domingo, 29 de janeiro de 2017

Educação Cívica para a Participação Coletiva

Construir a cidade educadora para a prosperidade, entenda-se o desenvolvimento no sentido da melhoria de vida, nos seus múltiplos aspetos, de uma determinada população. Prosperidade: axiológica, económica, material, relacional, ambiental, laboral, entre outras componentes para uma vida boa.
Trata-se de definir muito bem quais os problemas existentes, como formular as respetivas questões e, só depois, conceber hipóteses de soluções. Se a comunidade, nas pessoas dos titulares dos cargos técnico-políticos e financeiros, tem dificuldades, ou não sabe descrever, localizar e circunscrever, com todo o rigor e objetividade, um qualquer problema, escusado será elaborar e aplicar uma muito bem construída teoria, precisamente se o problema estiver mal, ou inadequadamente, definido, especialmente no que se refere às situações humanas.
A perspetiva filosófica é aqui de grande relevância, no sentido em que obriga os responsáveis decisores a uma reflexão analítica profunda, rigorosa e exigente, porque em boa verdade: «Se os homens dessem mais atenção à colocação dos problemas em termos reais e objectivos, do que costumam dar às teorias, haveria menos desentendimento e um maior esforço de colaboração, de compreensão e de paz. O esforço no sentido de colocar problemas em termos reais e objectivos exige honestidade de propósitos, sinceridade, espírito de dedicação, compromisso com a verdade antes de tudo, em lugar da luta cega pelos interesses imediatos.» (MENDONÇA, 1996: 74-5).
A cidade educadora para a prosperidade da sua comunidade beneficiará, substancialmente, sempre que do seu elenco governativo participarem cidadãos sensibilizados, preparados e disponíveis para saber incluir nos seus programas eleitorais, e depois no exercício das respetivas funções, os valores, as práticas, os recursos e as verificações, para que um tal projeto produza os melhores resultados, sem prejuízo de preocupações com grandes investimentos em obras físicas públicas que, sem dúvida, também contribuem para o florescimento da comunidade.
Os responsáveis locais, e não só, têm o dever de tudo fazer para a produção da informação, do conhecimento, do esclarecimento e da participação da população na vida pública da cidade, vila, aldeia, localidade e bairro.
Uma comunidade que tenha acesso à educação, seja pelos sistemas público ou privado, tem possibilidade de contribuir, decisivamente, para a prosperidade local, por isso se considera indispensável a existência de bons projetos educativos e formativos, cujo exemplo maior, sem dúvida, deverá partir dos órgãos do Estado Democrático e, na circunstância, das autarquias locais, na medida em que: «A educação é essencial à afirmação da plena dignidade humana: é pela educação que o ser humano acede à plenitude das suas faculdades e potencialidades, e forma a capacitá-lo a uma maior liberdade de escolha e, portanto, assumir cabalmente o seu destino; a educação eleva o homem e dá sentido à sua realização como ser humano e como cidadão. A educação é, pois um direito fundamental que cumpre ao Estado garantir, o que implica, por aplicação do nosso princípio operativo, a garantia de liberdade de escolha na educação.» (SOUSA, 2007:14).
Conceber, desenvolver, aplicar e validar uma filosofia para educação e para a formação, para a institucionalização da cidade, vila ou localidade educadora, é um imperativo e um desafio: um imperativo, considerada a situação de impreparação, insensibilidade e indisponibilidade para elevado número de pessoas se envolverem na sua própria educação e formação. É urgente inverter esta tendência tão absentista, designadamente na participação política, cívica e institucional na vida ativa da respetiva comunidade.
Um desafio, desde logo para os mais diretos responsáveis pela condução dos destinos de uma determinada população local, porquanto têm o dever de proporcionar todas as condições para os respetivos cidadãos se prepararem, conveniente e atempadamente, para o exercício das atividades que possibilitem melhorias significativas na qualidade de vida de toda a comunidade.
Não basta anunciar grandes obras (algumas até serão supérfluas), ditas infraestruturantes, mas que não têm, num país e/ou numa dada localidade e circunstância, qualquer viabilidade; não é suficiente um apoio quase incondicional a uma massificação, alegadamente cultural, contudo, sem qualquer qualidade verdadeiramente cultural, humanística e formativa. É preciso ir mais longe. (TA-215)

