domingo, 25 de outubro de 2015

Preparar o Futuro


É normal que qualquer pessoa, minimamente consciente quanto ao seu bem-estar, se preocupe com o futuro, que deseje o melhor: para si própria; para os seus entres queridos e amigos verdadeiros. A busca incessante para alcançar uma vida condigna, com sucesso material e imaterial, constitui, assim, um caminho a percorrer ao longo da sua existência.
Trata-se, portanto, de preparar o melhor possível, um futuro promissor e, apesar de ser bastante difícil que alguém possa predizer o que vai acontecer no dia seguinte, a verdade é que é necessário ter ideias claras, projetos que sejam aceitáveis e razoavelmente exequíveis, porque de contrário a vida será uma rotina de vazios e inutilidades.
O futuro apresenta-se cada vez mais próximo, hoje mesmo ainda temos o futuro, que se impõe em diversas atividades e contextos: «Portanto, estaremos percorrendo, de maneira cada vez mais veloz, uma estrada que conhecemos cada vez menos. Por isso mesmo, antecipar os cenários futuros em uma distância consistente de tempo será um atributo não teórico, mas ligado ao verdadeiro diferencial competitivo das organizações. (e das pessoas, sublinhado meu)» (VIANA & VELASCO, 1998:163).
Preparar o futuro significa atualização permanente, em vários domínios e, desde logo, no que concerne a conhecimentos, experiências e tecnologias práticas, o que pressupõe estudo, investigação e investimento. As teorias e os paradigmas são substituídos a um ritmo alucinante, dir-se-ia que em cada dois anos a desatualização pode atingir os cinquenta por cento, se não houver o cuidado de acompanhamento permanente da evolução científica e tecnológica.
Por exemplo, se se analisar a preparação do futuro, no mundo dos negócios pode-se constatar que: «A conjugação e a intermultiplicação das cinco grandes evoluções do momento – telemática, globalização, país real do real, gestão e organização e natureza humana, somadas a outras tantas sub-revoluções ou levantes – ética, maturidade da população, violência, tráfico de drogas, dualização da sociedade, ecologia –, mudarão drasticamente o rumo dos negócios nos próximos anos.» (Ibid.:166).
E se para os mais supersticiosos o adágio popular, segundo o qual: “o futuro a Deus pertence” é uma realidade, outro tanto não se verifica com os audaciosos, porque estes, efetivamente, de forma relativamente organizada, preparam o futuro, inclusive, e se possível, já para hoje, embora saibam que certos projetos, carreiras profissionais, profissões liberais, entre outras, levam o seu tempo para atingir o topo e a respetiva consolidação.
Como quer que seja, o futuro pode e deve ser preparado, principalmente por quem e para quem não está acomodado a uma qualquer “situação” de pouca relevância, ou à espera que tudo aconteça, como que por milagre. Acredita-se que a maioria das pessoas, mesmo aquelas mais conformadas, faz alguma coisa pelo futuro, até porque a vida tem de ser minimamente programada e, se possível, com alguma antecedência.
Quando procuramos elaborar previsões para o futuro, certamente que desejamos os melhores resultados, de tal forma que possa haver superação das expectativas iniciais e na verdade: «Quanto mais trabalhamos na estratégia e no planejamento das organizações (e também das pessoas, sublinhado meu), mais chegamos à conclusão de que a arte de antecipar fatos futuros é um fator crítico de sucesso na construção de uma trajetória sustentada de longo prazo para as organizações. Acertar a direção do futuro passa a ser uma diferenciação efetiva para as organizações criarem o sucesso desejado.» (Ibid.:175-76).
O futuro, realmente, não se adivinha, mas em circunstâncias muito específicas, e favoráveis, é possível prever, porque mediante a reunião de certas causas, os respetivos efeitos são praticamente conhecidos, com alguma antecedência, o mesmo será dizer que se cada pessoa iniciar um determinado projeto de vida, é expectável que espere determinados resultados a curto, médio e longo prazo.
É provável que grande parte das pessoas, organizações, comunidades e países se preparem constantemente para o futuro, até porque só assim é que o progresso científico e tecnológico têm condições para evoluir. O futuro não se prepara na estagnação e muito menos com retrocessos negativos. O futuro prepara-se, dinamicamente, no presente, recorrendo ao passado sempre que com ele se possa extrair algo que interessa, para melhorar procedimentos, projetos e resultados.
