domingo, 27 de outubro de 2013

Pilares para Educar e Formar


A educação/formação do homem contemporâneo, numa perspectiva de futuro, no sentido de se aperfeiçoar e consolidar uma sociedade moderna, justa, tolerante, solidária e produtiva, pressupõe investigação, conhecimento e prática, eventualmente inverificados ou inconfirmados pelos critérios científicos e tecnológicos, mas não menos credíveis, práticos e úteis, na vida corrente de cada pessoa.
 A fórmula mágica, qual receita milagrosa, para educar/formar pessoas humanas, a ciência e a técnica ainda não a revelaram inequivocamente, o que não impede de se tentar outras abordagens e transmitir algumas práticas e valores: quer pela comunicação tradicional; quer pelas boas-práticas de quem pode e deve ministrar tais matérias, inegavelmente, os professores/formadores, encarregados de educação e Igrejas, numa primeira fase da vida da criança, do adolescente e do jovem. Posteriormente, já na idade adulta, também as empresas, entidades formadoras, a própria sociedade.
E se a educação e a formação profissional devem ficar sob a responsabilidade dos respetivos técnicos e avaliada a sua evolução no aluno e no formando, pelos critérios e instrumentos da ciência e da técnica, outro tanto não será de fácil aplicação no que se refere aos conhecimentos, comportamentos e integração na comunidade, daquele mesmo jovem e/ou adulto, no tocante aos domínios sócio-culturais e atitudinais.
A seleção de tais conhecimentos e práticas, que possam resultar numa pessoa humana com um novo perfil do profissional-cidadão, é difícil de se realizar, todavia, a título de uma hipótese possível e verificável, certamente entre muitas outras, abordem-se quatro dimensões ou pilares, que em muito podem contribuir para a construção deste magnífico edifício que é o novo cidadão contemporâneo, justamente, a partir da: liberdade, democracia, cidadania e educação, entre outros igualmente importantes, como a religião, esta considerada no seu expoente máximo que se eleva através do espírito, no sentido de um Absoluto: Deus.
Trata-se de uma construção delicada, complexa, cujo arquiteto não pode nem deve orientar os trabalhos à distância, sob pena da construção ficar ao livre arbítrio dos trabalhadores, ou seja, este arquiteto que aqui é substituído pelo professor/formador, família e Igreja, tem de estar presente, envolver-se com os “materiais” que vão ser trabalhados, na circunstância, os educandos/formandos, a partir das técnicas referenciais utilizadas, na oportunidade, os valores da liberdade, da democracia, da cidadania e da educação, que serão os autênticos pilares do grande edifício, consubstanciado em toda a humanidade, a partir da congregação de todos os cidadãos contemporâneos, todos eles no papel de educandos/formandos, considerando que mesmo os professores/formadores, também devem continuar a aprender ao longo da vida e, nesta circunstância, passam à condição de educandos/formandos.
Neste processo, a qualidade superior de cidadão, no contexto de uma cidadania plena, estará sempre presente, porque: «Educar para Cidadania será um bom projecto para tentar encaminhar as camadas mais jovens para um futuro mais promissor do que este que se tem vivido. O tema educar para a Cidadania deve ser abordado pelos professores e educadores, assim como por aqueles que acompanham os jovens no decorrer da sua vida. (…) Este tema é complexo de ser abordado e por isso todo o processo de aprendizagem deve começar desde o início da vida da criança, só assim os jovens poderão protestar mais tarde pelos seus direitos desde que tenham cumprido também os seus deveres.» (TAVARES, 2005. Trabalho de licenciatura sobre a Cultura Democrática).
O primeiro pilar, autêntico baluarte da dignidade humana, valor essencial à vida do homem, desde sempre conhecido e nem sempre respeitado, pode-se designar por Liberdade, porque isto mesmo é reconhecido nos diversos tratados internacionais e nas Constituições Políticas nacionais, sob a fórmula: “Todos os homens nascem livres e iguais”.
A Liberdade é, então, um valor insubstituível e objetivo: ou se tem e se usa, responsavelmente, ou não se tem, porque alguém, prepotente e humilhantemente, impede que dela se faça uso. A Liberdade é sempre definida a partir de um objetivo que se lhe segue sob a forma adjetivada de: liberdade pessoal, liberdade política, liberdade de expressão, liberdade religiosa e muitas outras formas de liberdade.
