domingo, 26 de março de 2017

Educação para a Cultura da Responsabilidade

Um projeto de cooperação, independentemente da qualidade em que as partes intervêm, implica uma total disponibilização para cooperar, responsável e eficazmente, nas áreas previamente acordadas e rigorosamente apoiadas pelas instituições e/ou pelos indivíduos, particularmente considerados.
Nesse sentido, a implementação de uma educação para uma cultura da responsabilidade técnica, social, ética e moral, a partir das gerações mais novas e ao nível dos ensinos médio e superior, parece ser uma medida oportuna e exequível, para o que se requerem pessoas entusiasmadas, apoiadas e disponíveis para se empenharem, se possível a tempo inteiro, em projetos de cooperação internacional, seja no quadro oficial dos Governos, das Empresas, das Associações, das Organizações Não-Governamentais e/ou dos particulares.
São necessárias pessoas que estejam dispostas para a cooperação, numa atitude de trabalho permanente, sem preocupações de idade, nem de estatutos, sabendo viver um dia de cada vez a vida, que é gratuitamente oferecida: «Trabalhar como se a vida fosse eterna, viver como se fossemos morrer amanhã, eis um lema dos mais nobres e generosos, mas igualmente um lema realista, porque a realidade é esta, nós somos uma doação, como obra e vida, e só podemos ser fiéis a nós mesmos se continuarmos a ser a doação que somos pelas nossas origens.» (MENDONÇA, 1996:156).
Igualmente a partir da família e da escola, uma cultura da responsabilidade é uma tarefa para a qual os encarregados de educação, educadores, professores e formadores devem estar bem preparados, não só em conhecimentos específicos como também nas boas-práticas diárias.
 Responsabilidade implica liberdade, na medida em que cada pessoa só pode ser responsabilizada pelos atos que livremente pratica, nem de outro modo se compreenderia.
Por isso, educar para uma cultura da responsabilidade, aciona um processo de cooperação, de parceria, de liberdade, entre as partes, logo, a cooperação, no seu sentido mais amplo, no quadro institucional, entre nações, instituições, associações e particulares, deve realizar-se com pessoas responsavelmente livres e livremente responsáveis.
 Com efeito: «Responsabilidade é reconhecimento da autoria e aceitação das consequências de seus atos. São manifestações de responsabilidade assumir intensa, plena e voluntariamente suas decisões, responder leal e corajosamente pelos seus cometimentos, prestar contas dos encargos ou obrigações, sofrer críticas, defender direitos inerentes ao merecimento. A educação do senso de responsabilidade é tarefa heróica, pois exige autoridade e maturidade dos educadores.» (SCHMIDT, 1967:14).

Bibliografia

MENDONÇA, Eduardo Prado de, (1996). O Mundo Precisa de Filosofia, 11ª edição, Rio de Janeiro RJ: Agir
SCHMIDT, Maria Junqueira, (1967). Educar para a Responsabilidade, 4ª edição, Rio de Janeiro RJ: Livraria Agir Editora

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
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domingo, 19 de março de 2017

