domingo, 27 de maio de 2012

A Criança e a Sociedade Contemporânea

Se as pessoas adultas são consideradas como um dos mais valiosos e rentáveis recursos naturais, ao serviço de quase todos, e de cada qual em particular, então as crianças são a garantia desses recursos, a reserva mundial, com a vantagem de que ainda poderão ser muito melhores, em todos os sentidos, do que as atuais gerações mais velhas.
As crianças são um tesouro de valor inestimável que, devidamente utilizadas, em todas as suas capacidades, contribuirão para a riqueza das nações, justamente, através da sua educação e formação.
A sociedade contemporânea, pela atuação dos seus máximos representantes: políticos, empresários, familiares, religiosos, terão um papel preponderante na defesa das crianças que, como se sabe, são vítimas das maiores atrocidades físicas, psicológicas e morais.
As crianças de hoje, em muitas partes do mundo, tal como ocorreu durante a Revolução Industrial, continuam a ser exploradas, para diversas finalidades, incluindo o enriquecimento material de indivíduos sem valores ético-morais, sem escrúpulos. São milhões de crianças a sofrer abusos de toda a ordem, vítimas inocentes: da pedofilia, da prostituição, da guerra, da fome, do analfabetismo, da falta de cuidados de saúde, de habitação, de educação e formação.
Crianças que são um estorvo para muitos progenitores, uma despesa para certos governantes, um negócio, quando ainda sob a forma de feto, sem culpa formada, são assinadas, a troco de intervenções clínicas, bem pagas. Mas afinal, o que se pode afirmar com segurança é que nenhuma criança: a) pediu para nascer; b) escolheu os seus pais; c) cometeu qualquer crime. Então porque se condenam as crianças às penas mais degradantes, incluindo o castigo capital – a morte –?
Apesar de existir um quadro negro, felizmente, não generalizado, acerca da situação de milhões de crianças, na sociedade atual, também é verdade que, em muitos países, muito se tem feito pela dignificação da criança, pela sua valorização moral e espiritual e pela sua preparação para a vida ativa, no futuro. É verdade que, em geral, existe uma forte sensibilidade para a proteção dos superiores interesses da criança.
Os países mais desenvolvidos têm, desde há várias décadas, apostado tudo na educação e formação das crianças e dos jovens (também nos adultos) e o que se verifica, sem grande esforço científico, é que nesses países o nível e qualidade de vida da população são de excelência.
O investimento nas crianças é a melhor estratégia para um mundo melhor, um futuro promissor que pode beneficiar a humanidade em geral e muitos dos atuais responsáveis, aqueles que pertencem a gerações novas mas já no poder, que se tiverem uma visão estratégica para a construção de uma humanidade mais afetivista, investem numa educação com objetivos diferentes.
 “Entretanto a escola deverá e muito rapidamente sofrer grandes transformações para redefinir sua missão, hoje tão voltada exclusivamente para transformar crianças e jovens em eficientes prestadores de qualidade de mão-de-obra para o mercado do trabalho, hoje tão erroneamente endeusado, para concomitante e eficazmente ensinar um humanismo prático e direto, de forma que em poucas gerações comece a surgir um novo homem e uma nova mulher, mais afetivamente equilibradas e distanciadas dos pontos extremos e exacerbados que foram levados a viver, em decorrência de ensinamentos falhos e incompletos …” (COLETA, 2005:19):
A sociedade contemporânea não pode perder mais tempo, deverá iniciar o processo de recuperação de todas as crianças, a começar por aquelas que estão sendo vítimas dos maiores atropelos aos seus direitos, consagrados em numerosos documentos, subscritos pelas mais altas instâncias internacionais.
Olhar as crianças como um futuro mais promissor e humano, porque elas estão na idade de tudo receberem, qual recipiente vazio que se pode encher com o que se desejar, sem prejuízo do exercício da sua criatividade, espontaneidade e liberdade.
As crianças, devem ser preparadas para o seu próprio futuro e também do dos seus descendentes, podendo, eventualmente, beneficiar os próprios progenitores. A sociedade atual é responsável pela degradação de milhões de crianças, pelo que deve assumir um novo comportamento, no sentido de as resgatar da humilhação a que elas vêm sendo submetidas.

