domingo, 29 de janeiro de 2012

Os que Podem, ajudem os que Precisam

A dinâmica do progresso, praticamente a todos os níveis da sociedade e em todos os sectores da actividade humana, vem ganhando uma tal constância que será difícil inverter, ou mesmo parar, este movimento que, adjectivamente, já se conceptualiza como: aldeia global, globalização, mundialização, universalização, em domínios como a economia, o comércio, a ciência, as tecnologias, a comunicação.
As barreiras à livre circulação de ideologias, à liberdade de pensamento e de expressão vão desaparecendo. As fronteiras físicas e fiscais têm vindo a diluir-se entre alinhados, não-alinhados, blocos intercontinentais e outras formas facilitadoras da liberdade de circulação.
Apesar das grandes aberturas e profundas alterações no relacionamento interpessoal entre cidadãos, governos, religiões e instituições diversas internacionais, ainda não se atingiu a cidadania universal, caracterizada pela livre circulação e fixação de pessoas, bens e capitais, em qualquer território.
Por outro lado, os interesses geopolíticos e geoestratégicos dos países e os ainda exacerbados individualismos, egoísmos, etnocentrismos, narcisismos e outras formas de dominação e discriminação, continuam bem interiorizados em certas mentes e culturas, impedindo a concretização de um desígnio universal: o homem livre, num mundo livre, que pertence, afinal, ao Criador.
O progresso, no seu conceito mais optimista, correspondendo ao desenvolvimento positivo, sustentado, tendente para um melhor nível e qualidade de vida dos cidadãos, não tem correspondido às justas expectativas da esmagadora maioria da população mundial, pois é sabido que a vala que separa ricos e pobres é cada vez mais larga e funda, na medida em que, muitos dos ricos aumentam desmesurada e inexplicavelmente as suas fortunas, enquanto a maioria dos pobres se aproxima, rápida e perigosamente, do limiar da miséria, das diversas formas de exclusão, de situações gritantemente desumanas, sem que se vislumbrem soluções que invertam esta tendência catastrófica.
A vida é cada vez mais agitada e incerta para a maioria das pessoas, para poderem sobreviver com alguma dignidade e conforto material, tentando garantir, àqueles que delas dependem, um mínimo de condições biosociais, relativamente à melhor preservação da vida física e disporem de uma situação de relativa tranquilidade, no acesso aos bens de primeira necessidade, como: a saúde, a alimentação, a educação, o trabalho, a habitação a cultura.
A dificuldade ou a impossibilidade de aceder a alguns ou diversos destes bens, de primeiríssima necessidade, provoca nas pessoas grande ansiedade, incertezas, sentimentos de desânimo e de revolta, de tentativas múltiplas para acabar com certo tipo de situações e, no limite, com a própria vida.
Nunca se recorreu tanto aos medicamentos do tipo “antidepressivos”, “calmantes”, drogas para levar estes doentes, por algumas horas, para um mundo de fantasia, de sonho, de facilidades e esquecimento de uma vida real indigna, porém, o regresso à realidade, passado o efeito do produto, é ainda mais doloroso e preocupante. Aos que podem, pede-se-lhes atitudes de generosidade.
Nunca os laboratórios farmacêuticos terão produzido tanta e tão diversificada gama de medicamentos, os quais, juntamente com outros intervenientes, nomeadamente ao nível da alimentação, dos cuidados primários de saúde, a higiene e prevenção, têm contribuído para um significativo aumento da esperança de vida, praticamente em todo o mundo.
O combate às doenças com potentes medicamentos, com campanhas maciças de vacinação e com o avanço da medicina especializada, novas técnicas e instrumentos de cirurgia, em muito têm contribuído para que a vida humana se prolongue e, se possível, com redução do sofrimento físico.
As doenças actuais do corpo físico, porém, estão longe de serem vencidas, embora muitas outras já tenham sido erradicadas em muitos países. Mas as doenças estudadas e em parte solucionadas pelas ciências exactas, como a biologia, a genética, a medicina geral e suas diversas especializações, são apenas uma parte dos males que atormentam a humanidade.
Um outro conjunto de situações que provocam imenso sofrimento e até conduzem ao suicídio, continuam, porém, sem boas e eficazes soluções ou, pelo menos, sem avanços significativos que possam garantir estabilidade psico-emocional, uma vida equilibrada e digna.
Perturbações do foro mais íntimo de cada pessoa, resultantes de dificuldades diversas, de obstáculos que surgem, de problemas que: uns, não se sabe como surgem; outros, conhecem-se as causas mas ignoram-se as consequências e a solução, os quais continuam a afectar, cada vez, mais indivíduos, famílias e até algumas comunidades a caminho da desintegração social.
Quais os remédios? Quais as intervenções? Quem poderá ajudar a minimizar e, posteriormente, resolver situações verdadeiramente dramáticas? Para estas e outras questões, para as quais ainda não foram encontradas respostas, pode-se tentar experimentar algumas soluções práticas, ao nível da reflexão, das boas leituras, das boas práticas, boas no sentido em que possam conduzir ao relaxamento físico-mental, à meditação transcendental, numa perspectiva divinizante.
A leitura de biografias de grandes vidas, de obras clássicas e paradigmáticas, de máximas universais, de casos concretos, que foram resolvidos sem o recurso à farmacologia química convencional, pode ser uma excelente alternativa, porém, por si sós, ainda são insuficientes para resolver os problemas.
A leitura diária das obras dos diversos filósofos, teólogos, entidades divinas e santificadas, em cujos textos se procura enquadrar os diferentes problemas e situações, também pode contribuir para amenizar muitas dificuldades, ainda não solucionadas por outros processos e pelas ciências exactas, técnicas e tecnologias mais avançadas.


Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)

domingo, 22 de janeiro de 2012

A Dimensão Estética na Beleza dos Sentimentos

 
 
Sendo a Estética o ramo da Filosofia que trata da Beleza ou do Belo, especialmente na Arte, a qual deve ser julgada com os critérios de gosto e de valor, curial se afigura a defesa de uma teoria, ou atitude coerente, perante tais matérias.
A palavra “Estética” foi usada pela primeira vez por BAUMGARTEN, (Alexander Gottlieb BAUMGARTEN, 1714-1762) em 1750, para se referir à ciência do conhecimento sensorial, que tem por objetivo a Beleza.
Presentemente, a Estética está a conquistar um estatuto mais independente, como domínio que estuda as obras de arte, os processos de produzir e experienciar a arte, e certos aspectos da produção natural e humana, fora do campo da arte, principalmente os que podem ser considerados belos ou feios, com referência às formas e às qualidades sensoriais.
Tem-se verificado, na Estética recente, a tendência para dar ênfase crescente ao tratamento descritivo e concreto dos fenómenos artísticos e da experiência estética, não obstante a existência de outras correntes.
A Estética mantém um halo filosófico, ao comparar exemplos de todas as artes, e ao reunir dados e hipóteses de fontes diversas, incluindo a Filosofia, a Psicologia, a História Cultural e as Ciências Sociais, mas diverge da concepção tradicional da Filosofia, na medida em que o que hoje se apelida de Estética inclui, frequentemente, um estudo mais pormenorizado e empírico de fenómenos particulares, em vez de se restringir, como antigamente, à discussão abstracta do significado de beleza, sublime e outras categorias, a sua natureza objectiva ou subjectiva, a sua relação com o prazer e com o bem-moral e comum.
É pela importância do estudo estético que, actualmente, se pensa ser fundamental uma educação estética e, se não a partir dos primeiros anos escolares, pelo menos ao nível do ensino preparatório, porque tal educação proporcionaria uma formação humana mais sensível e mais compreensiva, relativamente às belezas artificiais e naturais e, quanto a estas, permitiria a formação de uma consciência de aperfeiçoamento, preservação e estudo.
O amor ou o ódio, o sofrimento ou a felicidade, a dor, a saudade de alguém e até o insurgimento contra dado normativo social, clamam do homem o seu impulso estético. Ao exteriorizar os seus sentimentos de exaltação do belo, de conformação ou repulsa, o homem busca, na sua inspiração, o deleite da natureza que admira, ou a reacção do que considera perverso, já que a indiferença não toca o seu coração.
No entanto, a beleza que o circunda, o amor que o amarra, a saudade que o inquieta ou o ódio que o atormenta, dão-lhe o poder de transmitir nas suas obras, o estado estético do seu “eu” que se encontra numa pintura, numa escultura, num poema e até num grito de revolta.
Todo o homem é artista enquanto ser sensível, e também numa obra de arte, segundo SCHILLER (Johann Christoph Friedrich von SCHILLER, 1759-1805), ele pode ou não saber exprimir-se em algo, fora de si, mas em si mesmo ele tem a própria arte, a qual tanto pode surgir pela produção de um clássico ou em manifestações culturais progressistas, como na arrogância de uma conquista ou no desalento de uma derrota, pois em qualquer destes estados e sentimentos, o homem pode encontrar o prazer.
SCHILLER faz parte de uma sociedade que não lhe era favorável, e por isso, sofreu, viveu isolado e, não tivesse sido a ajuda de alguns amigos do seu tempo, teria sido marginalizado, daí que esta sua obra reflicta, extraordinariamente bem, o seu sofrimento, a sua luta por aquilo que ele designou por “Terceiro Carácter”.
A sua nostalgia, o seu idealismo e a vontade forte de um estado moral, são a expressão do seu sentir em relação aos homens da sua época, da sua cultura e das suas afectividades. Naturalmente que não cabe aqui descrever a biografia exaustiva de Johann Christoph Friedrich von SCHILLER, no entanto, alguns factos da sua vida atribulada, serão necessários para uma melhor referenciação e enquadramento sócio-cultural do seu tempo.
Tendo nascido em Marbach, Alemanha, em 1759, viria a falecer em 1805. Temperamento melancólico, muito propenso ao misticismo, quase seguia a via eclesiástica, acabando por cursar medicina e, mais tarde, exercesse a actividade de médico militar, embora com bastante indiferença.
A sua vocação de poeta, de filósofo e dramaturgo, manifestava-se a cada momento, tendo privado com SCHUBART, (Christian Friedrich Daniel SCHUBART, 1739-1791), escreveria bastante para o teatro. A sua primeira peça constituiria um motivo de polémica e, provavelmente, a causa directa do seu futuro sofrimento. No âmbito da poesia sentimental e ingénua escreveu, numa perspectiva filosófica, que publicou, algumas obras, nomeadamente as “Cartas sobre a Educação Estética da Humanidade”, objecto do presente trabalho.
As suas cartas exaltam a educação estética, que para ele dará lugar a um estado moral único, em que o homem se dignificará a ele próprio. Nesta obra é evidente o seu idealismo estético, já que foram muito fortes as influências e o ambiente do seu tempo, bem como a profundidade dos seus sentimentos. Foi grande admirador de KANT (Immanuel KANT 1724-1804), todavia não seguiu, completamente, os seus princípios.