Analisar a preparação do futuro, numa perspectiva individual, implica identificar alguns traços de personalidade, para se chegar a eventuais conclusões sobre as possibilidades de sucesso. Assim, reconhece-se que é fundamental que os indivíduos: «Gostam de si próprios – Têm auto-estima elevada e consideram-se mais éticos, mais inteligentes, menos preconceituosos, mais sociáveis e mais saudáveis que a maioria. Sentem-se capazes de controlar suas próprias vidas – muito confiantes, são melhores na escola, realizam mais trabalho e lidam melhor com o stresse. (…) São otimistas – (…) pessoas positivas enfrentam sempre os novos empreendimentos com confiança e são, em geral, mais saudáveis, felizes e bem-sucedidos. São extrovertidos – independentemente de viver sozinhos ou não, no campo ou em cidades, em trabalho solitário ou em equipes, são mais felizes do que os introvertidos.» (Ibid.:143).
Naturalmente que as características psicológicas, e também físicas, de uma pessoa constituem fatores favoráveis à elaboração, planeamento e concretização de projetos de vida, e que estes possam ter melhores condições de sucesso, porque a autoconfiança gera segurança, otimismo e determinação, alimentando, inclusivamente, um estado de espírito de felicidade.
Tudo indica que: «Hoje, experiências comprovam que, ao agir como se fossem dotados de elevada auto-estima, os indivíduos acabam desenvolvendo um melhor sentimento sobre si mesmos. No mundo do futuro, em que o ser humano será cada vez mais valorizado, o domínio dos mecanismos que levam à felicidade será prioritário e percebido como um verdadeiro fator crítico de sucesso de vida. Nestes novos tempos, ser bem-sucedido estará intrinsecamente vinculado a ser feliz.» (Ibid.).
Quando se invoca a necessidade de preparar o futuro, seguramente que se pensa em muitas situações: sejam de natureza material; sejam de ordem imaterial, no sentido de se conseguir os melhores resultados e aqui se inclui, também, determinados valores e sentimentos, nos quais se podem integrar, realmente, a felicidade, independentemente do conceito que dela se tiver.
Um futuro de incertezas, de fracassos e de infelicidade, obviamente que ninguém o deseja, mas para que tal não aconteça é necessário que cada pessoa se rodeie das melhores ideias, dos apoios mais concretos e dos colaboradores certos, até porque não será conveniente que se prepare o futuro isoladamente, por isso é muito importante a troca de impressões com pessoas de total confiança e que, acima de tudo, nos queiram bem.
Na preparação do futuro, não se pode ignorar esse valor fundamental para a vida, e que é a felicidade. De pouco adiantará ter imensos sucessos materiais se não se desfrutar da felicidade, porque mesmo que o conceito seja maioritariamente no domínio material, haverá sempre um espaço que terá de ser preenchido com outras situações, valores e sentimentos, tais como a saúde, o amor/amizade sinceros, a solidariedade, a lealdade, a gratidão, a justiça, a paz, entre outros e, talvez por isso mesmo, seja difícil viver com total felicidade.
Poder-se-á afirmar que não haverá grandes segredos para se viver com felicidade, e que, por exemplo: «O perdão é, sem dúvida, a porta de entrada no grande espaço da harmonia e da felicidade humana. Quem perdoa efetivamente traz em seu coração o selo marcante da mensagem cristã. Suas palavras encontram ressonância de valor eficaz nas suas ações, que enaltecem e dignificam os homens.» (FRANCESCHINI, 1996:138).
Na preparação do futuro, e ao implementar-se no terreno um projeto que foi elaborado com determinados objetivos, é muito provável que nem tudo resulte como planeado. É, igualmente, possível que se cometam erros, mas não convém ignorar que: «Errar é humano e são essas experiências, muitas vez, até importantes para o efetivo crescimento humano, pois os erros são trampolins para o sucesso em todos os sentidos e norteiam os caminhos próprios e mais indicados para as conquistas da alegria de viver.» (Ibid.).
Preparar o futuro envolve riscos, exige maturidade, responsabilidade, pressupõe conhecimentos e experiências, para se avançar com alguma segurança e obterem-se resultados positivos: tanto para a própria pessoa; como também para uma instituição e outras pessoas, eventualmente envolvidas. E se o futuro: “a Deus pertence” o homem já tem algumas hipóteses de prever diversas situações e em função delas, melhorar sempre os seus projetos, com elevada auto-estima e respeito por si próprio. “O homem sonha, Deus quer e a obra nasce”.