Além disso ela só se verifica perante uma relação entre iguais. O homem, vivendo sozinho no mundo, desconheceria este valor e o conceito que lhe está subjacente, como por exemplo: «Para uma pessoa ser livre tem de haver pelo menos duas. A liberdade pressupõe uma relação social, uma assimetria de condições sociais: essencialmente implica diferença social – presume e implica a presença de divisão social. Alguns podem ser livres somente na medida em que existe uma forma de dependência a que possam esperar fugir.» (BAUMAN, 1989:21).
Na verdade invoca-se muito a liberdade, frequentemente para reclamar direitos, quantas vezes contra a liberdade de outros, e o direito que lhes assiste de, também, livremente, exigirem igual tratamento que os primeiros reivindicam.
Em princípio, todo o ser humano aspira à liberdade sob qualquer uma das suas dimensões, todavia, muitas liberdades, na prática e por circunstâncias diversas, naturais ou impostas, são inacessíveis à maioria das pessoas, como a liberdade de consumo, liberdade à privacidade total, liberdade de acesso à educação, à saúde, à justiça, ao trabalho, porque existe um condicionalismo ou opressão, económico ou político, respetivamente, e assim: «O desejo de liberdade nasce da experiência da opressão, isto é, da sensação de não se poder deixar de fazer o que se preferiria não fazer (…) ou da sensação de não se poder fazer o que se desejaria fazer.» Ibid:81).
Há, pois, um longo caminho a percorrer para que este valor essencial da dignidade humana passe da quase utopia para a realidade dos povos, porque enquanto houver pobres, carentes de imensos bens essenciais à vida, a liberdade continuará, para estes, a ser uma utopia, porque tão importante como as outras dimensões ou objetivos da liberdade, é aquela que se prende com a capacidade de, livremente, aceder-se ao que, pelo menos, é básico.
Por isso cabe, em primeira instância, aos governantes criarem: «A liberdade mais como capacidade para nos governarmos a nós próprios do que como desejo de que o governo nos deixe em paz, foi o sonho dos movimentos revolucionários que introduziram o mundo ocidental na sua história moderna.» (Ibid:152).
Compete, depois, à família, ao professor/formador, à Igreja e à comunidade em geral, educar para a liberdade responsável, precisamente pelo bom uso que estes agentes da socialização dela fazem. Isto transmite-se pelas boas-práticas presenciais, discutidas, criticadas, vividas e sentidas pelas pessoas humanas, diretamente envolvidas, podendo esta educação ser complementada por fórmulas, padronizadas universalmente, e transmitidas à distância, porém, sempre controladas pelo professor/formador.
O segundo pilar ou valor que importa melhorar, aprofundar e consolidar é a Democracia, com todos os seus princípios, regras e valores, indissociável da liberdade, da cidadania e da religião. A democracia, enquanto instrumento político de liberdade de escolha do povo, para o governo das comunidades e do mundo, e que levada a uma análise mais abrangente e simples, se conceptualizaria como: o governo do povo, pelo povo, para o povo e com o povo.
A dificuldade em consensualizar um conceito universal de democracia é, por enquanto, uma realidade que não se consegue escamotear, todavia, é possível admitir algum consenso, no que respeita à sua estirpe popular, segundo a qual, o elemento nuclear para que ela se verifique continua a ser o povo: «Na raiz de todas as definições de democracia, por mais refinadas e complexas, permanece a ideia de poder popular, de uma situação em que o poder, e talvez também a autoridade, pertencem ao povo. Esse poder ou autoridade é geralmente olhado como político, e em consequência toma frequentemente a forma de uma ideia de soberania popular – o povo como autoridade política básica.» (ARBLASTER, 1988:20).
A democracia, considerada no seu sentido amplo, portanto, aplicada não só às atividades e situações políticas, mas também em todas as intervenções humanas: interpessoais e intersociais. O democrata aceita os valores da democracia, no respeito pelos direitos e deveres de cada cidadão e dos seus adversários políticos, sem em circunstância alguma os caluniar, denegrir o direito à honra e bom nome, sem intromissão na vida privada.
 Claro que se torna necessário partir de um conceito que sirva, genericamente, o homem integrado na sociedade, desempenhando os inúmeros papéis que ao longo da via se lhe colocam, isto é, interessa refletir, desenvolver e aplicar uma ideia de democracia interativa, porque: «A democracia participativa tem necessariamente implicações na vida social, e é mais correctamente considerada um modo de viver do que apenas um artifício ou processo político.» (Ibid:95).