Pai: Paradigma de Vida

Existem acontecimentos na vida de uma pessoa que constituem o que de mais elevado, nobre e responsável se pode vivenciar, por várias décadas, ou por poucos momentos, dias, semanas, meses e anos, sendo certo que a partir de um dado instante, se assume um compromisso para a vida, pelo menos enquanto durar o vínculo que une, na circunstância, Pai e filhos.
Todos os anos, no dia dezanove de março, celebra-se o “Dia Mundial do Pai”. Claro que qualquer pessoa argumenta, e com razão, que dia do Pai, deveriam ser todos os segundos, minutos e horas de cada dia, no entanto, penso que se pretende, com a fixação de um dia no ano, prestar uma homenagem a todos os Pais, principalmente àqueles que, por motivos diversos, não têm conseguido usufruir da presença, do acompanhamento, compreensão e amor de e para com os filhos. A importância do Pai presente é vital.
Celebrar o dia do Pai que, tradicional e catolicamente, se associou ao dia de S. José, é, efetivamente, um tributo que a sociedade presta a quem tem o privilégio, mas, igualmente, a responsabilidade de ser Pai, independentemente de ser pela via natural/biológica artificial ou adotiva.
Atualmente, primeiro quarto do século XXI, a condição de Pai, perante uma família constituída em moldes tradicionais: uma mulher e um homem, estruturada e comungando de regras, valores, sentimentos e boas-práticas, não será muito fácil, se este progenitor assumir posições de prepotência, intolerância e insensibilidade para com os seus filhos, os quais, naturalmente, carecem, cada vez mais, de Pais presentes, unidos, carinhosos, amigos, companheiros, defensores, protetores e cúmplices.
Desempenhar as funções de Pai, numa sociedade complexa, consumista e plena de solicitações, através de agressivos incentivos à aquisição de bens e produtos, para com todas as pessoas em geral e, particularmente, em relação às crianças, adolescentes e jovens, é muito difícil e, não raro, impossível de cumprir integralmente, sob pena de vir a abrir precedentes nocivos a uma correta educação dos filhos
Naturalmente que uma família sólida, portadora de normas de conduta exigentes e rigorosas, a educação e formação dos filhos é da responsabilidade conjunta da Mãe e do Pai, sem dúvida alguma, porém, há situações que são mais apropriadas para o Pai esclarecer e, se necessário, resolver perante os filhos e, outras que são mais adequadas para a mãe elucidar  e solucionar, junto das suas filhas, todavia, o essencial, o que deve ser interiorizado pelos filhos, independentemente do género, é sempre transmitido, complementar e simultaneamente, pelos dois progenitores.
Antes de se entrar numa análise positiva ao papel do Pai, ainda que sob um prisma subjetivo, importa ressaltar que, na sociedade contemporânea, existem situações muito diferenciadas e, também, incompatíveis entre elas, porque: tanto se pode detetar comportamentos hostis de filhos para com o Pai; como atitudes de rejeição de Pais masculinos para com os próprios filhos biológicos; e, ainda conflitos entre a mãe e o Pai, cujas consequências mais graves recaem, muitas vezes, nos próprios filhos.
De facto, no primeiro caso, há filhos que, por motivos diversos, desde os mais mesquinhos e egoístas, aos mais autenticamente legítimos e legais, levam a que um ou outro filho, qualquer que seja o género, se afaste e, em algumas circunstâncias, maltrate o próprio Pai, inclusive, com recurso à violência física até à morte de um ou dos dois procriadores.
Na segunda hipótese, rejeição do Pai para com os filhos, aqui poderá haver, também, algumas situações que, inadvertidamente, levam tais Pais a cometerem faltas graves, desde logo, quando verificam que os filhos não lhes têm respeito, e não haver razão plausível para este comportamento, bem como quando os filhos não têm a paternidade definida e há suspeitas de que o Pai biológico pode não ser, efetivamente, e de direito, o que coabita com a mãe desse filho, não querendo este Pai assumir, com amor e compreensão, a autoria  biológica, de um filho que lhe suscita dúvidas quanto à autenticidade da respetiva filiação.