Bibliografia.

FRANCESCHINI, Válter, (1996). Os Caminhos do Sucesso. 2ª Edição, Revista e Ampliada. São Paulo: Scortecci.
VIANA, Marco Aurélio Ferreira, & VELASCO, Sérgio Duarte, (1998). Futuro: Prepara-se. Cenários e Tendências para um Mundo de Oportunidades. 3ª Edição. São Paulo: Editora Gente.

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domingo, 18 de outubro de 2015

Rumos para o Sucesso


A “navegação” que a maioria das pessoas faz durante a vida tem como principal “rumo” um “porto” denominado sucesso. Neste imenso mar da vida, nem toda a gente consegue o êxito que deseja e, por vários motivos: dificuldades de automotivação; acidentes de percurso de vária ordem; doenças; falta de apoio psicológico, moral e também material; indefinição quanto aos objetivos a alcançar, baixa autoestima, entre outras circunstâncias.
O sucesso, qualquer que seja a sua natureza, material ou imaterial, projetos a implementar, objetivos a atingir, meios a utilizar, em parte depende sempre da pessoa, das expectativas criadas de contrário: «Infeliz do homem com uma visão mesquinha do sucesso. Na verdade o sucesso exige uma interpretação abrangente e se complementa na realização dos elevados objetivos da vocação humana, materializada na missão idealizadora em conquistas justas e honestas, respeitados os anseios da sobrenaturalidade. Para alcançar cada vez mais o sucesso, é necessário acreditar na capacidade que cada um tem e da forma específica» (FRANCESCHINI, 1996:11).
Um dos rumos do sucesso poderá ser o que conduz à felicidade, definindo primeiro o seu conceito, porque este valor, a que todas as pessoas aspiram, não será realmente igual para todas elas, podendo, embora, partir-se de uma noção elementar que aponta a felicidade como um estado de espírito livre de tristezas e estar de bem consigo próprio.
Na verdade: «Iremos encontrar dificuldades para compreender bem a felicidade, se fizermos com ela uma ligação direta de prazer. Seria muito superficial afirmar que são falsas aquelas ideias que consideram como fontes da felicidade condições humanas essenciais para que o homem possa viver bem. É claro que dentre dessas fontes, temos a saúde, o dinheiro, os bens e várias outras condições que nos proporcionam prazer como viagens, lazer, convivência familiar, farta alimentação, entre outras» (Ibid.:21).
Analisar a felicidade, apenas na perspectiva material, pode não ser suficiente para se chegar a um bom porto, porque, por si só, isso não constituirá o sucesso pleno, de resto: «aqueles que colocam as fontes da felicidade só e unicamente nessas coisas materiais e FINITAS sempre terão dentro de si um vazio que corresponde ao lugar reservado à efetiva e completa felicidade.» (Ibid.:23).
É claro que os rumos do sucesso são muitos e variados, dependendo de cada pessoa estabelecer, para si própria, o que quer obter da vida, com êxito e depois lutar com todos os meios ao seu alcance, devendo saber, todavia, que em absoluto será muito difícil atingir os objetivos, previamente definidos, que tanto podem ser em contexto material e/ou imaterial.
Quaisquer que sejam os projetos de vida, vai ser sempre necessário uma boa dose de tranquilidade, de equilíbrio e conseguir estabelecer a concórdia na sociedade, o que poderá transformar-se, igualmente, num rumo de vida com destino ao sucesso, porque vai ter mais possibilidades de viver longos anos e, eventualmente, concretizar muitos projetos.
Em bom rigor tudo indica que: «O homem que consegue apresentar-se agradável e alegre disposição de espírito, mesmo diante das adversidades da vida, é, sem dúvida, um felizardo e sério candidato à longevidade, além de ser uma grande influência benéfica no bom relacionamento humano caracterizado em importante parâmetro na arte de bem viver.» (Ibid.:25).
Admite-se que muitas pessoas tenham atingido um sucesso relativo, por via dos seus projetos mais modestos e, dentre estes, aqueles que são de natureza imaterial e que, talvez, não exigem grande esforço pessoal. Não será, necessariamente, obrigatório que se lute por um sucesso grandioso, a partir de um projeto megalómano, porque será sempre essencial desenvolver alguma atividade, para se alcançarem os respetivos resultados positivos.
O sucesso é incompatível com a paralisação do sujeito: «O homem não pode permanecer estagnado no seu crescimento interior e, com isso, transformar todos os seus valores em desespero, continuar a sofrer, exercer atividades destrutivas com uma visão de vida amorfa e mórbida. O homem não deve manter a sua vida nesse vácuo mental dilacerante e doentio.» (Ibid.:30).