Um terceiro pilar na construção de um novo cidadão, para uma nova sociedade, mais humana, mais justa e mais solidária, fundada na cultura dos valores cívicos, a partir de uma formação personalista e humanista, promovida pela família, pela escola, pela Igreja e pela comunidade, é erigido pela Cidadania, na perspectiva da liberdade responsabilizante de cada cidadão assumir os seus deveres e exercer os seus direitos, no respeito integral por iguais compromissos e benefícios dos seus semelhantes.
E se a cidadania implica pertença a uma comunidade de deveres direitos, responsável e democraticamente exercidos, igualmente é verdade que pressupõe participação esclarecida na vida comunitária, em ordem ao bem-comum de todos, sem quaisquer exclusões de uns grupos e concessão de privilégios para outros.
Preparar este cidadão moderno para os valores, princípios e regras sócio-legais, nestes tempos complexos, é uma tarefa que a todos cumpre realizar, muito embora algumas instituições possam dar um contributo maior e mais competente, porque de contrário: «Na ausência dos recursos educacionais e económicos requeridos para exercer os direitos civis ou legais e políticos, a cidadania fica vazia para todos os objectivos políticos. Os direitos sociais como direitos aos serviços sociais e à educação, dão possibilidade aos cidadãos de tomarem parte na comunidade nacional a que o seu status lhes dá direito.» (BARBALET, 1989:109).
É, portanto, em todo este contexto que, uma vez mais, a intervenção da educação e da formação são, sobejamente, reconhecidas como indispensáveis, dir-se-ia mesmo, insubstituíveis, considerando, obviamente, todos os seus componentes ativos, dos quais se destaca o binómio nuclear: professor/formador – aluno/formando.
Pela educação e pela formação profissional se transmitem os conhecimentos e se fomentam as boas-práticas da cidadania competente e eficaz, daquelas se enfatizando: «Acabar com vergonhosas inversões de valores, de méritos e de desequilíbrios entre exagerados ganhos de poucos privilegiados e ínfimos ganhos de grande quantidade de pessoas que prestam relevantes contribuições ao país; resgatar e desenvolver valores e princípios de comportamentos éticos em todos os sectores da sociedade,» e nesse sentido: «Um novo e forte espírito de cidadania precisa ser desenvolvido nas escolas, nas empresas, em maior número de comunidades, nos condomínios, nos clubes de serviço, nas associações de bairros, nas associações de pais e mestres, nas Igrejas, nos sindicatos.» (RESENDE, 2000: 200-02).
Um quarto pilar nesta grandiosa e magnânima construção é lançado, justamente, pelo sistema educativo e todo o seu potencial de recursos, destes se revelando as infra-estruturas físicas, meios financeiros e, o mais valioso de todos, os recursos humanos, estes fortemente assumidos pelos docentes/formadores e apoiados pelos restantes agentes educativos.
É inconcebível idealizar um projeto educativo, mesmo que funcione indiretamente e à distância, sem os elementos humanos essenciais como são os professores e os alunos, os formadores e os formandos, os tutores e os tutorandos. Importa, claramente, valorizar e definir o estatuto sócio-profissional do docente, iniciando-se este processo, por exemplo, com uma: «Revisão dos perfis profissionais dos professores, promovendo a diversificação e a especialização, associadas a uma maior e mais alargada competência pedagógica, no sentido da interdisciplinaridade e integração dos saberes.» (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1996:2).
O homem, como um todo, indivisível e único, dotado de imensas faculdades e habilidades, pressupõe uma educação de alto nível, de qualidade excelente, e em todas as suas intervenções, ele deve estar presente, através da educação: física, moral, intelectual, social, económica, profissional, cívica, politica, estética, religiosa.
A educação e formação deste novo e competente cidadão universal, passa, imprescindivelmente, pelo ensino e formação, quaisquer que sejam as modalidades, sendo certo que um ensino personalizado, ecuménico, presencial e atualizado nas suas estratégias, metodologias e avaliações justas deve manter-se em permanente aperfeiçoamento.
 Com base numa herança cultural que vem do passado, é essencial aumentar um património tão valioso que vem sendo legado à humanidade. Isto só é possível pela educação, pela formação, pelo estudo e pelo trabalho, porque: «Nenhuma causa é maior, nenhum programa é mais digno de devotamento humano, do que a transmissão da herança cultural, E nenhuma preocupação pode, por isso, sobrepujar a da humanidade pela educação da infância e da juventude, a-fim de que, engrandecida, a fortuna cultural se transmita, para que os homens de amanhã a desfrutem, mais a engrandeçam e a transmitam, por sua vez, àqueles que os sucederem no tempo.» (REIS, 1965: 269-70).