Bibliografia

MENDONÇA, Eduardo Prado de, (1996). O Mundo Precisa de Filosofia, 11ª edição, Rio de Janeiro RJ: Agir
SOUSA, Francisco Vieira de, (2007). “Estado, Liberdade e Educação”, in Nova Cidadania, Liberdade e Responsabilidade Pessoal. Lisboa: Fundação Oliveira Martins, Publicações Universitárias e Científicas, Ano VIII, (32), Abril/Junho, pp. 13-19

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domingo, 22 de janeiro de 2017

Desenvolver a Cidade Educadora sob a Ótica Filosófica

As Constituições Políticas, as leis de base de sistemas educativos e a legislação avulsa, normalmente, configuram as grandes orientações políticas para a educação, estabelecem objetivos, impõem as regras para o funcionamento do sistema e definem os instrumentos e critérios da respetiva avaliação, no contexto nacional.
Determinam, afinal, um curriculum oficial universal para o território, população, cultura e interesses subjacentes. Evidentemente que são indispensáveis diretrizes que visem promover, desenvolver e defender valores, conteúdos programáticos, práticas, metodologias, instrumentos de avaliação, em ordem ao bem-estar geral, à prosperidade da população e à coesão nacional
 Também é essencial valorizar toda uma diversidade patrimonial, histórica e cultural de cada região, cidade, vila e pequenas localidades. Todas têm a sua história, as suas especificidades, porém, fazem parte do todo nacional, o qual enriquecem.
Desenvolver, no sentido de operacionalizar a cidade, vila, aldeia ou bairro, para a educação formal, certamente; mas também para a informal, instituindo os currículos mais adequados à interiorização e prática das atividades cívicas, políticas, institucionais, filantrópicas e altruístas será, porventura, um projeto que a nível das autarquias, em parceria com as escolas, provocaria significativas alterações no comportamento cívico das populações, contribuindo, sem dúvida, para uma maior e melhor participação na administração da cidade e no relacionamento comunitário.
A impreparação que se manifesta, por exemplo, no abuso do poder, na pequena “vingançazinha”, e na discriminação negativa social, política, profissional e outras, por processos de exclusão, no acesso a determinadas oportunidades e situações, são os resultados mais visíveis e marcantes da falta de civismo, de formação ético-moral e de graves carências educativas ao nível da cidadania, direitos, deveres, liberdades e garantias, o que sempre acaba por produzir efeitos nefastos, na prosperidade da pequena ou grande comunidade.
Realmente: «A educação deve permitir exercitar os valores que tornam possível a vida em sociedade, particularmente no que respeita a todos os direitos e liberdades fundamentais e à aquisição de hábitos de convivência democrática e respeito mútuo. A educação deve também desenvolver sentimentos solidários para com os mais desfavorecidos, contribuir para suprimir a discriminação e a desigualdade, sejam estas por razões de nascimento, raça, sexo, religião e opinião.» (PINTO, 2004:142-43, Apud Ministério da Educación y Ciência de Espanha).
Refletir sobre como desenvolver a cidade educadora, implica chamar à colação os cidadãos que, de alguma forma, têm responsabilidades legais, diretas ou delegadas, na conceção, execução e avaliação de políticas educativas locais.
Uma condição prévia relaciona-se, justamente, com a formação desses responsáveis, considerando-se, embora, não ser condição essencial e/ou exclusiva, porque pode haver formação no domínio educativo, mas faltar a sensibilização, alguma experiência e disponibilidade para as diversas e muitas tarefas associadas à intervenção que é necessária, face aos objetivos que se pretendem atingir, no âmbito de um projeto cívico, suficientemente motivador e abrangente de toda uma população.
A participação dos cidadãos num projeto local com características cívicas, cuja finalidade se coloque no plano do contributo para o bom funcionamento de uma comunidade local, em harmonia, solidariedade e prosperidade, passa por uma estratégia de incentivos simbólicos e pela garantia de uma preparação sólida para o exercício de atividades políticas, institucionais, sociais, de lazer e ocupação prazerosa dos tempos livres de cada um, num ambiente de plena e responsável liberdade, que é fundamental ao relacionamento interpessoal e despreconceituoso.
Na perspectiva filosófica, o desenvolvimento e consolidação da cidade educadora, a partir dos poderes locais institucionais, pressupõe o apoio direto dos titulares dos diversos órgãos desses poderes, e a participação responsável de cidadãos, com a formação adequada, para os domínios da: cidadania e axiologia; ética e deontologia; moral; política, história, direito, sociologia,  psicologia  e religião, entre outros que se venham a considerar relevantes e/ou específicos para um determinado projeto, muito em concreto.
Todas as preocupações educativas e formativas, porém, devem pautar-se por um elevado grau de responsabilidade, cujo conceito se pode traduzir pelo: «(…) reconhecimento da autoria e aceitação das consequências dos seus actos. São manifestações de responsabilidade assumir intensa, plena e voluntariamente suas decisões, responder leal e corajosamente pelos seus cometimentos, prestar contas dos encargos ou obrigações, sofrer críticas, defender direitos inerentes ao merecimento. A educação do senso de responsabilidade é tarefa heróica, pois exige autoridade e maturidade dos educadores.» (SCHMIDT, 1967:14).