Aguardar, indefinidamente, que o sucesso “bata à porta” ou “caia do céu” é uma atitude que, a curto prazo, poderá conduzir a uma situação de irreversível apatia e se assim acontecer o rumo só transportar para à inoperância, à alienação física e mental, ao desânimo e, finalmente, ao fracasso.
É sabido que: «O desânimo é desgastante e com tamanha força corrosiva no viver que enfraquece e derrota qualquer projeto de vida, por mais fascinante que ele seja. Aliás, elaborar esse projeto já fica difícil para o desanimado. Além de abalar a resistência física, o desânimo amarrota e dilacera o psiquismo. O desânimo é exatamente a programação ou a reprogramação mental negativa» (Ibid.:33).
Os rumos para o sucesso não podem, portanto, comportar atitudes de hesitação, receio, baixa autoestima, desmotivação, pelo contrário para se vencer nesta “navegação” difícil, incerta e, quantas vezes, arriscada, é necessário ter bastante coragem, determinação e interiorizar-se muito bem os objetivos e os recursos a utilizar-se.
O êxito é algo que poderá estar acessível a qualquer pessoa desde que ela deseje lutar por esse desiderato, e que à partida saiba muito bem com o que pode contar, sendo, igualmente, certo que também há quem considere sucesso: ter uma vida equilibrada, sem sobressaltos; ter um emprego estável e algumas economias para combater a doença e outras situações. Nesta perspectiva, pode tratar-se de um sucesso de boas rotinas, algo linear e muito pouco reconhecido pela sociedade.
Qualquer rumo para o sucesso implicará sempre tomada de decisão, ação, entusiasmo porque: «É preciso agir e cair na real. É fundamental entender que todos têm capacidade para alcançar muitas vitórias. Todos têm capacidade para tanto e todos são destinados para o sucesso integral, para viverem equilibrada e gostosamente. É fundamental ir em busca de soluções e recorrer ao auxílio profissional adequado, se assim for necessário. O que não pode é ficar estático, parado e sem ação, esperando as coisas acontecerem e surgirem como por encanto.» (Ibid.:34).
Há quem identifique sucesso com a sorte, e outros, ainda, afirmam que a “sorte dá muito trabalho”. Na verdade os dois conceitos são muito simples, porque o êxito, em qualquer atividade ou projeto, vai depender de diversas condicionantes e, certamente, um pouco de sorte com muito trabalho e algum apoio, vão permitir conseguir-se melhores resultados, sem dúvida.
Lutar pelo sucesso, ao longo da vida, deverá ser um dos principais objetivos de qualquer pessoa, na medida em que: «Não importa quantas vezes falhamos. Importa as vezes que acertamos. Lembremos que uma das novas atitudes a aprender é focar a atenção sobre o sucesso, sobre o bom, sobre o perfeito. O erro, o medo, o fracasso e o limite são estranhos à nossa realidade verdadeira. São esses que estão a mais, são os intrusos que deixamos entrar para nos destabilizar.» (FERREIRA, 2002:218).
Se é certo que ninguém deseja o fracasso, que se evita errar, também é verdade que quando assim acontece, isso funciona, em muitas pessoas como um estímulo, no sentido de não desistir e tentar tudo por tudo para que o sucesso não lhe escape. Claro que para outras pessoas, o fracasso conduz ao desânimo e ao abandono dos projetos, podendo, inclusivamente, levar a situações drásticas e irreversíveis.
Quem busca o sucesso em sua vida não pode (e não deve) viver com pensamentos negativos, que nada beneficiam os resultados positivos que se desejam alcançar, a partir de um determinado projeto de vida, ou de uma atividade que se pretende desenvolver até se atingir o topo da respetiva carreira profissional.
O êxito exige, quase sempre, sacrifícios, determinação e apoios vários, até porque, hoje em dia, ninguém consegue fazer o que quer que seja isoladamente. Assim: «O sucesso, é claro, depende do esforço de cada um no exercício efetivo das atividades mentais, fundamentalmente na vivência dos seis conceitos básicos – paz, carinho, compreensão, humildade, amor, perdão – que solidificam o amor e desembocam na PAZ, viga mestra para a harmonia social e condição básica para alcançar o grande ideal de todos: a eternidade.» (FRANCESCHINI, 1996:42).
Adotando conceitos descodificados, e o mais simples possíveis, pode-se aceitar que de facto: o sucesso, seja ele qual for, é um bem que tanto pode ser material como imaterial; exige atitudes firmes, pensamentos positivos e clarividentes; pressupõe uma relação com outras pessoas e situações que intervêm direta ou indiretamente; postula a existência de um projeto bem delineado e que seja exequível; envolve alguma dose de sorte; utilização de recursos variados e apropriados e uma grande força de vontade, conjugada com muito trabalho; o sucesso, raramente “bate à porta” de alguém e, dificilmente, “cai do céu”, dentro de uma “bandeja de prata”.