Bibliografia

DUCASSÉ, P., (s.d.). As Grandes Correntes da Filosofia. 5ª Ed. Lisboa: Publicações Europa-América
HADJINICOLAOO, N., (1978). História das Artes e Movimentos Sociais. Lisboa: Edições 70
MARCUSE, H., (s.d.). A Dimensão Estética. Lisboa: Edições 70
PLAZAOLA, Juan, (1973). Introdución a la Estética. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos
SCHILLER, Johann Christoph Friedrich von, (s.d.). Cartas Sobre a Educação Estética da Humanidade. Buenos Aires: Ed. Aguilar.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)

domingo, 15 de janeiro de 2012

S. Bento, Pescador de Homens

«Ser homem, numa sociedade decadente, é muito para se notar. Então ser homem de Deus, não só como todos o são, pois Ele a todos criou, mas na vivência consciente duma pertença total, diremos que é super-homem; e na linguagem cristã é um santo. A vida de um santo é difícil de se escrever. Porque se move em parâmetros que não são os do comum dos mortais; gira na órbita de Deus, e se os factos são pertença da história, a sua vis íntima e a explicação derradeira escapam à nossa apreciação.» (S. GREGÓRIO, 1992:47) (Introdução)
São Bento em Seixas, não propriamente de Seixas, porque Ele é universal, está, porém, no coração de todos os crentes que conhecem a sua vida, a sua obra, os seus milagres. Mas os seixenses têm-no como seu, obviamente pelas imensas graças e milagres que dele têm recebido, ao longo do tempo. Seria óptimo que São Bento fosse de toda a humanidade, que todos os seres humanos o “disputassem” para ele interceder pela felicidade, pela saúde, pela paz no Mundo. (Introdução)
São Bento foi proclamado Padroeiro da Europa por Sua Santidade o Papa Paulo VI, durante a consagração da nova Igreja Abacial da Abadia de Montecassino, restaurada depois de completamente destruída durante a Segunda Guerra Mundial. (Cap. 6)
Entre os muitos milagres de S. Bento, insere-se aqui neste resumo o seguinte: «Espantoso Poder de Cicatrização da Medalha de São Bento - No ano de 1665, um homem tinha no braço uma chaga grande e infeccionada, que não cedia a remédio algum. Ocorreu então a lembrança de se colocar a medalha de São Bento sobre o braço enfermo, juntamente com o habitual curativo. No dia seguinte, verificou-se que a chaga estava com bom aspecto, e ao cabo de alguns dias cicatrizou inteiramente.» (Cap.12). (http://homepage.mac.com/ie.msa/VILA-NOVA-DE-SÃO BENTO/page7/page7.html)
Tal como hoje, já em plena idade média, Seixas tinha a sua projecção, que lhe era reconhecida, na medida em que então constituía: «Um núcleo populacional de certa importância, para merecer uma carta de foral do primeiro Rei.» Essa carta de foral viria a desaparecer por extravio ou incêndio, levando então «D. Afonso III, em 09 de Novembro de 1262, conceder-lhe novo foral na cidade de Coimbra.» Por este foral, a «Vila de Seixas ficava vinculada, de certo modo, ao Rei, embora este não fosse Senhor, pois a paróquia pertencia ao bispo de Tui.» (ALVES, 1985:160). (Cap. 2)
A população de Seixas, ao longo da sua história tem revelado que sabe muito bem o que pretende, os valores que sustenta e como defendê-los. A verdade é que entre as duas grandes linhas de orientação: São Bento de um lado; coesão da população, por outro, este povo movimenta-se exemplarmente, sem atropelos, com toda a dignidade e respeito pelos valores que entre os seus habitantes resguarda, mas também perante quem os visita. (Cap. 4)
A 5 de Julho de 1848, a monarca, D. Maria II, resolve dar início ao processo com vista à emissão do Alvará Régio que instituirá a Confraria de São Bento de Seixas, porém, em condições bem mais favoráveis do que as que eram solicitadas pelos seixenses.
«Eu A rainha Faço saber aos que este Meu Alvará virem que: Attendendo ao que Me foi requerido por parte dos Moradores da freguesia de Seixas, no Concelho de Caminha, pedindo a authorização para instituírem uma Irmandade de denominação de São Bento na antiga Capella do mesmo Santo, sita naquela freguesia, com a declaração de ficar a dita Capella e seus rendimentos separados e independentes da administração da respectiva Junta de Parochia, ao que esta prestará seu decidido consentimento, como se mostrava no documento junto; e pedindo também a confirmação dos estatutos, por que deverá reger-se a nova Irmandade» (CARVALHO, in LIMA, 2001:53-54) (Cap. 9) 
A dimensão religiosa do homem é, seguramente, um aspecto essencial da sua superioridade face aos restantes animais que povoam o mesmo mundo. O homem, centro e objecto das maiores investigações científicas, apresenta-se, neste particular, como algo ainda misterioso, indecifrável, incógnito. (Cap. 16)
