domingo, 28 de janeiro de 2018

Aperfeiçoar as Relações Humanas para a Reencontro

O deficiente relacionamento entre pessoas é, praticamente, um dado adquirido, que dispensa a exigência da validação científica. As pessoas, independentemente das respetivas atividades, graus de parentesco, laços de amizade, interdependência entre elas, princípios, valores e objetivos, que norteiam as suas vidas, têm dificuldade em se relacionarem numa base de Solidariedade, Amizade, Lealdade, Verdade, Igualdade, Confiabilidade e Reciprocidade.
Os conflitos pessoais, institucionais e internacionais, nascem, quase sempre, de posições assumidas por uma das partes, que não agradam à outra, a qual, por sua vez, muitas vezes, responde em tom ainda mais radical, em vez de abordarem a questão, numa perspetiva transparente, conciliadora, respeitosa, compreensiva e tolerante. Por vezes reage-se com a agressividade da indiferença, da desconsideração, do afastamento de quem, respeitosamente, elabora uma crítica sincera, porque quando se é amigo, deve-se criticar franca e pedagogicamente.
Por outro lado, a atitude reconciliadora, depois do conflito ter surgido é, igualmente, desconsiderada pelas partes, quando em boa verdade, uma reconciliação feita à luz dos sentimentos de generosidade, de abnegação e espírito doador, seria um processo redentor e de pacificação amigável, entre pessoas, instituições e nações desavindas. Pacificar as pessoas pressupõe que: «Amemos a verdade e faremos a paz dinâmica e construtiva pela reconciliação (…). Fomentar ódios e rancores, impor aos adversários a humilhação e a injustiça, é destruir o futuro…» (ARAÚJO, s.d.:310).
Educar e formar os cidadãos, qualquer que seja a idade e estatuto, para desenvolverem hábitos de relações humanas sadias, sinceras e leais, é uma tarefa que se impõe lançar nas famílias, nas escolas, nas Igrejas, entre amigos que verdadeiramente se gostam, nas demais instituições, nas associações e empresas, em todas as comunidades e na sociedade global em geral, porque qualquer processo que vise reconciliar pessoas, instituições e nações, só poderá concluir-se com êxito, se os intervenientes souberem relacionar-se de igual para igual.
Quaisquer que sejam as técnicas, para a comunicação e relacionamento interpessoais, elas serão ineficazes se as relações humanas, antes de todas as outras: profissionais, comerciais, políticas, etc., não assentarem em princípios de transparência, de verdade e de respeito pelo outro; em sentimentos puros de amizade incondicional, obviamente, quando se chega a este nível de relação.
Atitudes de auto-estima, de escuta ativa, de concentração nas mensagens, de contacto direto, de eliminação de preconceitos e juízos de valor, beneficiam o ato comunicativo e, principalmente, criam um sentimento de empatia pelo interlocutor, de tal forma que qualquer das partes se: «esforce por se colocar na posição do seu interlocutor a fim de conseguir situar as informações que lhe estão a ser transmitidas em relação ao seu ponto de vista.» (DIOGO, 2004: II-14).
O relacionamento humano, ao nível da comunicação, é essencial hoje em dia, sejam quais forem os objetivos a atingir, na medida em que constitui um dos principais instrumentos que o ser humano sabe utilizar e dominar, para o bem, e para o mal, com grande competência.
Por isso, se torna absurdo não potencializar a capacidade comunicativa para a resolução dos problemas, dos conflitos, das boas-relações, enfim, para a pacificação do mundo, aliás, o desentendimento existente entre indivíduos da mesma espécie, revela, essencialmente, uma postura preocupante – a humanidade não se concilia porque não quer aprender a harmonizar-se e, quando aprende, não quer utilizar os conhecimentos e as boas-práticas, entretanto, adquiridos.
A questão que se coloca prende-se com o futuro, na perspetiva dos legítimos interesses das novas gerações, isto é, até que ponto os atuais dirigentes, quaisquer que sejam os seus papéis, têm o direito de prejudicar as desejáveis boas-relações das gerações vindouras? Até que ponto não é dever destes mesmos dirigentes, prepararem um mundo pacífico, para as próximas gerações?
Os conflitos continuam: a nível local, regional, nacional e mundial. E se é verdade que: uns se resolveram; também é certo que outros continuam, há décadas, por solucionar; outros, ainda, são alimentados, indefinidamente, sem fim à vista; alguns outros, mais recentes, criados de novo, aparentemente, sem se terem esgotado todas as alternativas civilizadas e democráticas, pesem, embora, o longo tempo decorrido e as alegadas situações para o efeito invocadas.
Pacificar a humanidade, quando alguns poderosos tudo fazem para lançar e depois manter conflitos, alegadamente para livrar o mundo de ditadores, de presumíveis armas, de situações de violência internacionalizada, como o terrorismo, a guerrilha, do narcotráfico, do tráfico de seres humanos e outros males, que a todos atormentam, não parece ser a solução que convém para um mundo que se pretende civilizado, humanizado, solidário. Primeiro, o Diálogo até se esgotarem todas as possibilidades de sucesso; depois, os recursos mais drásticos, como as sanções administrativas, os embargos, etc. Já bastam as situações naturais que, por vezes, originam conflitos sociais.
A ausência de diálogo e a presença das armas, de facto, parece não estar a resultar, em diversos países, e as consequências são os milhões de vítimas inocentes, as centenas de milhares de refugiados que, certamente, não desejam o conflito armado: «Todavia, parece que a melhor maneira de reconhecer os conflitos e de dar vazão a eles não é a força, a guerra, mas, sim, o diálogo e a política. É justamente por intermédio do espaço público, democrático e do debate exaustivo e participativo, do embate de ideias, que talvez possamos sonhar com uma sociedade mais humana.» (GRACIOSO, 2006:53).