Bibliografia

PINTO, Fernando Cabral, (2004). Cidadania Sistema Educativo e Cidade Educadora. Lisboa: Piaget. Apud, Ministério da Educación y Ciência de Espanha
SCHMIDT, Maria Junqueira, (1967). Educar para a Responsabilidade, 4ª edição, Rio de Janeiro RJ: Livraria Agir Editora

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domingo, 15 de janeiro de 2017

Experiências de Vida no Enriquecimento Formativo

A educação/formação, atualmente, não se concebe apenas para as crianças e para os jovens, mas, também, hoje e no futuro, todos estão obrigados ao ensino/instrução ao longo da existência, se quiserem ter o maior sucesso nas suas atividades profissionais, culturais, sociais e até na vida privada.
Não é por acaso que o conceito da universidade sénior e os seus objetivos se vêm implementando, com o funcionamento de tais estabelecimentos, cujos resultados sociais e culturais apontam no caminho da excelência. Claro que a tais resultados não são alheios os conhecimentos adquiridos ao longo da vida, as experiências, a prudência e a sabedoria dos seus participantes, que assim se consolidam.
Num aparte, que se julga oportuno, aqui está um argumento poderosíssimo para que as instituições, públicas e privadas, saibam aproveitar o trabalho dos mais idosos, porém, ainda muito ativos. É por demais evidente que o desenvolvimento, o progresso, a prosperidade e até a qualidade de vida, incluindo a sua longevidade, passam pela educação, pelo estudo, pela formação, qualquer que esta seja, pelo trabalho, enfim, por uma vida ativa.
A responsabilidade para a educação é cada vez mais de todos, no sentido em que a determinadas instituições compete criar as infraestruturas. O Estado de direito democrático, e nos termos dos seus preceitos constitucionais, tem essa obrigação, mas também os cidadãos devem ser responsabilizados pela educação/formação que desejam, ou não, possuir.
É uma tarefa que a todos envolve, ainda que em níveis e natureza distintos e, nesta perspectiva, se podem incluir os agentes socializadores, a começar na família, escola, Igreja, empresa, comunidade, na comunicação social, entre outros potenciais dinamizadores.
Atualmente, o ser humano cada vez tem menos estabilidade no seu emprego e, nestas circunstâncias, pode, ao longo da sua vida produtiva, desempenhar várias atividades, ter diversos empregos, mas há uma ocupação, tão ou mais importante do que a profissional, que é a primeira que tem na vida e o deveria acompanhar até ao túmulo: estudante.
Ser estudante implica determinação, esforço, tempo, técnicas, produtividade, atualização e competência. Então pode-se concordar que: «Ser estudante é a primeira profissão exercida pelo homem. Implica em todos os hábitos da futura vida profissional. Regularidade, lealdade, esforço, eficiência; alegria no trabalho; irradiação de entusiasmo; solidariedade com o grupo; coragem e honestidade nas atitudes. Por isso mesmo, dizemos que o estudo é uma questão mais de carácter que de aptidões mentais. E o estudante ideal será, em consequência, aquele que usa o estudo principalmente como meio para desenvolver qualidade de personalidade.» (SCHMIDT, 1967:148).
Cidades, vilas e localidades em geral, devem ser centros de congregação de sinergias, produção de bens e serviços em quantidade e qualidade, conjugação de esforços para a harmonia e boa qualidade de vida, concretização e posterior irradiação de saber e cultura; locais com objetivos de segurança, trabalho, desenvolvimento, progresso e prosperidade para os seus habitantes e para os que aí trabalham ou as visitam.
Cidades, vilas e localidades sem guetos, sem discriminações negativas, sem excluídos dos valores, direitos, deveres e objetivos comunitários. Eliminar os fossos existentes entre a centralidade confortável e uma periferia degradante e desumana, pela educação, formação, empregabilidade, habitação, saúde e lazer será o mínimo que qualquer responsável político, empresarial, religioso, institucional e o próprio indivíduo, deve fazer; constitui não só um imperativo ético-moral, mas também um objetivo universal que deveria ser perseguido e alcançado em todas as cidades, vilas e localidades. À escala devida, também no seio das famílias.
Decorre, assim, a inevitabilidade de se investir fortemente na figura da cidade educadora, porque, a médio prazo, a rentabilidade será evidente e altamente favorável. Desenvolver, desde já, a cidade educadora, para a formação de cidadãos esclarecidos e participativos, pode ser uma boa estratégia.
A questão de fundo prende-se, então, com a fraca participação dos cidadãos, incluindo aqueles titulares de uma educação/formação superior, que preferem a segurança e rentabilidade do exercício profissional liberal, administrativo-burocrático, de alta patente, sem ter que dar a cara ao povo, do que a intervenção cívico-política: «Trata-se de operacionalizar a educação para a cidadania, criando condições efectivas para a sua concretização, procurando saber viver com as nossas diferenças, reforçando a unidade onde é indispensável para defender o que nos é comum, mas encorajando a diversidade quando ela favorece o diálogo e a criatividade.» (FIGUEIREDO, 2001: 81).


Bibliografia

FIGUEIREDO, Ilda, (2001). Educar para a Cidadania. 2ª Edição. Porto: ASA Editores II, S.A.
SCHMIDT, Maria Junqueira, (1967). Educar para a Responsabilidade, 4ª edição, Rio de Janeiro RJ: Livraria Agir Editora


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domingo, 8 de janeiro de 2017