A religião é, naturalmente, vivenciada pelo homem e pela sociedade, através de processos e reacções diferentes, mas que têm em comum uma relação com Algo Transcendente. Por muito santificado e/ou divinizado que se pretenda ver um outro homem, nosso semelhante, e existindo concreta e fisicamente a relação que com ele se estabelece, esta não configura uma dimensão religiosa, apesar de nessa relação se colocar crença, respeito e uma ligação mística. (Cap. 13)
O homem deve viver com fé, quer ao nível espiritual, quer no âmbito da sua intervenção no mundo, acreditando e demonstrando que tudo o que faz tem uma finalidade boa, um sentido concreto, um objectivo real e até altruísta, revelando-se, também, fiel aos valores e princípios. É necessário estar dotado de uma grande fé, quer para o êxito dos projectos espirituais, quer na realização dos projectos materiais. (Cap. 3)
O ser humano que alcança estes valores, certamente que fica dotado de um poder que nenhuma outra via lhe proporciona. O poder religioso solidifica quem o possui nos sentimentos da confiança e da esperança, sem os quais será difícil evoluir para uma sociedade verdadeiramente humana, fundamentalmente, quando se perde o amor pelo Deus que tudo cria, controla e extingue. (Cap. 5)
Pensar, exclusivamente, na dimensão espiritual e prepará-la para uma vida eterna, certamente é muito importante, principalmente na perspectiva dos que acreditam numa outra vida, liberta da materialidade terrena, todavia, a pessoa crente poderá preparar-se melhor para essa outra existência extraterrestre, se cuidar bem da sua parte física, corporal, até porque num corpo são as possibilidades de uma mente sã são muito maiores, logo, os resultados cognitivos serão beneficiados. Descuidar o conforto material da saúde e do corpo poderá ser contraditório com o sentido último da vida, que os crentes numa realidade eterna pretendem viver. (Cap. 7)
O homem, superiormente iluminado, impulsionado por um outro sentimento, que lhe é exclusivo e constitui um privilégio, vence, finalmente, o drama, a angústia, o sofrimento e a incerteza quando, invocando a ajuda divina, uma sensação de tranquilidade e de esperança o invade e liberta daquele desconforto. É este homem superior, gerado e criado à imagem e semelhança do seu Deus e nos preceitos da sua religião, que se determina em função do ente divino que o justifica. (Cap. 8)
A pessoa de fé manifesta uma conduta perfeitamente assumida, declarada, exibida perante os outros seus iguais e será este seu comportamento que lhe assegura um Poder legítimo, transcendente e que ninguém lho pode usurpar.
A sua conduta ética no exercício da sua fé ilimitada, garantem-lhe um poder que, sem violência, sem armas, sem fundamentalismos, se impõe e, de certa forma, subjuga todos aqueles que, no limite e na dúvida, preferem manter-se, aparentemente, indiferentes, não hostilizando os detentores deste poder ético da fé. (Cap. 10)
A dimensão espiritual (principalmente para quem nela acredita) começa por ser inefável, não tem rosto, integra-se (ou não?) num corpo, este com uma identidade própria e que o acompanha ao longo da vida. A alma, espírito ou qualquer outra designação, tem um princípio e um fim (ou não?). Então considerando as duas dimensões do homem, qual é, afinal, o seu destino? Trata-se de uma questão complicadíssima à qual não se pretende, aqui, responder, mas tão-só, reflectir sobre ela. (Cap. 11)
Os valores que, antropologicamente, são considerados característicos das atitudes do crente – submissão e reverência –, em nada diminuem a dignidade da pessoa humana total, integralmente considerada: corpo e espírito, bem pelo contrário, elevam o crente a um estatuto supra técnico-científico e, consequentemente, à sua própria felicidade, tal como a deseja na vida física e para além desta. (Cap. 14)
A felicidade e a paz dos povos passam, necessariamente, pelo diálogo inter-religiões, pela compreensão dos valores de cada uma, no respeito, na submissão e na adoração que poderão conduzir, num tempo ainda não previsto, a um Deus único e universal de toda a humanidade. (Cap. 17)
«São Bento contribuiu em grande medida para forjar a alma e as raízes da Europa, que são essencialmente cristãs e sem as quais não se entendem nem se explicam a nossa cultura e o nosso modo de ser. A própria identidade europeia “é incompreensível sem o Cristianismo” e “é precisamente nele que se encontram essas raízes comuns das quais brotaram a civilização do Continente, a sua cultura, o seu dinamismo, a sua actividade, a sua capacidade de estender-se construtivamente aos outros Continentes.» (Cap. 6).