Bibliografia

ARBLASTER, Anthony, (1988). A Democracia, Trad. M.F. Gonçalves de Azevedo, Lisboa: Editorial Estampa, Temas Ciências Sociais. (7)
BARBALET, J.M., (1989). A Cidadania. Trad. M.F. Gonçalves de Azevedo, Lisboa: Editorial Estampa, Lda., Temas Ciências Sociais, (11) pp. 31-50.
BAUMAN, Zygmunt, (1989). A Liberdade. Trad. M. F. Gonçalves de Azevedo, Lisboa: Editorial Estampa
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO PORTUGUÊS, (1996). Pacto Educativo para o Futuro (Mensagem do Ministro da Educação). Mem Martins: Editorial do Ministério da Educação
REIS, Sólon Borges, (1965). A Maior Herança. São Paulo: Edição da Gráfica São José.
RESENDE, Enio, (2000). O Livro das Competências. Desenvolvimento das Competências: A melhor Auto-Ajuda para Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark
TAVARES, Raquel, (2005). “Cultura Democrática”, Trabalho de licenciatura em Intervenção Social e Comunitária, 3º ano, Vila Nova de Gaia: ISPGaya – Instituto Superior Politécnico Gaya

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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domingo, 20 de outubro de 2013

Educação e Formação do Cidadão


 Certamente que se aceita sem grandes dificuldades que: «A formação do cidadão para uma sociedade democrática, referência básica para a inserção dos indivíduos singulares no mundo social” e “a ideia de que a educação deve servir para o desenvolvimento e felicidade pessoais ajudada pelo conhecimento e técnicas psicológicas.» (SACRISTAN, 2003:16), constituem algumas das premissas, que são defendidas pelos diversos movimentos e instituições, que sustentam no processo educativo todo o desenvolvimento humano, incluindo a convivência interpessoal, num contexto cada vez mais amplo da globalização da cultura e dos diversos deveres e direitos cívicos.
De facto, e independentemente de qual possa ser o sistema educativo ideal, se alguma vez tal for possível, conceptualizar e levar à prática, tem-se verificado, ao longo dos séculos, que a educação dos cidadãos é essencial à realização pessoal e coletiva das sociedades minimamente organizadas.
Apostar numa filosofia da educação para o conhecimento, para o trabalho, para a vida e para a felicidade, poderia ser uma excelente promessa eleitoral, todavia, a educação não pode ficar prisioneira de promessas, e muito menos de promessas não cumpridas. A educação vai muito mais além do que a simples, e quantas vezes enganadora, propaganda demagógica, porque ela deve ser entendida como um desígnio nacional que todos, sem exceção, devem ajudar a concretizar.
O mundo moderno, que se pretende civilizado e democrático, quaisquer que sejam os instrumentos constitucionais, em que uma determinada sociedade se constitua, tolera cada vez menos as práticas ditatoriais e, nesse sentido, implementará medidas educativas, formativas e cívicas que, gradualmente, inspirem um novo conceito de cidadania.
Na base de tais estratégias e para lhes dar a credibilidade e eficácia adequadas, encontra-se a escola no seu papel insubstituível de educar, formar, e instruir. Naturalmente que não se pode ignorar a força, legitimidade e competências do poder político, legal e democraticamente constituído, ao qual compete, em primeira instância, enquanto legislador e executor, traçar os objetivos, proporcionar os meios e acompanhar todo o processo educativo.
Neste quadro, a ideologia política dominante, procura, por consenso ou votação democrática maioritária, aprovar o projeto educativo que melhor se identifica com o seu programa político. Será pela educação, em contexto escolar, que se desenvolvem as metodologias que visam direcionar o cidadão para determinados valores, princípios e comportamentos.
Formar para a cidadania é, certamente, uma preocupação da sociedade atual que, independentemente dos contributos individuais, espera da escola, na qual confia, as respostas adequadas, porque: «A preparação para a cidadania é um desígnio específico da educação geral, que requer a procura da adequada solidificação de uma determinada bagagem de ideias e conceitos, competências, atitudes e sentimentos que viabilizam o exercício da condição de cidadãos e que conduzam à aceitação de um modelo cultural comum.» (Ibid.:203).
O mesmo acontece no que se refere à formação profissional, no que aos cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA’s) se verifica, através da disciplina de Cidadania e Empregabilidade e Cidadania e Profissionalidade, respetivamente para os níveis equivalentes ao 9º e 12º anos. Igualmente ocorria no projeto “Iniciativa Novas Oportunidades”, (injustamente exterminado) no qual também aquelas duas disciplinas eram parte integrante dos conhecimentos a demonstrar nos respetivos portefólios.
A importância da Formação é de tal maneira evidente que ela é enfatizada através de diversas iniciativas a nível das entidades formadoras, como também de outras instituições e organismos, que por diferentes estratégias lhe dão o realce que vai sendo possível, face aos meios disponíveis.
Neste sentido, por exemplo, está a decorrer o concurso nacional: “Formador do Ano-2013”, promovido pelo Portal “Forma-te”, no qual foram selecionados três finalistas, um dos quais sou eu próprio. Assim, até ao dia 09 de Novembro de 2013 vai proceder-se à votação, pelo facebook, (quem desejar votar deve ser titular do seu próprio facebook), para atribuição dos 1º, 2º e 3º prémios, com o seguinte procedimento. Clicar na morada: https://www.facebook.com/groups/490021347712341/ depois, aderir ao grupo, seguidamente é dada autorização para acederem ao grupo. Finalmente irão ver o local para votar, (gostaria que fosse em mim, claro está), após consulta dos Portefólios que estão em anexo. Peço a vossa análise e votação e que passem a palavra aos vossos familiares, amigos, colegas conhecidos e a quem desejar participar. A votação prolonga-se até ao dia 09 de Novembro de 2013.