Finalmente, uma outra situação, cada vez mais frequente, que resulta de conflitos entre Pai e Mãe e a posterior separação litigiosa. Este desfecho, que tem vindo a aumentar e que, por vezes, conduz à consumação de atos vigorosos de força, como o homicídio, normalmente, precedido de violência doméstica, por longos períodos de tempo, produz um efeito extremamente pernicioso sobre os filhos, os quais, quando ainda crianças, são retirados, judicialmente, aos Pais e entregues a familiares idosos, normalmente os avós, ou a instituições de acolhimento.
Mas, considerando situações normais, equilibradas e harmoniosas, debrucemo-nos, agora, com otimismo, para a relevância que tem a intervenção do Pai, no acompanhamento dos filhos, na sua educação, formação e preparação para a vida ativa, partindo do pressuposto que ele é um homem de bons princípios, valores e sentimentos nobres, que enaltecem a pessoa humana e, por conseguinte, será sempre um excelente cidadão, perante a sociedade, um autêntico líder, obviamente, em harmonia com a esposa, no seio da família.
É este Pai que hoje queremos prestigiar, dignificar e adotar como paradigma a seguir: um Pai extremoso, mas firme; um Pai educador, mas tolerante; um Pai companheiro, mas respeitador; um Pai solidário, mas rigoroso; um Pai juiz, mas imparcial; um Pai presente, mas vigilante, enfim, um Pai, amigo, companheiro, leal, que diz um sim com firmeza e um não com carinho, sempre que tal postura se torne necessário para a melhor formação dos filhos.
O exercício deste papel de Pai, afinal, nem será assim tão difícil, porque o fundamental, que são os bons exemplos, em todas as dimensões humanas, desde logo a partir do trabalho profissional e honesto, da poupança, do estudo, da boa educação, da amabilidade sincera, da recusa ao recurso da bajulação e da hipocrisia, da intervenção cívica, do respeito, amor e humildade no seio familiar, tudo isto pode, e deve, ser passado para o filho e deste para os seus descendentes, e assim sucessivamente, até que possamos ter uma sociedade de mulheres e homens, verdadeiramente dignos e humanistas.
O privilégio de se ter um Pai, tal como uma Mãe, dos quais nos possamos orgulhar é como uma “Dádiva Divina”, por isso tudo o que pudermos fazer pelo nosso Pai, para que ele tenha uma velhice tranquila, confortável, feliz e digna, devemos assumir tal compromisso, sem mais demoras, até porque o Pai é como um farol de orientação nas nossas vidas, uma referência da qual nos devemos sentir honrados, prestigiados e respeitados.
Há um ditado popular que refere o seguinte: “Filho és, Pai serás; como fizeres, assim receberás”.  Independentemente de aceitarmos, ou não, o alcance desta filosofia plebeia, temos o dever indeclinável de amar, respeitar e cuidar muito bem do nosso Pai, como, indiscutivelmente, da nossa Mãe, hoje, porém, mais direcionado para o Pai, porque é o dia do ano que, conjuntamente com S. José, lhe dedicamos, embora seja nossa obrigação honrar e venerar o Pai todos os dias do ano, ou melhor, todos os momentos da sua existência.
Pai, palavra pequenina, tal como Mãe, ambas, apenas, com três letras e que no caso do Pai, poderíamos muito bem construir uma frase muito singela, mas simbólica e verdadeira. PAI enquanto sigla de: Poder, Amor e Inteligência. Sim, é a realidade, porque para um bom filho, um Pai exemplar, poderá comportar todos aqueles atributos e muitos mais. E, circunstância curiosa: tal como a palavra Mãe tem a vogal “a” no meio, também a palavra Pai, tem a mesma vogal em idêntica posição, e, em ambos os nomes, ela, a vogal “a”, significará sempre AMOR.
Neste dia consagrado ao Pai, vamos ser humildes, pedir-lhe a sua proteção, esteja ele onde estiver, porque a ele devemos a nossa existência, tal como à nossa Mãe, por isto te solicitamos Pai Amado: Protege-nos.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
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domingo, 12 de março de 2017