O Cidadão para o Novo Mundo

As exigências das sociedades modernas, no que respeita à descoberta e aplicação de soluções para os problemas complexos que diariamente surgem, não são compatíveis com cidadãos intelectualmente estáticos, nem com escolas que apenas reproduzem o passado e não se adaptam aos novos tempos.
Cabe então à escola tradicional, preparar o cidadão para a vida, para o trabalho, para a cidadania, para a ciência para a técnica, em articulação com a realidade social envolvente, sem descurar uma certa ilustração intelectualista, mas misturando-se, também, com o povo anónimo, produtor, consumidor, crente ou ateu.
Portanto: «… se vocês conseguirem elaborar um sistema educativo melhor assente na vida, melhor adaptado às descobertas científicas e às condições económicas; se tornarem a vossa escola mais eficiente não só no plano intelectual, mas também no vasto e complexo domínio do trabalho, terão mais adesões e apoios do que pensam.» (FREINET, 1974:168).
Caminha-se para a introdução de profundas mudanças na sociedade mundial. As transformações decorrentes das novas tecnologias: a globalização económica, comercial, industrial e monetária é um dado adquirido; o avanço científico, os problemas ambientais, as tentativas para estabelecer uma nova ordem internacional que, do ponto de vista de algumas potências, pode perverter valores civilizacionais e comprometer o próprio direito internacional, constituem realidades para as quais o novo cidadão se deve consciencializar.
Por outro lado, situações de grande conflitualidade regional, em vários pontos do globo, que afetam, direta ou indiretamente todas as nações do Mundo, estão a dificultar os esforços desenvolvidos aos mais altos níveis políticos e religiosos, para o restabelecimento de uma paz mundial.
A segurança das instituições, das pessoas, dos bens, dos meios e recursos, indispensáveis ao desenvolvimento equilibrado, está igualmente comprometida. Uma presumível nova civilização parece querer emergir, dos escombros provocados por uns, ou das novas políticas pacifistas e ambientalistas defendidas por outros, sem se saber muito bem qual o desfecho de toda esta movimentação.
Num contexto tão diversificado, quanto complexo, impõe-se às novas gerações uma atitude ativa perante as realidades que se lhes colocam. Nesse sentido compete a todos quantos no presente tem responsabilidades executivas, de decisão, políticas, educacionais e religiosas, colaborar intensamente na formação dos novos cidadãos, educando-os para uma nova civilização, sem perda dos princípios e dos valores universais, naturalmente que dando-lhes uma interpretação ajustada às novas realidades.
Independentemente dos múltiplos agentes constituintes da sociedade, uma vez mais se destaca o papel da escola e dos respetivos intervenientes nos processos educativo e formativo das crianças, jovens e adultos, agora na perspectiva de “aprender toda a vida” ou “ao longo da vida”?
Continua-se a assistir, em alguns níveis e estabelecimento de ensino, a uma educação para a reprodução, onde os educandos, no fim de um ciclo de estudos, não estão preparados para o mundo, quaisquer que sejam as perspectivas: laborais, políticas, sociais e religiosas.