Bibliografia.

FERREIRA, Maria Isabel, (2002). A Fonte do Sucesso. Cascais: Pergaminho.
FRANCESCHINI, Válter, (1996). Os Caminhos do Sucesso. 2ª Edição, Revista e Ampliada. São Paulo: Scortecci.  
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domingo, 11 de outubro de 2015

Idade da Vida


Refletir sobre a “Idade da Vida”, pode parecer um exercício simples, a partir da ideia, segundo a qual, ela estará inserta em vários documentos pessoais e não só: nasceu no dia tal, de um determinado ano e, fazendo as contas até ao presente, obtém-se uma idade, dita cronológica e que hoje em dia corresponderá à verdade, todavia, haverá uma diferença substancial entre quem vive intensamente e diversificadamente e quem se deixa comandar por um certo comodismo rotineiro, monótono e, praticamente, inalterável, dia-após-dia.
Habitual e oficialmente, a idade que é aceite consta de um documento de identificação que, por vezes, nomeadamente para efeitos de empregabilidade, e não só, prejudica quem tem uma idade cronológica certificada mais avançada, independentemente das condições físicas, psicológicas e intelectuais, sabendo-se que, designadamente, por exemplo, em Portugal, quem tem quarenta ou mais anos de idade já é considerado velho para trabalhar e muito novo para se reformar, resultando daqui, uma inqualificável discriminação negativa, para as pessoas naquelas circunstâncias.
A sociedade também está estratificada por idades. A pirâmide etária da população contempla: crianças, jovens, adultos e idosos, sendo que um país poderá ser tanto mais promissor e sustentável, quanto a sua elevada taxa de natalidade e, portanto, uma pirâmide com uma base alargada, assegura uma demografia em crescimento, em vários contextos de abordagem: equilíbrio entre quem “chega ao mundo” e quem está prestes a “partir”; tentativa de adaptação entre gerações; melhores condições de vida para os mais velhos, se os mais novos tiverem por eles um mínimo de respeito e consideração, de resto, como se costuma dizer: “o mundo é das crianças e dos jovens”, aliás: «A vida é tanto mais longa quanto maior for o coeficiente de bem-estar material e espiritual que possamos dar à existência do velho» (FARIA, 1973:20).
Por outro lado, a idade biológica também é um outro elemento muito importante na vida de cada pessoa, e determinante quanto ao envelhecimento, porque existe uma diferença entre as duas idades: cronológica e biológica, a saber: «A idade cronológica está relacionada simplesmente ao tempo de vida que uma pessoa possui. Já a biológica está relacionada ao envelhecimento das células que, por sua vez, está diretamente ligado aos hábitos e qualidade de vida. E essa idade biológica poderá ser corrompida por fatores evitáveis que interferem na idade cronológica e causam o desequilíbrio» (in http://rspress.com.br/health4life/idade-cronologica-x-idade-biologica/ em 05.08.2015).
Preconceituosamente, pauta-se a existência humana entre dois extremos: os jovens e os idosos, intermediando entre eles o que vulgarmente se designa por adultos, aqueles que estão ou pretendem ingressar no mundo do trabalho, desenvolver uma atividade profissional, e depois atingirem uma idade que lhes permita viver sem trabalhar, através da atribuição de uma reforma, pelos anos de descontos para um sistema de segurança social.
Com alguma frequência, observa-se haver um certo desfasamento entre os mais velhos e os mais novos, talvez porque determinados princípios, valores e sentimentos não foram incutidos logo à nascença e pela vida fora. Com efeito: «O que em verdade se verifica é a incompreensão, a intolerância, para não dizer mesmo a falta de solidariedade, dos mais moços, em relação aos mais velhos, esquecendo-se que a juventude passa depressa e que amanhã entrarão também no outono da vida, aptos portanto a receberem o mesmo menosprezo e o mesmo apodo da geração que os antecedem.» (Ibid.:76).
Na perspectiva da possibilidade de colaboração efetiva à sociedade, a vida, realmente, não terá idade, não se compreendendo as razões porque a partir de certas idades são dificultadas a prestação de determinadas tarefas, e a continuação do exercício de funções desempenhadas ao longo de uma carreira profissional. Mentalidades que defendem estas e outras posições, contra o aproveitamento de conhecimentos, experiências e sabedoria dos idosos, de facto em nada contribuem para uma sociedade mais justa e desenvolvida.
É sabido que: «O velho quando está em condições de colaborar com o governo não sabe como viver. Fecham-lhe todas as portas, impossibilitando-o assim de prestar serviços e de ser útil à comunidade, quando ainda se sente apto para o trabalho. Cria-se desse modo o preconceito de que só os moços têm direito à vida ativa e que os velhos devem ser marginalizados. Os que não podem portanto tirar partido de suas próprias iniciativas, não encontram os meios de subsistência necessários nos diversos setores de atividade humana.» (Ibid.:85).
A indiferença com que a sociedade em geral, e os governantes e empregadores em particular, têm manifestado pelas pessoas mais idosas revela-se, precisamente, desde logo, no acesso aos meios de subsistência: seja para ampliar eventuais rendimentos; seja para adquirir o mínimo indispensável para viver com dignidade.