Cultura para a Cooperação na Cidadania

Toda e qualquer cooperação entre nações, poderá ser tanto mais facilitada e rentabilizadora, quanto mais abrangentes e recíprocos forem os direitos de cidadania, porque será extremamente difícil cooperar num país, quando o cooperante é objeto de discriminações negativas, humilhantes e desumanas e, não tendo acesso a determinadas liberdades, como a de circulação, de expressão, de religião, de fixação, estabelecimento profissional, de acesso à saúde, educação, cultura e autonomia, obviamente, no respeito pelas tradições, valores e legislação autóctones., então a situação é pior.
O cooperante, pessoa física ou instituição, será sempre um detentor de direitos e um cumpridor de deveres, porém, enquanto pessoa física, um cidadão a quem se lhe reconhecem as prerrogativas de cidadania plena, e a quem se exige total respeito pela sociedade de acolhimento.
Resulta, por isso mesmo, uma primeira cooperação ao nível cívico, pela qual as partes se comprometem a tudo fazer, para que os projetos que conduziram ao intercâmbio de pessoas e bens, possam ser desenvolvidos em total sintonia com as expectativas das partes interessadas.
Desenvolver e interiorizar uma cultura de cooperação na cidadania, para certos setores empresariais, poderá ser de somenos importância, porque os resultados, eventualmente, no curto e médio prazos, não serão quantificados em numerário financeiro.
Investir neste tipo de empreendimentos poderá, até, ser considerado utópico, designadamente, pelos materialistas puros. O exercício da liberdade de direitos e da responsabilidade pelo cumprimento de deveres, na esfera pública da cidadania, também implica educação, formação permanente, sensibilidade para os valores imateriais, sentimentos altruístas.
Cultura para a cooperação na cidadania envolve, igualmente, uma educação para o equilíbrio e resolução dos conflitos sociais, porque a cidadania conquista-se em liberdade, com sentido de serviço cívico, prestado por todos e para todos.
Educação para a cultura da cooperação como um instrumento social e não como um remédio definitivo e único para os males da sociedade, porque: «A educação moderna vai se configurando nos confrontos sociais e políticos, ora como um dos instrumentos de conquista da liberdade, da pacificação e da cidadania, ora como um dos mecanismos para controlar e dosar os graus de liberdade, de civilização, de racionalidade e de submissão suportáveis pelas novas formas de produção industrial e pelas novas relações sociais entre os homens.» (BUFFA, ARROYO & NOSELLA, 1996:36).
Uma cultura para a cooperação entre pessoas, povos e nações poderá significar o fim dos movimentos migratórios clandestinos, que de forma crescente ocorrem um pouco por todo o mundo, especialmente direcionados para a América do Norte e União Europeia, a maior parte das vezes com fins trágicos para os migrantes e seus familiares, principalmente as crianças, mas também com problemas humanitários, para os países de suposto acolhimento, que se confrontam com situações verdadeiramente desumanas.
A reciprocidade entre todos os países livres, democráticos, humanistas e tolerantes, deve ser a regra de ouro para o acolhimento dos milhares de migrantes, em permanente circulação por esse mundo.
Naturalmente que não se defende uma migração sem um mínimo de condições laborais, sociais e económicas, sem critérios objetivos, transparentes e iguais para todos. Será justo que os países apenas aceitem os imigrantes que lhes convêm, ainda que a troco de salários megamilionários, com transferências significativas para os países de origem?
Que relativamente aos impostos devidos, tais imigrantes de luxo, apenas paguem sobre um mínimo estabelecido? E os outros trabalhadores, não são pessoas humanas? Não têm os mesmos direitos? Não são importantes e necessários? O que teria sido de muitos países, pós-guerras mundiais, se não fosse a mão-de-obra barata dos imigrantes? Não haverá em certos procedimentos uma inqualificável hipocrisia?
A livre circulação de pessoas, bens, mercadorias e capitais é já uma forma avançada de cooperação entre os países que a concedem, tal como se verifica nos vinte e oito estados-membros da União Europeia. Os resultados desta cooperação estão à vista e não é por via da imigração que o desemprego tem aumentado, ou que as receitas devidas ao Estado tenham diminuído, pelo contrário, a participação dos imigrantes no desenvolvimento dos países de acolhimento é um indicador positivo.
 Preconceitos xenófobos, etnocêntricos, racistas, étnicos, religiosos e quaisquer outros que obstaculizam a liberdade de circulação e fixação do homem, em qualquer parte do mundo, são incompatíveis com os mais elementares e ancestrais direitos do homem, que nasce livre por vontade Divina.
São as pessoas que procuram o melhor para elas. Se num dado local já não se sentem bem, elas próprias procuram outro, onde se possam realizar, sem ser necessária a intervenção, repressão e punição estatal, obviamente, sem prejuízo de averiguação dos antecedentes do imigrante.
O mundo é de toda a humanidade, e os seus recursos deveriam, igualmente, ser repartidos por todos e, não sendo assim, o descalabro social, económico, moral e ético está à vista: conflitos, miséria para uns, opulência para outros.
Existe um Organismo mundial que bem poderia ser mais respeitado e onde as nações e os povos deveriam conciliar-se: ONU – Organização das Nações Unidas. Mas a Ciência e a Técnica com todo o seu potencial tecnológico ainda não encontraram a solução para os gravíssimos problemas que assolam uma humanidade desorientada, descrente nos seus mais diretos e legítimos representantes. O homem, animal superior, dotado de capacidades intelectuais quase ilimitadas, continua a ser o seu próprio carrasco. (TA-221)