Bibliografia

COLETA, António Carlos Dela, (2005). Primeira Cartilha de Neurofisiologia Cerebral e Endócrina, Especialmente para Professores e Pais de Alunos de Escolas do Ensino Fundamental e Médio, Rio Claro, SP – Brasil: Graff Set., Gráfica e Editora

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
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domingo, 20 de maio de 2012

Cultura: Memória e Desejo

A Hermenêutica que vem do grego “hermēneuein”, que significa interpretar, era um termo inicialmente teológico que indicava a metodologia própria da interpretação da Bíblia, dependendo da exegese linguística e histórica.
O vocábulo transitou depois para o domínio laico, para designar o esforço de interpretação científica e, se possível, exaustiva de um texto difícil, tendo sido retomado contemporaneamente, por Paul Ricoeur, entre outros.
Certamente que a interpretação da Bíblia, ou de um texto difícil, ou mesmo de uma cultura, constitui, eventualmente, um obstáculo intransponível se se considerar a ausência de investigação científica, profunda, exclusiva e longa no tempo, situação que se verifica, com muita frequência, entre estudantes, investigadores e académicos. Não é fácil, nem levianamente encarada a obrigação de elaborar um trabalho sobre qualquer tema hermenêutico, como bastante espinhoso se torna o estudo desta matéria.
Neste contexto hermenêutico, a cultura é, portanto, a base fundamental, a partir da qual o homem se projeta para um horizonte de esperança, porque conhecedor do seu passado, ciente dos erros que a História lhe narra e das virtudes que lhe ensina.
Tradição e Cultura são aspectos do mesmo enquadramento humano no mundo, porque, efetivamente, a cultura acumula-se pela tradição, pela experiência, pelo intercâmbio entre os povos, ela é, afinal, o modo de ser, agir e pensar de um povo e, só na posse desse conhecimento, tão rico e profundo, é que a compreensão se torna possível. A cultura é, acima de tudo, um estudo prolongado, sempre renovado, sempre atualizado aos seus temas, no contexto histórico-social.
Como ser no mundo, o homem tem, forçosamente, um comportamento perante esse mundo e que inclui diálogo. É este diálogo que faz para além do ambiente, o mundo do homem. Em consequência, o homem encontra-se numa relação de pertença para com a sua experiência originária do mundo: não é sem o que já foi, sem o que já viveu e experimentou, não é sem a experiência acumulada por si e seus antepassados.
Ele pode captar, perfeitamente, o seu sentido último, compreender a sua posição no mundo e explicar aos vindouros os factos do presente, interpretando com segurança os Projetos que deseja para o futuro, não numa atitude dedutível nem puramente lógica, mas numa postura de entendimento dos valores que lhe estão subjacentes, os quais deve aplicar e desenvolver no sentido positivo, depois de corretamente assimilados.
A cultura é memória e desejo, uma recapitulação do mundo antigo em projeção para o futuro. A cultura é mais uma formação de carácter do que transmissão de saber, uma valorização total do homem, no sentido da sua otimização humana, pelo que não há cultura sem um certo conceito de humanismo, que lhe sirva de suporte e de orientação permanentes
É neste âmbito que se pode defender o investimento na cultura, não como uma forma de intelectualismo encapuzado, não numa perspectiva de sucessocracia material e faustosa mas, bem pelo contrário, numa estratégia antropológica, direcionada para o desenvolvimento do homem, para o seu apalavramento com o mundo e com os outros, seus iguais, justificando-se como pessoa de direitos e deveres, como “animal de cultura”, enfim, como Homem, como Pessoa Humana.
Um projecto de futuro, que leve consigo a ousadia da Esperança, o atrevimento da Utopia, mas que assente sobre a racionalidade e a tradição dos valores fundamentais do homem, nomeadamente nas ideias de Amizade, de Justiça, de Lealdade, de Fraternidade, de Solidariedade, de Bondade e de Verdade, entre tantas outras que se mantêm atuais.
Em Hermenêutica, nenhum texto fica concluído sob o ponto de vista da interpretação, completamente fechado, até porque, a abertura que nas suas entrelinhas se revela seria suficiente para se continuar nova interpretação, novos ensaios. O Homem, com todo o peso da sua cultura, será indefinidamente um ser aberto, incompleto e sempre em busca da verdade da sua condição.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo 

