divididos em três categorias: a) Metas, que é necessário vencer e ultrapassar; b) Alvos, que se ambiciona atingir e consolidar; c) Valores, que se querem alcançar, sem que jamais se consigam em absoluto, funcionando mais como estímulos, modos de vida, ideais de referência que iluminam o percurso, que simbolizam a perfeição, universais e supremos.
Como os valores absolutos, e toda e qualquer forma de perfeição, são inacessíveis ao ser humano, resta, de facto, lutar por um percurso moderado e, em função dos sucessos, aumentar a qualidade e quantidade dos objectivos, de tal forma que se possa ter sempre sob controlo, na medida do possível, o percurso que se traçou, já que surgem situações e imponderáveis que escapam às previsões racionais, científicas e técnicas de qualquer pessoa.
Esta prudência pode contribuir para uma vivência com sabedoria, com qualidade, harmonia e felicidade espiritual e material. Os projectos ambiciosos, à partida, aparentemente inalcançáveis, contêm, em si mesmos, um elevado risco que tanto pode conduzir ao sucesso como ao fracasso.
Trabalhar com estratégias de pequenos e seguros passos, subir a escada da vida degrau a degrau, iniciar um novo projecto quando o anterior foi alcançado, poderá significar outras tantas recomendações para todas as pessoas moderadamente ambiciosas.
Não é “pecado”, não é “crime”, não é “censurável” ter-se ambição, desde que os meios utilizados e fins a alcançar, não colidam com os legítimos interesses de terceiros, porque todos têm idêntica dignidade, independentemente do seu estatuto social e todos se movem num mundo em constante efervescência social, científica, técnica: “O mundo é o palco da odisseia humana! Cada um de nós representa o seu papel e, por humilde que seja, cada existência tem o seu significado. Estamos sempre crescendo e, certamente, nos serão confiados novos papéis, até nos tornarmos puros e sábios.” (Pires, 1999:132).
O percurso que cada pessoa terá pela sua frente apresentar-se-á, na maioria dos casos, como muito difícil, por vezes incompreensível para o próprio e inaceitável para os seus semelhantes, todavia, quaisquer que sejam os meios legítimos, os contornos, omissões ou separações, é sempre necessário percorrer um caminho que é traçado, projectado, exclusivamente, pelo interessado e/ou imposto por terceiros, ou em parceria, ou ainda porque é necessário percorrê-lo para se atingir um determinado bem e um objectivo específico.
Projectos, circunstâncias positivas e/ou negativas, recursos, imponderáveis, variantes, espaço e tempo, são algumas das condicionantes que é preciso ter em conta e só um bom propósito de vida ajuda a minimizar certos obstáculos.
Em certa medida, quando os propósitos de vida assentam nos axiomas axiológicos, o percurso poderá ser facilitado, quando pontuado de objectivos ético-morais que conduzam a um bem-estar espiritual a que se seguem os objectivos materiais, porque:”Conscientes da nossa individualidade, buscamos, muitas vezes, o conforto e a segurança nos bens materiais e procuramos a felicidade nos prazeres dos sentidos. Quanto mais possuímos, mais ansiosos nos tornaremos e, por fim, o nosso maior desejo acaba sendo reencontrar a felicidade perdida. Mas o conhecimento, uma vez ‘ingerido’ nunca mais pode ser ignorado. Desta forma só reencontrarão a paz do paraíso aqueles que conseguirem superar o egoísmo e a atracção exercida pelos valores materiais e, perdendo a consciência da própria individualidade, sentirem-se não apenas com todos os outros, mas com toda a natureza.” (Ibid. 133)
 A importância dos valores, como referenciais de uma vida assente em preocupações dignificantes da pessoa humana, é fundamental para o equilíbrio dos indivíduos, dos grupos, da sociedade. Por isso a axiologia se torna, cada vez mais, um imperativo categórico que deve passar à prática. Uma vida feita apenas de “materialismos”, poderá, mais cedo ou mais tarde, acabar numa existência entediante, gananciosa e avarenta.
Valores que põem em prática sentimentos nobres, mas que também defendem a pessoa de situações que afectam a sua dignidade pessoal, profissional, social e estatutária, naturalmente que são uma defesa legítima e que devem ser utilizados sempre que necessário.