Bibliografia


BUFFA, Ester, et al, (1996). Educação e Cidadania: quem educa o cidadão? 6ª Ed. São Paulo: Cortez. (Coleção questões da nossa época)


Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
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quarta-feira, 8 de março de 2017

Mulher: Fonte de Vida, Amor e Esperança

Estabeleceu-se, internacionalmente, o dia oito de março, para se festejar a importância da Mulher em todo o mundo, para que todos os seres humanos rejubilem e prestem homenagem às Mulheres: elas próprias, incluídas nas homenagens que lhes são, justamente, dirigidas; elas mesmas, o centro de todas as atenções, naquele dia.
Paradoxalmente, aquele dia não é universalmente vivido, sentido e festejado, porque a Mulher, infelizmente, ainda não ocupa o lugar, no seio da sociedade que, por mérito próprio, tem direito, reconhecendo-se, entretanto, que, ainda que timidamente, tem havido alguma evolução favorável ao reconhecimento da sua dignidade.
Numa visão generalista, e de muito fácil entendimento, pode-se admitir, como regra universal, que a Mulher é a pessoa que primeiro se ama, por quem se tem um grande carinho, a quem se pede refúgio, que dela se recebe amor incomensurável, proteção incondicional, compreensão e tolerância sem limites. Esta Mulher, que a maioria dos seres humanos começa a amar, e por ela a ser amado, é o primeiro porto-seguro, a nossa fonte de alegria, o nosso primeiro e grande amor, é a nossa mãe.
Esta função, este elevado e nobilíssimo estatuto, sublime e inigualável, só a ela pertence, é como que uma bênção divina, uma dádiva do Criador, a admirabilíssima missão de ser mãe, por isso, mas não só, se deveria reconhecer, na Mulher, o seu papel insubstituível, a premente necessidade do reconhecimento da sua importância e da sua dignidade, a Mulher que pelo seu “sexto sentido” consegue, quantas vezes, evitar as piores desgraças e resolver, carinhosamente, problemas extremamente complexos, no seio da família e da sociedade.
Dia internacional da Mulher, pelo qual, em todo o mundo civilizado, os valores do amor, do matrimónio, da maternidade, da dádiva total, se festejam, com mais ou menos autenticidade, sinceridade, respeito e reconhecimento. A Mulher-Filha, a Mulher-Esposa, a Mulher-Mãe, afinal, a Mulher, como que glorificada, merecidamente, afirme-se, desde já, porque ela, que gosta e respeita os pais, que ama o seu companheiro, a mãe extremosa, que gerou e transportou o filho no seu ventre, a Mulher-Trabalhadora que, no limite das suas forças, é capaz de dar a vida por aqueles que verdadeiramente ama. A Mulher em todo o seu esplendor.
Mas a Mulher, enquanto filha, é importante para os seus pais, seguramente, para a sua mãe, também esta Mulher, que ouve da filha todos os seus choros, tristezas, alegrias, aspirações, dificuldades. Como esta Mulher-filha ama a sua mãe, como que numa simbiose de amor, a ela está, demiurgicamente, ligada, mesmo quando a vida é adversa, ela procura na mãe, ou esta na filha, uma interpretação, os conselhos, ensinamentos e compreensão, porque esta filha sabe muito bem que um dia, também poderá vir a ser mãe, e conhece o aforismo popular, segundo o qual: “Filha és, mãe serás, como fizeres, assim receberás”.