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domingo, 13 de maio de 2012

Deus, Fé e Ciência


O Homem vive no mundo, movendo-se no espaço e existindo no tempo. E, se por um lado, o espaço o situa no meio natural que o rodeia; o tempo, dá-lhe um passado histórico, constituindo ambos uma espécie de estrutura dialética que, logicamente, vai ditando o futuro desse mesmo Homem.
Esse mundo concreto, histórico-linguístico, onde a experiência e a compreensão têm papéis relevantes, constitui o horizonte no qual o Homem se realiza, e se compreende a si mesmo, no mundo.
Note-se, porém, que pelo fato de o Homem se realizar como um todo no horizonte do ser, o seu mundo é um mundo humano e a sua história, uma história humana. Por outras palavras, a sua realização, como Homem, em todo o horizonte do ser, só é possível porque o Homem está aberto ao ser que, por sua vez, se lhe revela em todas as coisas e sucessos do seu mundo histórico.
O ser é, portanto, o supremo, incondicionado e ilimitado horizonte, para o qual nos dirigimos continuamente, mas sem jamais o podermos alcançar plenamente. Como condição do horizonte do mundo está o supremo e incondicionado horizonte do ser que, além de penetrar o mundo, transcende-o, abrindo-se à autorrealização do Homem no mundo.
O Homem vê-se, assim, envolvido no seu quotidiano, com o problema hermenêutico da intelecção da existência humana no mundo, e com o problema metafísico do ser como horizonte global: do perguntar e do saber; do querer e do operar humanos; horizonte esse supremo e incondicionado, onde a diversidade histórica dos diferentes mundos de experiência e compreensão, vai buscar o seu condicionamento e entendimento.
Por mais que o Homem se debruce sobre o seu mundo humano de experiência e compreensão, jamais o abarcará na sua “Totalidade do Ser”. Cada pergunta que faz sobre a realidade do mundo, só obtém respostas parciais e limitadas, a ponto de se poder afirmar que todo o saber revela ignorância ou, se quisermos, todo o saber é “ignorância que sabe”.
É, todavia, a consciência dessa ignorância que leva o Homem a ulteriores perguntas, permitindo-lhe não só ampliar o nosso mundo mas ainda, transcende-lo. Com isso, o nosso mundo não deixará de ser limitado. No entanto, a irrequietude da inteligência humana, traduzida nas perguntas que continuamente se sucedem, sobre o nosso mundo de experiência e de compreensão, leva-nos à conclusão de que esse mesmo mundo não pode constituir, fundamentalmente, o último horizonte do perguntar e do entender humanos. É assim que o condicionado nos leva ao incondicionado, o relativo nos revela o absoluto. Chegamos, então, a Deus.
Qual Deus? O Deus da Fé Cristã? No mundo da compreensão do Homem atual ainda fará sentido falar de Deus? Não terá esta palavra perdido todo o seu significado? Repare-se que não se trata aqui de aduzir provas a favor ou contra a existência de Deus, nem muito menos de esclarecer se com este ou aquele argumento se pode demonstrar a existência de Deus. Trata-se do próprio conceito de Deus. É, portanto, uma questão muito anterior e muito mais fundamental.
No passado, quando se falava de Deus, entendia-se, imediatamente, o Deus da fé cristã, que a Teologia e a Filosofia Cristãs apresentavam num horizonte comum de inteleções. Mesmo quando os protestos se erguiam contra Deus se entendia, univocamente, num horizonte comum de compreensão, em sentido cristão.
No entanto, é forçoso reconhecer que, pouco a pouco, o tal horizonte comum de compreensão foi-se dissipando: ora envolto nas diferentes formas de ateísmo; ora esbatido em conceções que apresentam alterações muito concretas e determinadas. Note-se, porém, que não se trata, muitas das vezes, de meras invenções arbitrárias, nem tão pouco de uma má intenção dos adversários da fé cristã.
Creio mesmo ser honesto reconhecer que, muitos dos filósofos, que a história nos aponta como adversários do Deus do Cristianismo, feita uma análise profunda das suas obras, constata-se, sem grande dificuldade, que eles não eram “contra Deus”, nem tão pouco, bem vistas as coisas, contra a fé em Deus, mas somente contra um Deus que “escravizava o Homem, humilhando-o e privando-o dos seus direitos”.
Numa palavra, eram contra um Deus que privava o Homem da sua liberdade e, portanto, da sua dignidade. Afinal, bem visto o problema, eram contra Deus que não era O do Evangelho, pois sabemos bem que Esse Deus não é despótico, mas, pelo contrário, respeita a liberdade do Homem.
Um Deus de Amor, diz-se. É, certamente, forçoso reconhecer que muitas críticas dos adversários ao Deus da fé cristã, resultam de representações e modos de expressar a fé em Deus, demasiadamente ingénuas, sendo tais críticas uma sequência racional da própria ingenuidade com que se vive essa mesma fé.