Bibliografia

ALVES, Lourenço (Coord./Organiz.). (1985). Caminha e o seu Concelho (Monografia). Caminha: Câmara Municipal de Caminha
Catolicismo Romano. São Bento Abade, padroeiro da Europa, (Disponível em http://www.catolicismoromano.com.br/content/view/115/42/, Consultado em 01.01.12)
LIMA, Manuel Artur Sousa Ribeiro, (Dir./Coord). (2001). Centro de Bem-Estar Social de Seixas: 50 Anos ao Serviço da Solidariedade, Caminha: Gráfica do Minho.
S. GREGÓRIO, (1992). São Bento, II Livro dos Diálogos de S. Gregório Mosteiro de S. Bento da Vitória da Cidade do Porto. Porto: Edições Ora & Labora.
SANTOS, Armando Alexandre dos, (s.d). "A vida maravilhosa e a Medalha de São Bento" São Gregório Magno.(http://homepage.mac.com/ie.msa/VILA-NOVA-DE-SAO-BENTO/page7/page7.html)
  
 Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)
NOTA: O Livro: “S. Bento, Pescador de Homens. Confraria de S. Bento Homenageia a Fé dos Seixenses”, pode ser adquirido na sede da Confraria, largo de S. Bento - Seixas


domingo, 8 de janeiro de 2012

Direitos Humanos: Educação e Formação de Adultos

A educação e formação de adultos não é um fenómeno novo. Se se entender a educação como um processo abrangente e coincidente com o ciclo de vida de cada indivíduo, torna-se evidente que sempre existiu educação e formação de adultos.
Segundo Osório (2004:235), o fim da Segunda Guerra Mundial foi o momento de maior impulso para o desenvolvimento da educação de pessoas adultas (operários mais qualificados, necessidade de formação, maior exigência nas condições de trabalho, menos escravatura profissional, progressão de carreira...).
Mas outros momentos de reflexão se seguiram a este (Osório, 2004), destacando-se: as Conferências de Elsinor (Dinamarca) 1949; a Conferência de Montreal (Canadá) 21 a 31 Agosto 1960; a Conferência de Tóquio (Japão) 5 Julho a 7 Agosto 1972; a Conferência Internacional de Paris (França) 1985 e a Conferência de Hamburgo (Alemanha) 1987. Fruto de todo este esforço, começa-se então a valorizar a educação e formação de adultos e a investir esforços humanos e financeiros nesta área.
Cerca de 3 milhões de Portugueses activos não possuem escolaridade mínima obrigatória (censos 2001), sendo Portugal um dos países com os níveis mais baixos de literacia (DGFV, 2004), comprometendo, seriamente, a integração desta população na sociedade do conhecimento.
Não obstante, este 1/3 da população portuguesa acumulou um conjunto de saberes, conhecimentos e experiências e contribuem, diariamente, com a sua vida, para o desenvolvimento do país; no entanto, não viram, ainda, este património de competências reconhecidas…
É neste processo que elas tomam forma, ganham outro sentido e perspectivas, é aqui que a vida do adulto “ganha uma outra cor”. É nesta fase que verificamos, claramente, o início do mecanismo do “empowerment” individual por parte do adulto.
É realizada a autobiografia do adulto, descodificado o referencial de Competências-Chave e recolhidas as experiências do adulto para fazer, posteriormente, um levantamento das necessidades de formação de cada adulto em processo, de forma individual. É ao longo deste processo de Reconhecimento de Competências que o adulto pode reflectir, opinar, argumentar de forma orientada e, simultaneamente, livre… é aqui que, muitas vezes, o adulto consegue ver e sentir, quiçá pela primeira vez na sua vida, a concretização de alguns dos “seus” direitos humanos. Refiro-me, por exemplo a dois artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos:
Artigo XVIII: «Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou colectivamente, em público ou em particular.»
Artigo XIX: «Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.»
No Portefólio Reflexivo de Aprendizagens que os adultos elaboram, é-lhes solicitada a opinião, uma reflexão sobre temas polémicos, sobre a trajectória das suas vidas, enfim, é-lhes pedido que abram a porta das suas vidas perante nós e que se deixem levar pelo que a vida lhes ensinou, pelo que ainda querem aprender, pelo que querem dizer e nunca o puderam…por medo, por falta de coragem ou até de liberdade!
Poderíamos dizer tanto e tanto sobre a mais-valia deste projecto na vida das pessoas, até porque também tem uma ligação directa e de simbiose com o empowerment individual e comunitário.
De acordo com Rappaport (1987), o empowerment é «um processo ou mecanismo através do qual as pessoas, as organizações e as comunidades podem assumir o controlo sobre as suas próprias vidas».
 A perspectiva de empowerment, num contexto comunitário, consiste em «identificar, facilitar ou criar contextos em que as pessoas isoladas ou silenciadas possam ser compreendidas, ter uma voz e influência sobre as decisões que lhes dizem directamente respeito ou que, de algum modo, afectam as suas vidas».
 Assim, o “empowerment” é considerado, simultaneamente, um ganho pessoal (para cada indivíduo implicado no processo), uma experiência comunitária e um objectivo orientado para a intervenção social.
O processo de “empowerment” implica que a aquisição de novas competências seja um processo natural nos contextos quotidianos, ao invés da obtenção da informação dada por profissionais especializados. Consequentemente, devem ser favorecidas as oportunidades de aprendizagem e o exercício de competências identificadas como necessárias.
Mais uma vez, o candidato vê neste projecto a possibilidade da concretização de alguns dos seus direitos, tal como a Declaração Universal dos Direitos Humanos prevê. Neste caso, em concreto, refiro-me ao Artigo XXVI:
«1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.»
O adulto sem duvida que cresce, como pessoa, como trabalhador, como pai ou mãe de família, como amigo, já que as suas capacidades, a formação que lhe foi facultada, a sua história de vida e esforços serão, agora, reconhecidos com toda a justiça do mundo. O que em tempos de escola não foi possível, é-o agora! Este é um processo de justiça social!
A educação e formação de adultos tem sido alvo de algumas avaliações, sendo que uma das últimas foi direccionada à iniciativa “Novas Oportunidades” e realizada pela equipa do Exmo. Engº Roberto Carneiro.
O segundo relatório de tal estudo, (2010), teve como base as respostas a um questionário, direccionado a 450 pessoas já certificadas.
Os entrevistados afirmaram ter adquirido novas competências, nomeadamente no que diz respeito:
- Ao uso do computador e da Internet
- À capacidade para aprender a aprender (a maioria manifestou a vontade de prosseguir novas formações)
- À literacia (leitura, escrita e comunicação oral).
Além disso, verificou-se que se desenvolveu maior proximidade e melhor relacionamento entre pais que frequentaram o RVCC – Reconhecimento e Validação de Competências-Chave -  e os seus filhos, fruto do apoio que estes deram aos pais durante o processo (nomeadamente ao nível da utilização das novas tecnologias).
Ainda como consequências da certificação, os adultos referiram ter ficado com uma maior auto-estima e auto-valorização, (re) construção de projectos pessoais e profissionais (DGFV, 2004:49) e verificaram-se, ainda, algumas subidas ao nível da empregabilidade, cerca de 23%.
Por tudo isto e muito mais que ficou por dizer, considero que a iniciativa “Novas Oportunidades” e a “Declaração Universal dos Direitos Humanos” só podem mesmo “andar de mãos dadas” e ser parceiras nesta ambição de motivar e melhorar os níveis de qualificação dos portugueses.