Existe, na maior parte das pessoas, uma espécie de cumplicidade entre estas duas mulheres: mãe e filha, e/ou vice-versa. Em oito de março festeja-se o dia da Mulher, não o dia da mãe, nem o da filha (haverá o dia da filha?), não o dia da esposa, não o dia da avó ou de qualquer outro parentesco, o que se comemora é o dia da Mulher, em todo o seu esplendor, na plenitude das suas capacidades, dos seus valores, dos seus direitos e deveres, dos seus sentimentos, sem dúvida.
É a mulher que está em nossas vidas: mais ou menos profundamente; mais ou menos amada, querida, desejada, protegida, acarinhada; mas também ela protetora, vigilante, trabalhadora, rainha dos nossos corações. Mulher com letra grande, que sabe perdoar, que quando ama se entrega totalmente, sem reservas, com esperança e determinação em conceder a maior felicidade ao ser amado. Mulher que se revela em toda a sua plenitude.
É impossível conceber o mundo sem a mulher, também ela na sua qualidade de esposa, companheira indefetível e amante do seu marido, cúmplice, na vida externa como na intimidade do leito conjugal, conhecedora das dificuldades mais íntimas do seu cônjuge, compreensiva, tolerante nos fracassos e incentivadora para vencer obstáculos.
Mulher que ao lado do seu amor conjugal, com ele enfrenta as adversidades da vida, com ele soluciona a maior parte dos problemas e com ele tanto vive as alegrias, quanto as tristezas. Mulher que não está atrás nem à frente dos êxitos do seu companheiro, mas está sempre ao seu lado, com os mesmos méritos, com idênticas capacidades, com iguais possibilidades de vitória. Mulher que é capaz de dar a vida por quem ama verdadeiramente.
É esta Mulher, enamorada, esposa, companheira que, ao lado do seu ente amado, enfrenta o mundo, sem medos, com firmeza, com amor e com sentimentos nobres. É esta Mulher que sabe guardar, num “cantinho do seu coração”, os mais profundos, quanto notáveis e sublimes sentimentos, que jamais praticará qualquer ato de deslealdade contra a pessoa que, autêntica e intimamente ama ou, ainda, que admira, gosta, acarinha ternamente a quem ela sabe que lhe quer bem, que também aprecia e ama com respeito e preocupação.
A Mulher de sentimentos profundos, de sensibilidade extremamente apurada, que tem o seu próprio e salutar orgulho, para o bem, como também para a sua defesa, quando se sente ou é atacada por quem quer que seja. Mulher que no fundo da sua alma, quantas vezes sofre, em silêncio, ferida no seu próprio amor, na sua dignidade, precisamente por quem não tem quaisquer motivos para a agredir e seja qual for o tipo de agressão.
Admiremos a mulher que, mesmo perante um amor proibido, ou não correspondido, consegue sofrer em sossego ou, quando sabe que é amada, não pode corresponder, contudo, tem a generosidade de sorrir, de compreender, de tolerar, aceitando, mesmo assim, com respeito pelo seu legítimo cônjuge, uma amizade muito sentida, de um amigo muito especial. Que grandeza de alma.