O estímulo à criatividade, à inovação, à autonomia do aluno, deve ser permanentemente aguilhoado na prática pedagógica de muitos docentes e formadores, assim como promover com maior frequência sessões de sensibilização e preparação para a mudança.
O professor/formador moderno pode, (e deve) também ele, continuar a atualizar-se, a usar da sua experiência, transmitindo, aos seus alunos e formandos, factos concretos da vida real, num mundo autêntico que, inevitavelmente, vão encontrar fora dos muros da escola.
Importa defender um professor que seja cada vez menos: omnipresente, omnipotente e omnisciente; em benefício de um docente mais: coordenador, tutor, facilitador, distante da autonomia do aluno; e também cada vez mais: aprendiz, curioso, democrata, companheiro e cúmplice.
O cidadão cuja estrutura se tem vindo a tentar descrever insere-se já, neste novo mundo e as suas necessidades de adaptação são diferentes daquelas que sentiram os seus antepassados. Cumpre dar satisfação a tais carências, fundamentalmente através da educação, até porque o papel da família, continuando a ser importante, não é suficiente, na medida em que também neste agente socializador, que ela representa, muitas tem sido as alterações.
Reconhece-se que a própria constituição da família já não obedece aos processos tradicionais, a duração do matrimónio clássico é cada vez menor, por razões que se prendem, de entre outras, com projetos profissionais, com um reforço das autonomias individuais, atividades diversas, e com uma partilha exigida de tarefas domésticas, em alguns casais. O papel da família na educação tradicional, que no seu seio era desenvolvido, perdeu muito da sua influência e eficácia.
Em última análise, resta à escola assumir-se e liderar o processo nos diversos níveis e tipos de ensino: aprendizagem, formação e atualização, ao longo da vida das pessoas, integradas numa sociedade democrática, onde os problemas de natureza social constituem um desafio para os cidadãos em geral e, principalmente, para este novo cidadão que se deseja ver atuar num futuro próximo, porque não se pode perder mais tempo com um certo passado de: sofrimento, miséria, ditadura, prepotência.
Sem mais delongas: «É preciso que tomemos em consideração mais uma exigência da democracia. Se os nossos alunos devem desenvolver-se dentro da cidadania conveniente, precisam com o avançar da idade, e com a devida atenção para o seu ponto de vista e o seu interesse futuro, familiarizarem-se, cada vez mais, com os problemas da civilização.» (KILPATRICK, 1978:56).
A atividade, nos vários domínios que a sociedade democrática comporta, será uma exigência e uma característica do novo cidadão. O exercício da cidadania plena não é uma atitude passiva, de crítica pela crítica, de afastamento dos problemas sociais e da rejeição de responsabilidades. O novo cidadão manifestar-se-á ativo ao longo da sua vida, adaptando-se em cada momento, às novas realidades, em função das suas capacidades físicas e intelectuais. (TA-548)