Bibliografia

DGFV (2004). O impacto do reconhecimento e certificação de competências adquiridas ao longo da vida. Lisboa: DGFV.
Educação e Formação de Adultos – a caminho do empowerment comunitário
GOMES, I. P., COIMBRA, J. L. & MENEZES, I. FRAGOSO, A. (2005).
MTSS/ME (2006). Novas Oportunidades. Aprender Compensa. Lisboa: MTSS/ME.
SPREITZER, G. M. (1995). Psychological empowerment in the workplace: dimensions, measurement and validation. Academy of Management Journal, 38, 5, 1442-1465.
VOGT, D. S., KING, D. W. & KING, L. A. (2004). Focus groups in psychological assessment: enhancing content validity by consulting members of the target population. Psychological Assessment, 16, 3, 231-243.
XV Colóquio AFIRSE – Complexidade: um novo paradigma para investigar e intervir em educação?
ZIMMERMAN, M. A. (1995). Psychological empowerment: issues and illustrations. American Journal of Community Psychology, 23, 5, 581-599.
ZIMMERMAN, M. A., (2000). Empowerment theory. Psychological, organizational and community levels of analysis. In J. Rappaport & E. Seidman (Eds.), Handbook of Community Psychology. 43-63. New York: Kluwer Academic/Plenum Publishers.
http://www.proformar.org/.

Liliana Bártolo
Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)