Bibliografia

SACRISTÁN, José Gimeno, (2003). Educar e Conviver na Cultura Global, Porto: Edições Asa.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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domingo, 13 de outubro de 2013

Paradigmas Filosóficos na Educação da Criança


A humanidade vive, atualmente, na dependência direta de algumas áreas científicas, à cabeça das quais se podem colocar a medicina, a biologia, a genética, as engenharias, com todas as suas especialidades. Esta situação é normal, considerando que um dos maiores bens que a pessoa pode possuir é a saúde, a que se segue o seu bem-estar geral, psíquico, espiritual e material.
O paradigma científico constitui, relativamente a diversos domínios do conhecimento, um avanço e um bem para a qualidade de vida das pessoas, que sendo complementado ou coadjuvado pelo paradigma tecnológico, possibilita a resolução dos problemas que afetam a existência físico-biológica do ser humano. A sociedade pode e deve agradecer às comunidades científicas e técnicas, o que de melhor usufrui atualmente. Mas a sociedade não pode ignorar que o homem comporta outras dimensões, outros objetivos, outras realizações.
Aos paradigmas científicos e técnicos, deve-se acrescentar a preocupação por outras possibilidades de concretização de conhecimentos e comportamentos, que em muito podem ajudar na formação de uma vida, ainda mais motivadora e gratificante, uma vida de boas-práticas a partir da aprendizagem, interiorização e implementação dos futuros paradigmas axiológicos, ético-morais. Então sim, a humanidade terá as condições necessárias e suficientes para resolver grande parte dos problemas que ela própria cria e hoje vem enfrentando.
Uma nova filosofia da educação que não exclua nenhum ramo do conhecimento, nenhuma técnica que proporcione mais comodidade para o homem, uma filosofia que conceptualize uma educação e uma escola do futuro, que abrigue os projectos verdadeiramente dignos da superior condição humana, na medida em que: «Os meios e os fins da educação devem ser completamente remodelados para satisfazerem as exigências da actual crise cultural e se harmonizarem com as descobertas das ciências do comportamento. A importância das ciências do comportamento reside no fato de nos habilitarem a descobrir os valores em que os homens acreditam mais vigorosamente, quer esses valores sejam universais ou não.» (KNELLER, 1979:79).
Na verdade, não basta a população ter saúde, bem-estar material e bens de ostentação, se não houver paz, segurança, harmonia, compreensão, tolerância, justiça, respeito, autoridade, entre outros valores que, em princípio, a maioria das pessoas deseja, mesmo quando estão doentes, não deixam de pensar em tais valores, porque eles são essenciais à superior condição humana.
O mundo sempre atravessa diversas crises e, ao longo da história da humanidade, têm sido muitas as situações idênticas, de natureza diferente, repercussões mais ou menos graves; da religião à política, sociais, económicas, pestes e epidemias mortíferas, guerras fratricidas. Apesar da conflitualidade sempre presente; das consequências terríveis que têm atingido a sociedade; ainda não se aprendeu e implementou a solução adequada e que, reconhecendo-se ser difícil, é exequível, justamente a partir da educação e formação da criança, do adolescente, do jovem, e tentar, também, junto do adulto, principalmente no seio das famílias e nos locais de trabalho.
Pensar em melhorar o mundo não é uma utopia para os cidadãos responsáveis, poderá sê-lo para os cépticos, extremistas e todos aqueles que estão a beneficiar com esta situação de permanente conflitualidade e hegemonia de uma minoria sobre uma maioria de oprimidos. Não está em causa quem governa democrática e legitimamente. Contesta-se, isso sim, quem se serve do poder para “esmagar” aqueles a quem devem esse mesmo poder.
Uma nova filosofia para a melhoria da educação, através do enriquecimento dos paradigmas técnico-científicos, poderá ser um bom princípio a incutir nas crianças de hoje, e que no futuro serão os adultos que irão governar o mundo, em todos os setores da intervenção humana. O enriquecimento dos atuais paradigmas passa pela introdução de valores, boas-práticas, virtudes e sentimentos verdadeiramente humanos.
O cientista, o técnico, o pragmático, serão tanto mais humanos quanto melhor integrarem nos seus comportamentos sócio-profissionais as regras da boa-convivência, da responsabilidade e do compromisso. O homem, independentemente do seu estatuto, deverá ser um cúmplice leal e firme no exercício de práticas saudáveis, no relacionamento com os outros, sem ter que abdicar dos seus valores, direitos e deveres, obviamente, num quadro jurídico-legal e legitimamente institucionalizado, à luz da sua própria cultura antropológica. Um ser comprometido com a sociedade que escolheu para viver e conviver. Um ser comprometido com as soluções que propiciem um futuro melhor para a humanidade.