Bibliografia

FREINET, Celestin, (1974). A Educação pelo Trabalho, Trad. António Pescada, 1. Vol., Lisboa: Editorial Presença.
KILPATRICK William Heard, (1978). Educação para uma Civilização em Mudança, Tradução: Profª. Nomo S. Rudolfer., 16ª. Ed., São Paulo, Melhoramentos, Rio de Janeiro: Fundação Nacional de Material Escolar – Ministério da Educação e Cultura


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domingo, 1 de janeiro de 2017

Novo Ano para um Mundo Melhor

Mais um Ano Novo  se apresenta à humanidade, esta considerada no seu todo, independentemente de nacionalidades, credos, ideologias político-partidárias, género, raças, orientações diversas, estatutos e quaisquer outras situações, admitindo-se, isso sim, que qualquer pessoa, organização ou país, tenha objetivos e os deseje alcançar, contudo, a incompatibilidade dos diferentes interesses, será, sempre, uma realidade, muito embora deva haver a preocupação na busca dos equilíbrios, da harmonia e a prossecução do bem-comum.
É fundamental que mulheres e homens, com responsabilidades várias: políticas, religiosas, financeiras, empresariais e outras, se preocupem com o bem-comum, porque: «Não existe verdadeira promoção do bem-comum, nem verdadeiro desenvolvimento do homem, quando se ignoram  os pilares fundamentais que sustentam uma nação, os seus bens imateriais: a vida que é um dom de Deus,  um valor que deve ser sempre tutelado e promovido; a família, fundamento da convivência e remédio contra a desagregação social; a educação integral, que não se reduz a uma simples transmissão de informações com o fim de gerar o lucro; a saúde que deve buscar o bem-estar integral da pessoa, incluindo a dimensão espiritual, que é essencial para o equilíbrio humano e uma convivência saudável; a segurança, na convicção de que a violência só pode ser vencida a partir da mudança do coração humano.» (PAPA FRANCISCO, 2016:58).
Pensar-se que o Novo Ano tarará a Paz ao mundo, podendo ser o desiderato maior, ela, a Paz Universal, vai ser muito difícil de alcançar, no entanto, caberá a cada pessoa, instituição, países e à sociedade global, tudo fazer para, pelo menos, se darem passos positivos e seguros, no sentido de se alcançar este bem supremo, porque atrás dele, outros se seguirão: saúde, trabalho, qualidade de vida, segurança, felicidade e a Graça Divina.
Em cada ano que se inicia, uma nova esperança renasce e com ela, ainda que temporariamente, um sentimento de alegria nos invade, um pressentimento de tranquilidade futura nos alimenta e dá forças para encararmos o porvir com otimismo, e assim termos condições para uma vida verdadeiramente humana, com a dignidade que é própria e exigível para toda a pessoa.
As mensagens de Ano Novo sucedem-se, a todos os níveis das organizações: religiosas, políticas, institucionais nacionais e internacionais; nos mais diversos fóruns os votos formulados pelos mais altos dignatários, praticamente apontam todas no mesmo sentido: o desejo unânime de um mundo melhor, no qual se possa coabitar, independentemente de posições geoestratégicas, de interesses económico-financeiros, da diferença de estatutos, crenças e ideologias.