Bibliografia

PIRES, Wanderley Ribeiro, (1999). Dos Reflexos à Reflexão. A Grande Transformação no Relacionamento Humano, Campinas: Editora Komedi.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Portugal: http://www.caminha2000.com/ (Link Cidadania)
http://www.webartigos.com/meus-artigos/?cache=4830

domingo, 23 de outubro de 2011

Educação Cívica para a Participação Coletiva

Construir a cidade educadora para a prosperidade, entenda-se a prosperidade no sentido da melhoria de vida, nos seus múltiplos aspectos, de uma determinada população. Prosperidade: axiológica, económica, material, relacional, ambiental, laboral, entre outras componentes para uma vida boa.
Trata-se de definir muito bem quais os problemas existentes, como formular as respectivas questões e, só depois, conceber hipóteses de soluções. Se a comunidade, nas pessoas dos titulares dos cargos técnico-políticos e financeiros, tem dificuldades, ou não sabe descrever, localizar e circunscrever, com todo o rigor e objectividade, um qualquer problema, escusado será elaborar e aplicar uma muito bem construída teoria, precisamente se o problema estiver mal, ou inadequadamente, definido, especialmente no que se refere às situações humanas.
A perspectiva filosófica é aqui de grande relevância, no sentido em que obriga os responsáveis decisores a uma reflexão analítica profunda, rigorosa e exigente, porque em boa verdade: “Se os homens dessem mais atenção à colocação dos problemas em termos reais e objectivos, do que costumam dar às teorias, haveria menos desentendimento e um maior esforço de colaboração, de compreensão e de paz. O esforço no sentido de colocar problemas em termos reais e objectivos exige honestidade de propósitos, sinceridade, espírito de dedicação, compromisso com a verdade antes de tudo, em lugar da luta cega pelos interesses imediatos.” (MENDONÇA, 1996: 74-5)
A cidade educadora para a prosperidade da sua comunidade beneficiará, substancialmente, sempre que do seu elenco governativo participarem cidadãos sensibilizados, preparados e disponíveis para saber incluir nos seus programas eleitorais, e depois no exercício das respectivas funções, os valores, as práticas, os recursos e as verificações, para que um tal projecto produza os melhores resultados, sem prejuízo de preocupações com grandes investimentos em obras físicas públicas que, sem dúvida, também contribuem para a prosperidade da comunidade.
Os responsáveis locais, e não só, têm o dever de tudo fazer para a produção da informação, do conhecimento, do esclarecimento e da participação da população na vida pública da cidade, vila, localidade e bairro.
Uma comunidade que tenha acesso à educação, seja pelos sistemas público ou privado, tem possibilidade de contribuir, decisivamente, para a prosperidade local, por isso se considera indispensável a existência de bons projectos educativos, cujo exemplo maior, sem dúvida, deverá partir dos órgãos do Estado Democrático e, na circunstância, das autarquias locais, na medida em que: “A educação é essencial à afirmação da plena dignidade humana: é pela educação que o ser humano acede à plenitude das suas faculdades e potencialidades, e forma a capacitá-lo a uma maior liberdade de escolha e, portanto, assumir cabalmente o seu destino; a educação eleva o homem e dá sentido à sua realização como ser humano e como cidadão. A educação é, pois um direito fundamental que cumpre ao Estado garantir, o que implica, por aplicação do nosso princípio operativo, a garantia de liberdade de escolha na educação.” (SOUSA, 2007:14)
Conceber, desenvolver, aplicar e validar uma filosofia da educação, para a institucionalização da cidade, vila ou localidade educadora, é um imperativo e um desafio: um imperativo, considerada a situação de impreparação, insensibilidade e indisponibilidade para elevado número de pessoas se envolverem na sua própria educação e formação. É urgente inverter esta tendência tão absentista, designadamente na participação política, cívica e institucional na vida activa da respectiva comunidade;
Um desafio, desde logo para os mais directos responsáveis pela condução dos destinos de uma determinada população local, porquanto têm o dever de proporcionar todas as condições para os respectivos cidadãos se prepararem, conveniente e atempadamente, para o exercício das actividades que possibilitem melhorias significativas na qualidade de vida de toda a comunidade.
Não basta anunciar grandes obras (algumas até serão supérfluas), ditas infraestruturantes, mas que não têm, num país e/ou numa dada localidade e circunstância, qualquer viabilidade; não é suficiente um apoio quase incondicional a uma massificação, alegadamente cultural, contudo, sem qualquer qualidade verdadeiramente cultural, humanística e formativa. É preciso ir mais longe.