Atualmente, verifica-se grande dificuldade, praticamente, em todas as atividades, em as pessoas assumirem responsabilidades, comprometerem-se com a efetivação de determinadas práticas e comportamentos, recorrendo-se, exaustivamente, a uma postura que, diplomaticamente, se convencionou denominar do “politicamente correcto”, permanecendo-se em posições dúbias, não assumindo o sim nem o não, mas como se diria na gíria, o que será mais seguro é o “nim”
Ninguém se quer comprometer e assim ninguém é responsável por nada, o que em bom estilo português, “a culpa deve morrer soleira”, isto é, não tem responsáveis. Impõe-se uma educação para o compromisso, para a responsabilidade, até porque será no comprometimento que a lealdade, a amizade, a solidariedade e o humanismo, têm a oportunidade de melhor se manifestarem.
São valores que conduzem a comportamentos que se integram perfeitamente na realidade técnica, científica e paradigmática, porque o compromisso, responsavelmente assumido, também é real, ativo e um elemento fundamental nas boas-práticas.
De facto: «Na medida em que o compromisso não pode ser um acto passivo, mas praxis-acção e reflexão sobre a realidade – inserção nela, ele implica indubitavelmente, um conhecimento da realidade. Se o compromisso só é válido quando está carregado de humanismo, este, por sua vez, só é consequente quando está fundado cientificamente. Envolta, portanto, no compromisso do profissional, seja ele quem for, está a exigência de seu constante aperfeiçoamento, de superação do especialismo, que não é o mesmo que especialidade. O profissional deve ir ampliando seus conhecimentos, em torno do homem, da sua forma de estar no mundo, substituindo por uma visão crítica a visão ingénua da realidade, deformada pelos especialismos estreitos.» (FREIRE, 1983:21).
Valores, regras, boas-práticas, fruição de direitos, cumprimento de deveres, constituem aspetos exclusivos da condição humana, enquanto entidade pensante, comprometida, dialogante e cooperante com os seus iguais, em particular; e com toda a natureza, em geral. nada nem ninguém substitui o ser humano em plenitude.
O comportamento, adequado a tais dimensões humanas, deve ser adquirido ainda no berço e sempre melhorado. O homem, antes de mais, é um ser pensante, atuante, interrogativo e esclarecedor; problemático e solucionador; material e espiritual. Os sucessivos obstáculos, que lhe surgem ao longo da vida, vão sendo vencidos, contornados, adiados ou ignorados, mas o seu pensamento vai estar presente e previamente a qualquer solução prática, técnico-científica.
O homem é um ser comprometido com a reflexão, com a praxis e, correlativamente, com os domínios disciplinares da educação, da formação, da filosofia, esta, uma área do conhecimento com um percurso milenar, porque ela: «(…) exige um processo no qual toma distância com o problema para poder compreendê-lo totalmente e ver a sua implicação em nossa vida concebida como um todo. (…) se a filosofia é o que nos instrui a viver, e que é instrutiva tanto na infância quanto para as outras idades, porque não se transmite?” (Montaigne). “Será porque os poderes de todos os tipos temem que os indivíduos descubram seus recursos internos e se ponham a pensar por si próprios?» (COHEN-GEWERC, (2007:61).
Os comportamentos técnicos, científicos, paradigmáticos e da especialização, certamente serão muito melhor compreendidos, e proporcionarão um bom ambiente humano na comunidade técnico-científica, se forem integrados num contexto humanista, a partir da interdisciplinaridade.
A ciência e a técnica, no que à educação e formação profissional respeitam e forem aplicáveis, muito podem beneficiar e com elas os seus executivos se, desde bem cedo, se ensinar as crianças a pensarem, a serem críticas construtivas perante os factos reais, objetivos e quantificáveis, que são apresentados pelas denominadas ciências exactas.
Uma nova filosofia para a educação implica estudo e práticas filosóficas, também estas o mais cedo possível na vida de cada pessoa. As crianças devem ser um alvo preferido, dado que nas suas precoces idades estão receptivas à curiosidade, a tudo o que é novo, são especialistas na arte dos “porquês”, então a filosofia deveria ser um domínio disciplinar do conhecimento que, transversalmente, se inter-relacionaria com todas as restantes áreas da atividade humana, por isso se justifica que: «A proposta de ensinar filosofia às crianças está na prática do desenvolvimento do bem pensar ou pensar bem, das nossas habilidades cognitivas.» (PAGENOTTO, 2006:23).