Em cada Ano Novo, primeiro dia de Janeiro, também se comemora o “Dia Mundial da Paz”, porém, nesse mesmo dia, tão insistente e persistentemente invocado, os conflitos, as guerras a destruição maciça de patrimónios mundiais, vidas humanas e da própria natureza, continuam, não há tréguas, nem sequer para, durante esse dia, duplamente importante, os responsáveis pelas situações degradantes e que estão conduzindo a humanidade, pararem para pensar no mal que estão fazendo.
É fundamental, em todo o caso, que se continue a acreditar na boa-vontade de quem tem o poder e deseja melhorar as condições de convivência solidária neste mundo, porque enquanto fisicamente por cá permanecemos, tudo deveremos fazer para exercer os mais nobres valores que são próprios da humanidade civilizada: solidariedade, amizade, lealdade, respeito, benevolência, caridade, humildade, gratidão, felicidade, paz e a Graça da Entidade Divina que consideramos ser necessária, independentemente das religiões de cada pessoa.
Neste ano que se inicia, todas as pessoas em geral têm perspetivas de vida, eventualmente, diferentes, ou então, desejam concretizar os projetos que não conseguiram no ano que agora termina, ou, ainda, concluir uns e iniciar outros, sendo certo que, quaisquer que sejam os desideratos, uma nova esperança nos anima.
O ano que agora termina, terá proporcionado, a nível mundial, avanços positivos em diversos domínios da vida societária.  Várias ciências e tecnologias terão alcançado resultados que vão beneficiar a humanidade, desde logo: na Saúde, Genética, Biologia, muitas outras especialidades médicas, mas também as Arquiteturas, Engenharias, Educação, e, de um modo geral, em toda a investigação científico-tecnológica, entre outras.
Um novo período se inicia, sob os auspícios de uma promissora era, até porque o mundo está cansado, descrente e inconformado com muitas situações injustas, ilegítimas e até ilegais, que afetam a qualidade de vida e a dignidade individual de cada pessoa, não obstante, praticamente, a maioria dos responsáveis proclamarem um mundo “cor-de-rosa”.
Quaisquer que sejam as perspetivas, designadamente, boas; independentemente da esperança que se possa ter neste Novo Ano e seguintes, jamais poderemos ignorar que esta “Casa Global”, que habitamos, ela se sustenta em diversos pilares fundamentais, entre os quais, se podem aceitar que: a) Deus é Imenso, Omnipotente e Omnisciente; b) o mundo está cheio de esquinas, numa das quais, nos encontraremos, pelo menos uma vez na vida; c) a vida é composta de altos e baixos e nem sempre estamos por cima; d) o tribunal da nossa consciência nunca falha, ele nos julgará imparcial e, se necessário, implacavelmente; e, finalmente, e) a verdade triunfará, mais tarde ou mais cedo.

Bibliografia

PAPA FRANCISCO, (2016) Proteger a Criação. Reflexões sobre o Estado do Mundo. 1ª Edição. Tradução Libreria Editrice Vaticana (texto) e Maria do Rosário de Castro Pernas (Introdução e Cronologia), Amadora-Portugal:20/20 Nascente Editora.

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