Reunidas determinadas condições, realmente a vida não pode ter idade, e se se pretende uma sociedade mais justa, mais competitiva, economicamente mais saudável, não se compreende como é possível a um país, dar-se ao luxo de dispensar mão-de-obra qualificada, experiente, responsável e sábia. Esta situação leva-nos a pensar que poderá haver uma gestão inadequada dos recursos humanos, até porque: “Ser idoso não significa ser doente ou inválido; assim como ser jovem não é forçosamente sinônimo de saúde”.
E se em algumas profissões, nomeadamente a nível da medicina, os médicos reformados podem continuar a trabalhar, sem corte nas pensões e auferindo mais um determinado complemento, então os mesmos critérios deveriam ser aplicados a outras profissões e atividades, porque de contrário estamos perante uma discriminação negativa, em que uns são portugueses de primeira; outros de segunda ou terceira categorias e, a ser assim, é inqualificável tal situação.
A vida não tem idade. A vida tem melhores ou piores condições para que ela proporcione as possibilidades, ou não, respetivamente, para que as pessoas possam continuar a trabalhar, a serem úteis à sociedade, ao bem-comum e não é afastando da vida ativa tais pessoas que a situação económica, a qualidade de vida e a sustentabilidade das instituições se conseguem.
Naturalmente que não se está a defender, nesta reflexão, que as pessoas se mantenham a trabalhar toda a vida, mas sim: a) enquanto tiverem saúde; b) assim o desejem; c) depois de atingirem um tempo mínimo para passarem à reforma, não necessariamente pelo método cumulativo, mas apenas quando atingir uma das condições: ou idade, ou tempo de serviço, ou tempo de descontos.
A partir daqui o sistema político governamental, empresários e empregadores, devem continuar a ter ao seu serviço pessoas que, apresentando-se em boas condições físicas, psicológicas e intelectuais, como já foi referido, queiram continuar a dar o seu melhor, porque uma política com estas características só traz benefícios para todas as partes: trabalhadores, Estado, Empregadores e a Sociedade.
A Vida não tem idade: «Ninguém envelhece enquanto não perde o interesse pela vida, enquanto o espírito não se sente envelhecido, enquanto o coração não se torna frio e indiferente. A arte de envelhecer é viver sem se sentir velho. É nos sentirmos ativos e seguros diante da vida» (Marden, in FARIA, 1973:108).
E se é possível medir o tempo cronologicamente, ao ponto de se poder definir qual a idade de uma pessoa ou de um acontecimento, a partir de um momento de referência, por exemplo: no que respeita à era d.C. (depois de Cristo) e, no nosso caso, afirmar-se que estamos no ano de 2015, outro tanto não se pode aceitar em relação à idade biológica que depende do estado de envelhecimento dos órgãos e células do corpo humano. Por outro lado o tempo dos sentimentos, das emoções, do sofrimento e do prazer é diferente de umas situações para outras.
Quando vivemos em sofrimento, o tempo parece que não “corre”, dizemos que é uma “eternidade”; mas se se viver uma situação inversa, de prazer e alegria, então o tempo “passa” rapidamente, e nem sequer damos por essa velocidade. De igual forma, quando desejamos muito alguma coisa boa, o tempo como que para, o que não acontece quando pressentimos que algo de mal está para acontecer, por isso também dizemos que o tempo é “psicológico”.
Evidentemente que não é possível ignorarmos certas situações de falta de saúde, em função das idades cronológica e também biológica. Com efeito, algumas doenças, muito típicas, surgem com mais frequência nas idades relativamente avançadas, enquanto que na maioria dos jovens e adultos, o que ocorre com mais assiduidade são os acidentes, podendo-se afirmar que: «Quando um velho está satisfeito com a vida, quando encontra prazer em viver, quando sente alegria em seu ambiente, a idade não existe. Muitos velhos felizes se surpreendem quando ouvem pela primeira vez alguém os chamar “de velho”. Até então nunca haviam pensado nisso.» (FARIA, 1973:162).
Seguramente que a realidade está patente ao nosso conhecimento, e se numa perspectiva espiritual, principalmente para os crentes, a vida não tem idade, a verdade é que todos sabemos que a vida física tem um princípio e um fim, é mais longa para umas pessoas, mais curta para outras ,e também se sabe que: «Uma vida longa não repousa apenas nos alicerces físicos do corpo, mas também na defesa da nossa mente, do nosso espírito. Não se pode alimentar o corpo quando o espírito trabalha mal.» (Ibid.:184).
Aceitando, portanto, a dualidade da vida: física e espiritual, é possível assumir uma posição consensual, segundo a qual, existe um limite para vida física e, provavelmente, uma eternidade, não quantificável, para a vida espiritual. Além disso, a partir do estado de espírito das pessoas, das suas atividades, também se pode afirmar que a vida não tem idade, embora, cronologicamente, a idade possa constar de documentos oficiais e, biologicamente, a degradação dos órgãos e células apontem para mais idade.