Por outro lado, também sabemos que, nos primórdios da humanidade, o Homem para explicar os fenómenos da natureza, por mais simples que fossem, recorria a Deus, não propriamente no sentido de última causa do ser, mas como causa física, embora suprema.
Quando a Ciência no século XVII tomou um impulso decisivo, que parecia fazer prever a resolução de todos os problemas do Homem, à medida que se iam descobrindo as leis da natureza, deixava de ser necessário recorrer a Deus, como uma causa, entre outras causas, que no mundo atuavam imediatamente.
Não admira, por isso, que em nome da Ciência, se negasse Deus. É que se confundia Deus com uma causa entre outras causas. Deus era, então, uma mera hipótese suplementar, a que se continuava a recorrer sempre que a explicação do mundo, por meras causas naturais, já não era suficiente. E isto, com uma agravante, uma vez que tal hipótese suplementar não era verificável, com os meios de que dispunha a investigação empírica.
Apesar disso, e por isso mesmo, sempre que devido ao avanço da Ciência e dos seus métodos, essa hipótese caía por terra, aí se levantava o coro daqueles que, em nome da Ciência, refutavam a crença em Deus. Quem não tem presente a polémica surgida com a teoria da evolução de Darwin? Não é possível a evolução das espécies, porque Deus tudo criou, dizia a fé cristã, baseada na Bíblia. Mas se há evolução, então Deus nada criou e até é inútil, dizia-se em nome da Ciência.
Quem teria Razão? A Ciência ou a Bíblia? Falar da Razão, aqui, seria, talvez, falar dum vencido perante um vencedor. Mas, afinal, a Bíblia e a Razão têm, no mundo da compreensão do Homem, o seu lugar próprio, bem definido, que faz com que, longe de se contradizerem ou excluírem, antes se completam, se encontram no horizonte aberto do ser, que faz com que o estar do homem no mundo seja um estar de tensão contínua em Deus, e para Deus, com realização plena do seu ser.
Não há dúvida que a constituição essencial metafísica da existência humana, no mundo, se enquadra no acontecer da salvação que Deus faz no mundo e na história. Não fora assim e teríamos o sobrenatural como uma realidade que se acrescentaria, em plano secundário, à essência natural do homem. Mas não.
Pelo contrário, a vida do homem é uma realidade concreta, abarcada pela obra salvífica de Deus, porque Ele falou e a sua revelação significa abertura da Sua ação através da Palavra. Se por um lado, o Homem está aberto para ouvir a Palavra de Deus, por outro lado, essa mesma Palavra só poderá ser entendida dentro do contexto de salvação em que foi pronunciada, tendo em conta o Homem concreto, o Homem Histórico, bem definido no espaço e no Tempo.
Para uma interpretação correta da Sagrada Escritura, é preciso ter em conta que a Palavra fala ao Homem, numa palavra simultaneamente humana e histórica. Daí resulta que a questão teológica acerca do sentido salvífico da mensagem da Bíblia está, intimamente, ligada ao rosto humano do autor material, histórico, das palavras.
Por isso mesmo, a doutrina da Bíblia terá que ser vista à luz duma relação alternante que: por um lado, numa retrospetiva, nos conduza à sua origem histórica; e, por outro lado, dê resposta ao problema da salvação pessoal de cada um de nós.
Temos, assim, aquilo que alguns autores classificam de “arco hermenêutico” em que a palavra de Deus, revelada no passado, atinge a proclamação atual de fé, mediante a tradição da Igreja e a reflexão teológica. A palavra de Deus penetra na fé e na vida do homem de hoje, através duma interpretação histórico-linguística.
Pode-se, portanto, afirmar que entre a Fé e a Ciência não há contradição. Nem pode haver. É que, sob prismas, embora diversos, ambas se conjugam para uma compreensão total do ser. Apesar disso, por ironia do destino, essa meta da compreensão total do ser não passará duma meta ideal, que nunca será atingida, uma vez que o Homem só dispõe da medida do finito, do relativo, para abarcar o infinito, o absoluto.
Por isso mesmo, quando o homem põe toda a sua realização pessoal na ciência humana, fica atolado na sua ignorância. É que a Ciência é um círculo fechado, constituída por leis e princípios que o Homem descobre, constrói e utiliza, para compreender e explicar a realidade, mas não é a própria realidade.
Portanto: para uns, a evolução da matéria orgânica revela perfeição nos princípios porque se rege; para outros, como o biólogo Jacques MONOD, (Jacques Lucien MONOD, 1910-1976, foi um biologista francês. Foi agraciado com o Nobel de Fisiologia/Medicina de 1965, por descobrir atividades reguladoras no interior das células) ela é fruto de programação genética.
Dando um salto do finito para o infinito, do relativo para o absoluto, será caso para se afirmar: que Ser é esse que até de erros faz brotar a perfeição e a beleza doutros seres? Será Deus? Se sim, então vale a pena pensar Nele