domingo, 1 de janeiro de 2012

A Paz Constrói-se na Educação Para os Direitos

A exigência da paz constitui um dos direitos da chamada terceira geração, segundo a estrutura estabelecida, (tais como outros direitos, por exemplo, ecológicos) e seria cada vez mais um objectivo importante e necessário a salvaguardar, não fossem os inúmeros conflitos regionais de guerra declarada ou latente, seja por motivos políticos, seja por razões de ordem religiosa, económica e estratégico-militar.
A “Instituição da Guerra” apresenta-se como uma ordem de magnitude que transcende qualquer agressor ou vítima particular, na medida em que faz mais sentido responsabilizar um país ou grupo por uma agressão sobre outro, do que imputar culpas a indivíduos isolados, além de que existe, obviamente, violência estrutural na medida em que prejuízos não intencionais são infringidos a indivíduos ou países em todo o mundo, porque o opressor está incrustado nas estruturas, com culturas que não deixam outras alternativas.
A agressão é provocada e algumas das causas são estruturais, outras culturais: o colonialismo é uma dessas estruturas que ligam a colónia ao poder colonial, de tal forma que aquela pode revoltar-se para se libertar deste. Ora, o caminho para a paz passa, necessariamente, por soluções imaginativas dos conflitos, o que pode significar a transformação de algumas estruturas através da substituição das culturas de violência por mecanismos de apoio ao desenvolvimento sócio-cultural, científico e económico dos povos até então oprimidos.
O homem tem o dever de procurar e construir um mundo melhor, porque: «o direito de viver em paz também pode ser interpretado como o direito de não ser vítima da agressão. Mas se assumirmos que a agressão não é aleatória mas causada por factores estruturais e culturais entre e dentro dos actores, então o direito de viver em paz é o direito de viver num cenário social (...) onde se faz qualquer coisa sobre factores e não só sobre actores...» (POPPER, 1992: 213)
A construção de um mundo melhor, no sentido de promover e preservar a paz, quaisquer que sejam os conceitos deste valor inestimável (mesmo o mais rudimentar, como aquele que define paz como ausência de guerra) passa pelo conhecimento dos valores universais constantes na “Declaração Universal dos Direitos Humanos” e dos instrumentos legais, técnicos e científicos para os defender, porque é necessário combater o irracionalismo que tanto parece estar na moda, sendo certo que atitudes irracionais, não se fundamentam na observância dos direitos humanos e, embora aceitando que todo o conhecimento humano é falível e incerto, não é menos verdade que o conhecimento é uma procura da verdade, de teorias explicativas e objectivamente verdadeiras.
Neste contexto, não será difícil compreender que qualquer violação dos direitos humanos constitui um erro grave, contudo: «combater a falha, o erro, significa pois, procurar uma verdade mais objectiva e fazer tudo para detectar e eliminar tudo o que é falso. (...) Ao reconhecermos a falibilidade do conhecimento humano, reconhecemos, simultaneamente que nunca podemos estar completamente seguros de não termos cometido algum erro.”» (Ibid.: 18)
A prática de deveres que conduzem a soluções pacíficas dos conflitos humanos, pressupõe profundos conhecimentos ético-morais, de cidadania, de Saber-ser e Saber-estar no mundo com os outros, numa permanente postura de tolerância e responsabilidade intelectual e, quantas vezes, nesta tolerância e humanidade, se é vítima da intolerância e da desumanidade.
O número de casos e de vítimas não pára de aumentar: campos de concentração, assassinatos, raptos, sequestros, violação de pessoas; deportação de homens, mulheres, crianças, idosos, todos vítimas de fanáticos inebriados pelo poder, qualquer que este seja, isto é, o poder a qualquer preço.