Bibliografia

COHEN-GEWERC, Elie, (2007). “Problema e Filosofia”. In Filosofia, Ciência & Vida. São Paulo: Escala. Nº 6, pp. 60-61
FREIRE, Paulo, (1983). Educação e Mudança. 8ª Ed. Trad. Moacir Gadotti e Lillian Lopes Martin. Rio de Janeiro - Brasil
KNELLER, George F., (1979). Introdução à Filosofia da Educação. 5ª Edição revista e actualizada. Nova Tradução. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar Editores
PAGENOTTO, Maria Lígia (2006). “Perguntas Constantes. Respostas Necessárias”. In Filosofia, ciência & vida. São Paulo: Escala. Nº 1, pp.16-23

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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domingo, 6 de outubro de 2013

Retribuir as Gentilezas

Os “pequenos-grandes” sinais dos verdadeiros amigos (daqueles que nos são solidários; nos têm sincera e carinhosa amizade; nos são leais e estão incondicionalmente do nosso lado), que se podem receber ao longo da existência terrena, também se revelam em momentos, datas e períodos importantes da vida: um simples telefonema, um e-mail, um “bilhetinho”, uma carta, um singela flor do campo, uma prendinha, um abraço afetuoso, um beijo terno, de verdadeiro “Amor-de-Amigo”, enfim, um gesto de consideração, de estima, de simpatia, que faz toda a diferença, entre quem é conhecido, colega, ou amigo muito especial.
É extremamente difícil, se não mesmo impossível, suportar a indiferença, a rejeição, o esquecimento. A dor é tanto mais profunda e o desgosto tanto mais intenso e duradouro, quanto mais nós gostamos das pessoas que nos ignoram. Abrem-se “feridas” que ficam a “sangrar” durante muito tempo, e que mesmo que se “curem”, a “cicatriz” da mágoa, vai permanecer para o resto da vida. É uma provação que não se pode desejar aos nossos maiores inimigos.
Ainda que num outro contexto, é fácil e gratificante concordar-se com a seguinte poesia: «Homem, ama quem te ama, na permanência do tempo, / Aquela que jamais te esquece, nem te abandona órfão, (…)» (VASCONCELOS, António da Rocha, in www.caminha2000.com Link “Poesia: Socialização”, N. 643, 06/12 Jul.2013. De facto é essencial para a felicidade possível, sermos retribuídos nos nossos sentimentos, ações, comportamentos e valores!
Ao longo da vida, vamos experienciando de tudo um pouco: desde a amizade sincera, de um ou outro amigo, verdadeiramente solidário, leal, apoiante, cúmplice e grato; também surgem aquelas outras pessoas que, num dado momento, parecem realmente nossas amigas mas que, mais tarde, quando já não lhes servimos para mais nada, nos desprezam e, eventualmente até nos criam um ambiente de insuportável desconforto social, moral e pessoal para, finalmente, convivermos com aquelas que por nós nunca nutriram qualquer tipo de simpatia, amizade ou um sentimento específico.
As relações humanas, de facto, são muito complexas, porque: não existem duas pessoas exatamente iguais; cada pessoa tem os seus princípios, valores, sentimentos e emoções, que as levam a reagir de formas diferentes; subsistem, também as culturas: nacionais, regionais e locais, as microculturas; a educação e formação, quer ao nível das famílias, quer a que é adquirida em contexto escolar.
Igualmente, são diferentes; a atividade profissional, o estatuto dela resultante e o que através destes dois instrumentos se consegue, determinam um posicionamento na sociedade que abre, ou reduz, o leque de influências; as preferências religiosas, políticas e clubísticas, que envolvem autênticas massas humanas, quando se realizam eventos, com elas relacionados, colocam os seus aderentes em sintonia e solidariedade, ou em divergência e conflito, cujas consequências nunca se sabe quais serão.