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domingo, 5 de março de 2017

Educação e Cultura para a Lusofonia

Quaisquer que sejam as atividades, a educação é fundamental para a construção de paradigmas, que sustentem modelos de desenvolvimento e relacionamento verdadeiramente compatíveis com as novas exigências da dignidade humana, as quais passam, justamente, pelo conceito de cooperação solidária entre pessoas, povos e nações.
A educação e a cultura, entre outras dimensões da especificidade humana, constituem o suporte que poderá sustentar os projetos que visam iniciar e/ou reforçar a boa convivência entre membros de uma sociedade, cada vez mais globalizada, em geral e, em particular, à comunidade lusófona, significando esta um imenso património a preservar e difundir mundialmente.
Educar para uma genuína cultura, ímpar no mundo, pressupõe integrar valores, etnias, miscigenação secular e despreconceituosa, história e língua comuns, é a tarefa que se pede a todos os responsáveis pelos sistemas educativos nacionais dos oito países que constituem a CPLP – Comunidade de Países de Língua Portuguesa, a que se acrescenta, mais recentemente, a Guiné-Equatorial.
Os objetivos são bem claros. Por exemplo, no que ao relacionamento luso-brasileiro respeita: «O desenvolvimento económico, social e cultural alicerçado no respeito dos direitos e liberdades fundamentais, enunciados na Declaração Universal dos Direitos do Homem, no princípio da organização democrática da sociedade e do Estado, e na busca de uma maior e mais ampla justiça social;» (TRATADO DE AMIZADE, COOPERAÇÃO E CONSULTA ENTRE O BRASIL E PORTUGAL, 2000: Artº 1º).
Educar para o conhecimento e para a prática dos diversos instrumentos consagrados nos acordos bilaterais, entre os países lusófonos, é um projeto multo concreto, cujos objetivos urgem alcançar, independentemente dos custos financeiros que os respetivos programas envolvam. Todo o investimento, neste domínio, é, a curto e médio prazos, substancialmente reembolsável, não só pelas entidades envolvidas, como também pelos benefícios que, seguramente, são colhidos pelos cidadãos abrangidos.
Educação como expoente máximo de cultura; e cultura como exigência suprema de educação, revelam-se como um único e indissociável objetivo: «A educação é um fenómeno de cultura num duplo sentido: é um produto da cultura e ao mesmo tempo sua produtora; transmite-se e ao mesmo tempo redimensiona-a. É importante não confundir cultura com o ser letrado. O analfabeto não é um ignorante (um inculto) mas apenas o portador de formas pré-letradas de cultura (as quais coexistem às vezes como uma nascente consciência crítica do seu estado)» (PEREIRA, 1997:50).
Desenvolver uma filosofia educativa, com objetivos culturais, de dinamização de programas conjuntos, nos domínios que facilitem a compreensão dos valores nacionais, intercâmbio de novos conhecimentos, apoio à investigação científica nas áreas de interesse dos povos lusófonos, numa primeira etapa; para uma maior expansão, extra-lusófona, numa etapa posterior; reciprocidade de tratamento para com todos os indivíduos e instituições envolvidos, são algumas exigências que devem ser, já à partida, satisfeitas.
Desenhar e aprovar protocolos, projetos, regras, objetivos e recursos, são iniciativas muito importantes, porém, ineficazes se não passarem do papel e, mesmo frustrante para os mentores de tais iniciativas e documentos. A educação e a cultura não se compadecem com burocracias, com circunstâncias meramente pontuais, nem com medidas avulsas, situacionistas e oportunistas, que visam dar notoriedade e protagonismo a certas personalidades. Essas são a educação, a cultura e a cooperação egocêntricas e narcisistas. Não tem interesse neste trabalho.
Educação e cultura para uma cooperação produtiva, dignificante e leal, implicam não só a utilização de recursos diversos e suficientes, como também políticas sérias, consequentes e competência dos respetivos interventores.
A improvisação, a cerimónia protocolar para as revistas e para os meios de comunicação, a miserabilidade dos recursos a atribuir e a mediocridade dos projetos, não servem a educação para uma verdadeira cultura de cooperação.
 Enveredar por projetos de cooperação, pressupõe um bem esclarecido conhecimento das realidades, das disponibilidades e dos objetivos a atingir e, nesse sentido, nem demasiada escassez de meios, nem excessiva abundância de recursos, porque é fundamental utilizar-se um bem estruturado pragmatismo, para um a realidade que é oferecida.

Bibliografia

PEREIRA, Célia Villasanti, (1997). Educação de Adultos na Construção da Cidadania, Campinas: Pontifícia Universidade Católica de Campinas – Faculdade de Educação. (Monografia para título de licenciamento em Pedagogia).
TRATADO AMIZADE E COOPERAÇÃO E CONSULTA ENTRE BRASIL E PORTUGAL, (2000), Resolução da Assembleia da República Portuguesa, nº 83/2000, Aprova para ratificação o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Portuguesa e a Republica Federativa do Brasil, assinado em Porto Seguro, em 22 de Abril de 2000, publicado no Diário da República, I Série-A, Nº 287 de 14 de Dezembro de 2000 pp. 7172 a 7180.

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