Bibliografia.

FARIA, Carlos Coelho de, (1973). A Vida não tem idade. Uma experiência a serviço da Gerontologia Social. 2ª Ed. São Paulo: Departamento de Geriatria D. Pedro II da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paula e Editora Bisordi. Ltdª.

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domingo, 4 de outubro de 2015

Participação Cívica


Ao longo dos séculos, o ser humano sempre revelou a sua dimensão política e, integrado nos mais diversos regimes, vem desenvolvendo esta sua capacidade ao serviço do bem-comum, pelo menos este seria o objetivo, admitindo-se, contudo, que nem sempre será assim, porquanto, às vezes, outros interesses, marginais à nobreza da política, interferem de forma negativa, ou seja: em benefício do agente político e/ou dos seus grupos, logo, em prejuízo da população a quem se destina a atividade política.
De entre os muitos e relevantes valores que caraterizam a cidadania: tolerância, solidariedade, coragem, abertura, lealdade, verdade, a Participação é um dos que, para além do mais, implica o cumprimento de um dever, mas também o exercício de um direito, que é o de intervir na vida pública, nas diversas instituições.
É uma tarefa em que todos deveriam estar envolvidos, com dignidade, naturalmente, ao serviço dos restantes concidadãos, com o objetivo de contribuir para o bem-estar da população, independentemente de estatutos, ideais, convicções, etnias, credos e filosofias de vida.
Participar é, portanto, intervir ativamente nos contextos cívico-político, educativo-profissional, sociocultural, desportivo-recreativo, filantrópico-beneficente, económico-financeiro e tantos outros. Importa, nesta breve reflexão, abordar a participação na vida pública comunitária, a partir dos instrumentos político-legais que a democracia coloca ao serviço dos cidadãos, na circunstância, fazendo parte de listas partidárias ou de cidadãos independentes, quando a lei o permitir, para a eleição de um determinado cargo, num dos diversos órgãos do poder, seja este: central, regional ou local.
Pretende-se, aqui, definir uma lógica de algum profissionalismo na política, na medida em que parece necessário, e importante, que se adquiram diversos conhecimentos, sobre as funções para as quais o cidadão se submete a sufrágio, e também significativas regras ético-deontológicas, que são imprescindíveis: para se lidar com os cidadãos em geral; com os adversários políticos, também com os utentes do organismo para o qual a candidatura se destina e, ainda, para a credibilização da política e de alguns dos seus agentes diretos.
Pensa-se que a participação na atividade política, com o mero objetivo de alcançar o poder, e a partir daqui exercê-lo em proveito próprio, ou para desenvolver ações em ordem a tirar desforras, realizar perseguições, vinganças e levar os adversários à humilhação e subjugação, é uma postura condenável. Esta não é a participação que se deseja, pelo contrário, quem assim vier a proceder, deve refletir muito bem sobre as consequências que, certamente, resultam de uma conduta tão irracional, quanto incorreta, injusta e antidemocrática.
A participação política e a disputa eleitoral envolvem regras fundamentais que devem ser observadas, quer pelos agentes políticos, quer pelo eleitorado, de tal forma que, em pleno século XXI se torna inadmissível quaisquer estratégias de difamação, ataques pessoais, conivência com pessoas e/ou com grupos de maledicência contra os adversários, intromissão na vida privada dos concorrentes e todo um conjunto de “esquemas” antidemocráticos e de política “rasteira”. Trata-se, portanto, do recurso à desonestidade, à falsidade, ao “Vale Tudo”. 
Por outro lado, quem se propõe participar na vida política ativa (ou institucional), deve preparar-se muito bem, conhecer razoavelmente as instituições que pretende dirigir, que recursos ela possui: humanos, financeiros, técnicos; a situação económica, o historial, para que desta forma possa evitar fazer promessas que depois não consegue cumprir e desculpar-se com o “esfarrapado” argumento de que: “afinal a situação era diferente”.
O candidato que assim procede, desculpando-se com a situação que não conhecia, mas que devia saber minimamente, portou-se incorretamente perante aqueles que nele acreditaram e, sendo assim, começa logo por revelar alguma incompetência e imaturidade, demagogia e irresponsabilidade, não vai ser compreendido. Pessoas desta natureza não interessam à boa governação e muito menos aos proveitos legais, legítimos e justos de um povo.
A participação ativa, competente, responsável, íntegra e eficaz é desejável, a todos os níveis, sem dúvida. Nesse sentido poder-se-á afirmar que não será qualquer pessoa, por muito boa vontade que tenha, que reunirá condições satisfatórias para assumir com dignidade, credibilidade e transparência o exercício de um cargo público, porquanto, outros requisitos, aliás, já mencionados são, igualmente, importantes e decisivos para a boa gestão.
 É por isso que aqui se invoca, como boa-prática, que um candidato a um determinado cargo passe, primeiro, por outras tarefas, imediatamente inferiores àquela a que se está a candidatar e, se possível, no âmbito de um mesmo poder, por exemplo, o poder local, para o qual existem três eleições: Assembleia de Freguesia (de cuja lista vencedora, sai o Presidente da Junta de Freguesia); Assembleia Municipal e Câmara Municipal. Este poderia ser o percurso aconselhável, não, necessariamente, obrigatório.
Realmente, a experiência é importante, a idade também, todavia, não serão critérios exclusivos, nem eliminatórios, até porque, por vezes, muito traquejo num determinado cargo, poderá conduzir ao aparecimento de vícios em quem exerce um cargo público, durante muitos anos: acomodação, estagnação, rotina, favorecimentos, influências, entre outros.
O ideal seria sempre a conjugação da idade com a experiência; a inovação, a criatividade e o entusiasmo dos mais novos, até para: por um lado, não haver quebras de qualidade e eficiência na governação; por outro lado, colocar em prática novas ideias, projetos mais desafiadores e objetivos mais arrojados.
A participação na vida pública não pode, portanto, ser um ato isolado, de uma só pessoa, por muito inteligente, experiente e madura que ela possa ser. O envolvimento na vida política (e/ou institucional), através de equipas bem constituídas, que saibam trabalhar por objetivos, claramente definidos, aplicáveis e realizáveis no tempo e no espaço será, porventura, a melhor solução, a que servirá com mais sucesso os interesses de um povo, independentemente das ideologias que possa defender.