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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domingo, 6 de maio de 2012

Como Governar a Cidade Educadora


Governar com liberdade, responsabilidade e democracia, exige princípios e atitudes éticas, atos e ações moralmente aceitáveis e meritórios. As cidades, vilas, freguesias ou bairros, devem avocar esta nobre missão, que consiste em preparar a sua comunidade local para, sempre que possível, cada cidadão esteja à altura de desempenhar as tarefas próprias do cargo, para o qual, democraticamente e de boa-fé, foi eleito.
A ética do governante não é compatível com os seus interesses particulares, se estes ofenderem ou prejudicarem os direitos coletivos. Operacionalizado o princípio em toda a comunidade, então todos têm a obrigação e o dever ético-moral de participar no desenvolvimento e consolidação do bem-estar público.
Se se partir do individual, com objetivos pessoais, também se verifica existir uma relação com o coletivo, porque se todos os indivíduos estiverem bem, então a comunidade será a soma de todos os bens individuais, isto é: “O objetivo último da atividade humana é a felicidade, a qual, pensem o que quiserem os juízes superficiais, consiste no exercício ativo das virtudes do intelecto e do carácter; ou, em termos mais concretos, numa tendência fixa para desejar o bem, associado a um habitual ajuizar correto daquilo que é bom em geral e em particular.” (ALLAN, 1970: 161)
Como assertiva nuclear, pode-se aceitar a exigência, segundo a qual, a comunidade deve estar preparada para exercer livre e responsavelmente os cargos inerentes à governação da cidade, vila, freguesia ou bairro, na perspectiva educativa, de tal forma que os cidadãos possam sentir o desejo permanente, e terem a disponibilidade necessária, para a participação competente, democrática e responsável na vida ativa da comunidade.
Para além das habilidades técnicas, dos conhecimentos científicos e de outras capacidades positivistas, todas indispensáveis ao bom governo, principalmente, no domínio das respetivas especialidades, exige-se, ao mesmo nível e simultaneamente: sensibilidade para os assuntos sociais; sabedoria e prudência na resolução deste tipo de situações, problemas e conflitos, o que pode ser conseguido, pelo menos na forma tentada, pelos conhecimentos fornecidos pelas ciências ditas subjetivas e pela própria Filosofia, porque: “Só por isso a Filosofia tem garantida a sua presença no mundo, à procura do esclarecimento das ideias, como o único e efetivo caminho para a solução dos problemas da vida humana, na sua essência, cumprindo esta missão de ajudar ao homem, em primeiro lugar, a tomar consciência do que seja a força das ideias.” “MENDONÇA, 1996: 34)

Bibliografia

ALLAN, D. J., (1970). A Filosofia de Aristóteles. Trad. Rui Gonçalo Amado. Lisboa: Editorial Presença

MENDONÇA, Eduardo Prado de, (1996). O Mundo Precisa de Filosofia, 11ª edição, Rio de Janeiro RJ: Agir
  
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
 
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