Por isso, em cada etapa da nossa vida, é da mais elementar coerência fazermos um balanço retrospetivo e uma antevisão do que desejamos para nós, para a nossa família, para os nossos verdadeiros amigos e para a sociedade, cabendo-nos, em relação ao passado: a) retirar as ilações de tudo o que de bom e de mal foi feito; b) refletirmos no presente, todavia, este sempre em movimento para o futuro; c) o que deveremos projetar, por forma a conseguirmos viver numa sociedade mais humana, mais tolerante, mais justa, no respeito pelas opções e dignidade da pessoa humana que connosco, afinal, continuará a conviver.
Caminhando nós para o “fim da linha da vida física”, haverá para os crentes, uma possibilidade de esperança, numa outra dimensão, a espiritual, para a qual nos poderemos, e deveremos, preparar nesta vida terrena, através da prática das virtudes que são exclusivas do ser humano, pelo menos tanto quanto se pode saber. Há, portanto, um outro projeto a preparar, um outro rumo a seguir.
Tudo o que aqui fizermos, poderá, então, refletir-se nesse outro projeto, beneficiar a caminhada num rumo bem melhor. Os crentes, os praticantes, devem ser os primeiros a dar estes bons exemplos. Neste caminho para o transcendental, há virtudes que importa, rapidamente, tentar exercer e, nesse sentido, podem transcrever-se algumas que se tornam fundamentais para a nossa boa convivência neste rápido percurso existencial:
1ª) «A Benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são a manifestação. Entretanto, não é preciso fiar-se sempre nas aparências; a educação e o hábito do mundo podem dar o verniz dessas qualidades. Quantos há cuja fingida bonomia não é senão máscara para o exterior, uma roupagem cuja forma premeditada esconde as deformidades ocultas! O mundo está cheio dessas pessoas que têm o sorriso nos lábios e o veneno no coração; que são brandas contanto que nada as machuque, mas que mordem à menor contrariedade; cuja língua dourada, quando falam face a face, se transmuda em dardo envenenado, quando estão por detrás.» (KARDEC, 2010:127-27).
2ª) «A Misericórdia é complemento da doçura, porque aquele que não é misericordioso não saberia ser brando e pacífico; ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. O ódio e o rancor denotam uma alma sem elevação, sem grandeza; o esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada; que está acima dos insultos que se lhe pode dirigir; uma é sempre ansiosa, de uma suscetibilidade desconfiada e cheia de fel; a outra é calma, cheia de mansuetude e de caridade.» (Ibid.:132).
3ª) «A indulgência não se ocupa jamais com os atos maus de outrem, a menos que isso seja para servir, e tem ainda o cuidado de os atenuar tanto quanto possível. Não faz observações chocantes, não tem censura nos lábios, mas somente conselhos, o mais frequentemente velados.» (Ibid.:139).
4ª) «A Caridade é a virtude fundamental que deve sustentar todo o edifício das virtudes terrestres; sem ela, as outras não existem. Sem a caridade não há esperança num futuro melhor, nem interesse moral que nos guie; sem a caridade não há fé, porque a fé não é senão um raio puro que faz brilhar uma alma caridosa.» (Ibid.:178).
Praticar tais virtudes, entre muitas outras, independentemente de sermos, ou não, crentes, parece o comportamento ideal nos tempos tão conturbados que o mundo em geral atravessa, a sociedade portuguesa, em particular, está a viver e, muito especialmente, as atitudes exacerbadas, difamatórias e ofensivas à honra e bom nome das pessoas que, em pequenas comunidades locais, se fazem sentir. É importante que se passe das palavras, das boas intenções aos atos, porque assim todos seremos credibilizados nas nossas múltiplas atividades.

Bibliografia

KARDEC, Allan, (2010). O Evangelho Segundo o Espiritismo: contendo a explicação das máximas morais do Cristo, sua concordância com o Espiritismo e sua aplicação nas diversas situações da vida. Trad. de Albertina Escudeiro Sêco. 4ª Edição. Algés/Portugal: Verdade e Luz – Editora e Distribuidora Espírita. 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Portugal: http://www.caminha2000.com  (Link’s Cidadania e Tribuna)