Claro que em qualquer equipa haverá um líder, que para o efeito terá de possuir caraterísticas muito especiais, qualidades acima da média, valores consentâneos com uma democracia participativa mas também com uma cultura, com usos, costumes e tradições, que devem ser apoiados e respeitados.
Caberá a este líder constituir a sua equipa e aqui destaca-se uma primeira qualidade, que deve possuir e exercer: escolher pessoas que pelo seu perfil possam dar credibilidade e segurança à equipa e transmitir uma ideia de confiança, competência, empenhamento e tolerância. Uma equipa de pessoas moderadas, educadas, consensuais, leais para com as restantes equipas, na circunstância, para com as oposições.
Depois, o líder deverá ser realmente democrático, despojando-se, liminarmente, de todo e qualquer preconceito negativo, resistir às tentações da repressão, da perseguição e da vingança contra os adversários, todavia, será legítimo e mesmo desejável que não ignore os seus apoiantes, vencedores e vencidos, porque foi pelo somatório das partes que ele chegou ao poder, além de lhe terem sido solidários, terem “dado-a-cara” por ele e pelo seu projeto.
Deverá, igualmente, saber ouvir, melhor, saber escutar, compreender, admitir, aceitar, respeitosa e humildemente, a crítica, porque é fundamental que esteja disponível para resolver os problemas de quem lhos apresenta, independentemente de serem pessoas das suas simpatias político-partidárias, ou até de nele, presumivelmente, não terem votado, porque a partir do momento da eleição, aquele líder, se foi o vencedor, passa a ser o presidente de toda a comunidade eleitoral em que está integrado, no território que vai governar.
A cidadania enquanto: “Adaptação da consciência para o exercício de deveres e de direitos, em liberdade e com responsabilidade”, implica uma participação coerente com os valores da democracia e da dignidade humana. A cidadania não se exerce pela violência caluniosa, nem pelo escrutínio das vidas privadas dos adversários e das famílias. A Cidadania pratica-se pela participação ativa com ideias, projetos, crítica construtiva, sempre no sentido do bem-comum.
Torna-se imprescindível que haja coerência, e esta, em parte, resulta do caráter das pessoas, na circunstância, do líder e de toda a equipa que o acompanha. Será na coerência das ações que o líder melhor e mais seguramente se revela. É certo que a pessoa de caráter tem profundas preocupações éticas, morais, cívicas, democráticas, o que lhe permite granjear respeito, consideração e obediência, por parte dos seus concidadãos.
A participação cívica isenta, esclarecida e competente, proporciona a possibilidade de se atingirem objetivos realistas, gera uma adesão, praticamente, incondicional. As pessoas sentem-se confiantes e seguras e, ao mesmo tempo, empenhadas em colaborar com o líder. É sabido que: «Para obter o respeito que a liderança exige, necessita ter uma ética inquestionável. Um líder não só fica acima da linha entre o certo e o errado, como fica bem longe das áreas cinzentas.» (MAXWELL, 1999:5).
A vida contemporânea é muito exigente e, por vezes, para ultrapassar certas dificuldades, tenta-se “viver com todos”, “com Deus e com o Diabo”, “agradar a Gregos e a Troianos”, o que implica que não se consegue ser, objetivamente, verdadeiro em muitas das situações e com todas as pessoas, porque cada uma tem as suas opiniões, diferentes e até antagónicas de outras posições, logo, é difícil concordar com todas elas.
 É muito complicada a defesa do “sim” e do “não”,  simultaneamente, o que leva à posição mais fácil e ambígua que é o “talvez”, ou o “nim”, só que, mais tarde ou mais cedo, este tipo de “cinzentismos”, acaba por revelar o caráter da pessoa, que assim procede, que é do género: “Maria-vai-com-as-outras”; ou ficar, indefinidamente, no “meio da ponte” e saltar, depois, para o lado do oportunismo que, nem sempre, é o mais seguro. Um líder, tal como uma pessoa individualmente considerada, com tais características está condenado ao fracasso, ao descrédito e ao desrespeito e revela a sua verdadeira personalidade.
Igualmente se aplica a quem se envolve na participação cívica. Os ideais de cada pessoa serão sempre o ponto de partida e de referência ao longo do processo interventivo. Os meios/recursos para se concretizarem os ideais podem variar, e desde que se utilizem com transparência, com retidão e eficácia, então todo o esforço de participação acabará por produzir bons resultados, os seus mentores e responsáveis saem do processo: respeitados, credibilizados e apoiados sem reservas.
Todo o cidadão que tem um projeto para a sua comunidade, deve apresentá-lo às entidades que o podem ajudar, sem quaisquer preconceitos ideológicos, porque os superiores interesses da comunidade estão acima das querelas político-partidárias, sendo de louvar os esforços de quem assim procede.
Participação cívica é entrega a causas nobres, para solucionar problemas que afetam o bem-comum. Requer integridade, competência, disponibilidade, compreensão, tolerância, sinceridade, lealdade e coragem, para com todos os agentes intervenientes. A intervenção cívica com intuitos “revanchistas”, de “acerto de contas”, “vinganças” revela a formação ético-moral da pessoa que assim procede, e que, portanto, não interesse à comunidade.
A ação firme, justa e coerente revela o caráter das pessoas. O objetivo principal da participação cívica é conseguir melhorar o nível de vida da comunidade, sendo válidos todos os meios legais, legítimos e justos. Quem está disponível para participar num projeto de melhoria das condições de vida de uma população, não pode ficar preso a fundamentalismos e tem de procurar as melhores ofertas para realizar o seu projeto.
Tem de ser superior aos mesquinhos e, quantas vezes, invejosos comentários de quem nunca participou em nada. Tem de ser superior aos “Profetas da Desgraça”, aos “Velhos do Restelo”. A crítica construtiva é que importa a uma boa Participação Cívica, tudo o resto não passa de obstrução de quem defende o princípio de “quanto pior, melhor”.
A política através da participação cívica ativa, competente, determinada e solidária, é tanto mais sublime, quanto melhor atinge objetivos de resolução dos problemas de quem mais precisa, em particular, as pessoas mais fragilizadas pela vida e pela sociedade: as crianças, os jovens, os desempregados, os idosos, os excluídos de qualquer situação, dever ou direito. 

Bibliografia

MAXWELL, John C., (1999). As 21 Indispensáveis Qualidades de um Líder. 1ª Edição Portuguesa, 2010.Trad. Paula Alexandra. Lisboa:SmartBook. 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Telefone: 00351 936 400 689

Imprensa Escrita Local:

Jornal: “O Caminhense”
Jornal: “Terra e Mar”

Portugal: http://www.caminha2000.com (Link’s Cidadania e Tribuna)