Bibliografia

MENDONÇA, Eduardo Prado de, (1996). O Mundo Precisa de Filosofia, 11ª edição, Rio de Janeiro RJ: Agir
SOUSA, Francisco Vieira de, (2007). “Estado, Liberdade e Educação”, in Nova Cidadania, Liberdade e Responsabilidade Pessoal. Lisboa: Fundação Oliveira Martins, Publicações Universitárias e Científicas, Ano VIII, (32), Abril/Junho, pp. 13-19
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Portugal: http://www.caminha2000.com/ (Link Cidadania)
http://www.webartigos.com/meus-artigos/?cache=4830

domingo, 16 de outubro de 2011

Crentes e Não-Crentes: Unidos na Felicidade e na Paz

A dificuldade em se definir, numa fórmula objectiva, o que é a felicidade, parece, por muito evidente; provar que a felicidade se pode obter pela via religiosa é, epistemologicamente, muito complexo, o que não invalida uma abordagem séria, responsável e respeitosa, justamente, com o objectivo de, no mínimo, incentivar todos os interessados, crentes e não-crentes, a percorrer este longo caminho, tendo por veículo privilegiado a religião e, quem sabe, se num determinado ponto do percurso, surjam indicações, e/ou sinais, que apontem para uma situação que se possa equiparar a um estado de espírito, que seja definível num conceito de felicidade.
O instrumento que, quantitativamente, indique o valor da felicidade, por enquanto, não é conhecido, mesmo que fosse possível enumerar os momentos, mais ou menos longos, intensos e profundos dessa felicidade.
Em todo o caso e para facilidade de compreensão e, entre inúmeras opiniões, aceite-se, como ponto de partida, que ser feliz consiste: “Ter sensações de bem-estar e prazer físico; poder manifestar alegria; ter tranquilidade de espírito; sentir emoções agradáveis; desfrutar de coisas boas na vida; sentir-se valorizado, aceito e amado; ter a sensação de utilidade; conseguir realizações na vida; conversar agradavelmente com parentes e amigos, entre outras situações.” (RESENDE, 2000: 176-77)
Verifica-se que um dos factores que intervém na felicidade é, justamente, a tranquilidade de espírito ou, se se preferir, de consciência que, de entre outros processos, se pode obter pela religião, com toda a liturgia, rituais e crenças que a envolvem, o que não significa que o não-crente, o religioso-não-praticante, não tenham, em dados períodos das suas vidas, momentos de tranquilidade de espírito, de felicidade, conseguidos por práticas adequadas, que conduzem àquela situação de calma espiritual, de consciência serena e boa condição física.
A religião é, naturalmente, vivenciada pelo homem e pela sociedade, através de processos e reacções diferentes, mas que têm em comum uma relação com Algo Transcendente.
Por muito santificado e/ou divinizado que se pretenda ver um outro homem, nosso semelhante, e existindo concreta e fisicamente a relação que com ele se estabelece, esta não configura, necessariamente, uma dimensão religiosa, apesar de nessa relação se colocar crença, respeito e uma ligação mística.
A elevação e a fé, que se colocam na relação transcendente do espírito com Deus e com o mundo inefável, é que podem assumir a dimensão única da religiosidade dessa relação porque: “De facto, o espírito humano penetra tudo no homem, unifica e dá a dimensão humana a tudo e portanto tudo no homem deve ser orientado segundo os valores mais altos do espírito.” (SILVA, 1966: 192)
As sociedades actuais também se organizam com objectivos religiosos, tal como na perspectiva política, económica, social, cívica e outras. A sociedade religiosa existe em todos os países e, enquanto tal, desenvolve as actividades que, espiritualmente, lhe são próprias e que, também por esta via, pretende obter a felicidade e a paz em determinadas épocas da sua história, quando a maioria dos seus elementos manifesta os sintomas antes referidos, dos quais, e para esta reflexão, importa destacar a tranquilidade do espírito.
Acredita-se que um espírito/consciência tranquilo tem mais clarividência para analisar e decidir acerca de situações difíceis, no homem e na sociedade.
Delineados os mecanismos para melhorar e/ou manter a felicidade e a paz humanas, através do espírito religioso e do bem-comum ético-religioso, abre-se a possibilidade de, com competência, desenvolver estratégias que conduzam o espírito/consciência a uma sensação real, sentida e vivida de felicidade e de paz.
Nesta perspectiva é possível tentar ser-se competente na busca da felicidade e da paz, podendo-se começar pela satisfação de necessidades de ordem material até se chegar às de natureza axiológica, consubstanciadas nos valores da estima, da solidariedade, da lealdade, do amor, da oração, porque: “Satisfazer as necessidades é adquirir condições para ser feliz (…) através do desenvolvimento das competências essenciais – intelectuais, espiritual, emocional e física (…). Mais objectivamente: se pode ficar espiritualmente mais optimista, mais de bem com a vida;” (RESENDE, 2000: 178)