O homem intelectual, culto e responsável tem hoje, mais do que no passado, o dever inalienável de rejeitar o relativismo radical, na medida em que há valores que não se deveriam relativizar: Deus, verdade, bem, justiça, paz, liberdade e tantos outros, porque as posições radicais não conduzem, geralmente, a soluções equilibradas, afigurando-se do mais elementar bom-senso, optar por atitudes moderadas.
Parece inócuo aceitar que «O pluralismo crítico apresenta uma posição de acordo com a qual, no interesse da verdade, cada teoria - e quanto mais teorias tanto melhor - deve ser posta em plano de concorrência com as demais. Esta concorrência consiste na discussão racional: isto significa que o que está em causa é a verdade das teorias concorrentes. Aquela teoria, que na discussão crítica parecer aproximar-se mais da verdade é a melhor e a melhor teoria prevalece sobre as menos boas. O mesmo se passa com a verdade.» (Ibid:178)
A Paz constrói-se a partir de um conhecimento, cada vez mais profundo, das realidades humanas e todas as ciências serão poucas, todos os cientistas e intelectuais não serão suficientes para prosseguirem na busca de um mundo melhor, no sentido não apenas da ausência de guerra, mas principalmente no que respeita ao dever do cumprimento dos direitos humanos, sejam estes individuais ou colectivos, pelo que, de facto, urge cada vez mais reflectir sobre o que as ciências cognitivas podem fazer por um mundo em efervescência.
Poder-se-á colocar aqui, a questão da vontade e da liberdade suficientes para resolver as situações de violação dos direitos humanos? Será que, também aqui o homem está determinado, por circunstâncias que não controla nem domina? Ou, pelo contrário, tem o homem a capacidade para alterar alguma coisa?
Porque, conforme escreve SEARLE: «A liberdade humana é precisamente, um facto de experiência. Se desejar alguma prova empírica de tal facto, podemos sem mais aludir à possibilidade que sempre nos cabe de falsificar quaisquer predições que alguém possa ter feito acerca do nosso comportamento. Se alguém prediz que eu vou fazer alguma coisa, posso muito bem não fazer essa coisa.» (1987: 107).
A liberdade da vontade não depende, portanto, do determinismo porque, de acordo com o raciocínio de SEARLE: «A experiência característica que nos dá a convicção da liberdade humana, é uma experiência da qual somos incapazes de arrancar a convicção da liberdade, é a experiência de nos empenharmos em acções voluntárias e intencionais. (...) É esta experiência a pedra basilar da nossa crença na liberdade da vontade...» (Ibid:114-20)
Poderá considerar-se legítimo e correcto afirmar que a construção de um mundo de paz, depende muito mais do homem que, na sua liberdade de vontade, não sujeita ao determinismo absoluto, pode voluntária e intencionalmente criar as condições, através das acções concretas, para um entendimento global.
Naturalmente que tal intencionalidade pressupõe abdicar de interesses diversos que possam colidir com a arquitectura de uma paz duradoira, num mundo moderno, solidário e fraterno, onde todas as mulheres e todos os homens tenham uma oportunidade de cooperar mutuamente.
Na verdade: «A paz só se obtém quando os objectivos políticos de uma comunidade se concentram no desenvolvimento humano. É necessário criar uma cultura de paz, a cultura do cuidado do próximo. Há um crescente número de organizações não governamentais de mulheres ou de mulheres e homens, ligadas ou não a grupos religiosos, cujas actividades se centram na construção da paz e tal é motivo de esperança.» (VICENTE, 2000:23)

Bibliografia

POPPER, Karl R, (1992). Em Busca de um Mundo Melhor, 3a Ed. Trad. Teresa Curvelo. Lisboa: Editorial Fragmentos.
SEARLE, J., (1987). Mente, Cérebro e Ciências, Lisboa: Edições 70.
VICENTE, Ana (2000). Direitos das Mulheres/Direitos Humanos, Lisboa: Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres: Presidência do Conselho de Ministros. (Colecção Cadernos Condição Feminina) 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)