Bibliografia

RESENDE, Enio, (2000). O Livro das Competências. Desenvolvimento das Competências: A melhor Auto-Ajuda para Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark.
SILVA, António da, S.J. (1966). Filosofia Social, Évora: Instituto de Estudos Superiores de Évora.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Portugal: http://www.caminha2000.com/ (Link Cidadania)
http://www.webartigos.com/meus-artigos/?cache=4830

domingo, 9 de outubro de 2011

Apostolado do Professor/Formador

Construir o magnífico e transcendente edifício denominado Cidadão do Mundo, não é a mesma coisa que fabricar bombas atómicas, elaborar teorias que poucos entendem, muitos ignoram e a ninguém beneficia.
A formação que se impõe para o futuro, deve surgir como um projecto estruturante de uma cultura profissional, assente na atitude metodológica reflexiva, tendo por objectivos o rigor e o sentido dos valores humanísticos.
Formar o cidadão do mundo, para a mudança que se vem operando, exige professores/formadores/educadores, exclusivamente, ao serviço dos objectivos educacionais, em ordem à construção de um mundo mais civilizado, em todos os sectores das diversas actividades das pessoas humanas.
A educação, por meio dos seus currículos e procedimentos da vida escolar, tem um papel de grande importância e responsabilidade, no desenvolvimento das competências cívicas dos indivíduos, o que é decisivo para o estado de direito democrático.
O formador tem de se metamorfosear num orientador, num conselheiro, num organizador de aprendizagens, num colaborador e programador de saberes, em contextos de formação, também eles facilitadores de transformação.
A luta contra os valores irracionais que imperam um pouco por todo o mundo deve ser reforçada, não pela força das armas, sim pela coerência, verdade e justeza dos argumentos, através do diálogo sincero e frontal, pela harmonia das posições moderadas, pela compreensão das opiniões diferentes, quando razoáveis, lógicas e sensatas, pela tolerância com que devem ser interpretadas atitudes menos correctas e, finalmente, pela cooperação entre os povos.
 No processo de formação ao longo da vida, que a todos diz respeito, o professor/formador não é um aprendiz qualquer, na medida em que lhe cabe liderar, responsavelmente, os processos de aprendizagem e projectos concebidos por outros seres humanos, seus semelhantes. O estatuto ético-profissional justifica a disponibilidade e determinação para percorrer um caminho de formação, quantas vezes solitário e pessoal.
Discute-se, actualmente, um pouco por todo o mundo, o sistema educativo ideal ou, pelo menos, o mais perfeito possível. Alteram-se processos de avaliação, introduzem-se novos conteúdos programáticos, exigem-se professores competentes, dedicados, em regime de exclusividade na escola onde estão colocados e determina-se que executem tarefas que seriam melhor realizadas por outros profissionais., desde logo nos domínios burocrático-administrativos e financeiros.
A educação, através da Escola, deve reforçar algumas qualidades, sem as quais não sobreviverá no mundo contemporâneo. Valorizar a autonomia pessoal, a busca do verdadeiro conhecimento (até onde for possível chegar à verdade), a generosidade e a coragem.
Como formar este professor, é uma tarefa que se impõe aos governos e também aos próprios, e que passa por um novo conceito: formação ao longo da vida, com a vida e para a vida; formação contínua.
Considera-se essencial, para a sociedade, aprofundar o mais possível toda uma estratégia e metodologias adequadas, em ordem à valorização da educação para a cidadania, direitos humanos, enfim, axiologia em todas as suas dimensões,  tendo como objectivo a preparação da criança, do jovem e do adulto para a participação responsável dos cidadãos na vida pública do país, através de processos de representação política e do empenhamento das Instituições da sociedade civil, tendo como base os princípios e valores fundamentais da democracia.
Também a formação científica e técnico-profissional, como projeto de vida activa, de inserção no mundo do trabalho, da constituição da família, da prevenção da saúde, da segurança e da velhice. O saber-fazer é, indiscutivelmente, essencial para a dignificação da pessoa humana no sentido da exigência da melhor qualidade de vida a que tem, constitucional e legitimamente direito.
Como é óbvio, esta participação implica um conjunto de conhecimentos, competências, capacidades e atitudes, voltadas para a intervenção activa e que também cabe à escola transmitir aos cidadãos. No limite da construção deste novo cidadão, para o actual século XXI, os professores/formadores têm a inevitável responsabilidade de, cada um em sua área, transmitirem e darem o exemplo dos saberes: ser, estar, fazer e conviver em sociedade.



Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Portugal: http://www.caminha2000.com/ (Link Cidadania)

domingo, 2 de outubro de 2011

Idosos: Património Axiológico

Os idosos (ou os “velhos”, como vulgar e pejorativamente são designadas, as pessoas a partir de uma certa idade, tradicionalmente, a partir dos 60/65 anos), começaram a ser marginalizados precisamente, com a institucionalização de propalados argumentos de inutilidade e, ainda mais grave, invocando-se os custos sociais que eles causam ao erário público, ignorando-se que, foram eles, no seu tempo de vida activa, com as respectivas comparticipações que alimentaram o sistema.
Os idosos, tal como as gerações que se lhes seguem, (as crianças de hoje) são o melhor património humano que um país pode ter, desde logo, se os governantes, responsáveis empresariais e de outras áreas, tiverem a inteligência e a visão estratégica de saber utilizar o imenso manancial de conhecimentos, experiências, sabedoria e prudência que a maior parte dos idosos possui, independentemente das suas culturas serem de natureza intelectualizada ou antropológica.
Desprezar o valioso contributo das pessoas que, não obstante terem entrado na recta final de suas vidas, continuam válidas, disponíveis para manterem uma boa colaboração: com a sociedade em geral; com as gerações mais novas, em particular, constitui um grave erro, para além de uma mesquinha ingratidão daqueles que, de alguma forma, detêm determinado poder de decisão.
Apoia-se, portanto, uma teoria e uma prática que privilegiem os idosos, que lhes dêem a oportunidade de passarem o testemunho de vida e de saber, em condições dignas, ao longo deste período de vida que se considera o mais característico da existência do ser humano, no qual coexistem capacidades, conhecimentos, experiências, sabedoria, prudência, valores e segurança nas convicções, onde toda uma entidade se consolidou numa postura rigorosa, severa, mas também tranquila, confiante e estimulante para as gerações vindouras.
O progresso material e a felicidade espiritual da pessoa integrada numa sociedade verdadeiramente humanista passa, imperativamente, pela consideração devida aos mais velhos e a tudo o que eles representam, com sucessos e com fracassos, porque eles são a história, a língua, a cultura, as tradições, os valores, o trabalho feito que os mais novos estão a usufruir e, se possível a melhorar.
Uma primeira abordagem poderá ser desenvolvida no sentido de atender às necessidades daqueles que, por incapacidade de qualquer natureza, ou por opção própria, não podem e/ou não querem continuar na vida activa, preferindo os cuidados médico-sociais adequados, acompanhados de uma vida de reflexão, de tranquilidade e de recordações.
A educação e formação do idoso, para nesta fase da sua vida ter as melhores condições, não só para viver com melhor qualidade de vida, como também para estar à altura de transmitir às gerações mais novas, que se lhe vão seguir, todos os conhecimentos, experiências e sabedoria, constitui uma estratégia muito interessante e de grande visão político-social, porque se acredita na sua eficácia, justamente, para o bem-estar e felicidade espiritual do idoso.
Fica-se, todavia, com uma primeira reflexão sobre a importância dos idosos e a riqueza que eles representam para o bem-estar e felicidade da humanidade, porque o património que eles carregam, fruto da educação e formação que foram adquirindo ao longo da vida, das experiências vividas e sabedoria acumulada não se pode perder.
Jogar fora, por absurdos preconceitos etários, um património tão valioso quanto inimitável, significa uma visão redutora, receosa da perda de um qualquer poder, ou de não o vir a alcançar mais cedo, porque, alegada e eventualmente, haverá um idoso no caminho da progressão de um jovem.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Portugal: http://www.caminha2000.com/ (Link Cidadania)