Bibliografia

ARAÚJO, Miguel. (Dir. /Coord.). (1974). DICIONÁRIO POLÍTICO: Os Bispos e a Revolução de Abril. Lisboa: Ispagal
DIOGO, Rita (2004). Relações Humanas. Lisboa: IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional
GRACIOSO, José (2006). “A Vida em Sociedade e os Conflitos Humanos”, in: Filosofia. Ciência & Vida. São Paulo: Escala. Ano I, (1)

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Portugal: http://www.caminha2000.com (Link’s Cidadania e Tribuna)
http://www.sitedoescritor.com.br/sitedoescritor_escritores_d0045_dbartolo.html
                           https://laosdepoesia.blogspot.ca/search/label/Diamantino%20%20B%C3%A1rtolo

domingo, 21 de janeiro de 2018

Democratizar a Política para a Cidadania Universal

As situações de conflito, que ocorrem um pouco por todo o mundo, umas mais graves do que outras, não são um produto exclusivo do tempo atual. Sempre houve, ao longo da História da Humanidade, acontecimentos violentos, que conduziram à morte milhares de pessoas.
Obviamente que não se incluem aqui as ocorrências naturais, também elas mortíferas: sismos, vulcões, tempestades, fenómenos imprevisíveis, que a ciência e a tecnologia ainda não resolveram definitivamente. O incompreensível reside na incapacidade racional do homem, para criar, e consolidar, as condições favoráveis à pacificação do mundo.
Por isso é essencial a aceitação de um novo conceito de cidadania, mais abrangente, mais democrático, tendencialmente, uma cidadania universal. Para que tal venha a ser possível, é necessário, também, que a democracia seja interiorizada e praticada livremente, pelos cidadãos de todo o mundo, o que implica uma dupla interpretação conceptual deste valor político-social.
Na verdade: «A literatura sobre o conceito de democracia apresenta, de uma maneira geral, duas vertentes. De um lado uma linha de pensamento que concebe a democracia, em uma perspectiva instrumental, como um método eficiente de adopção de decisões, capaz de proteger a liberdade individual dos cidadãos. De outro, uma visão substantiva da democracia, baseada em um ideal normativo, valioso em si mesmo, porque vai além de um simples processo instrumental de tomada de decisões. Esta vertente constitui a premissa fundamental da democracia participativa, na qual os cidadãos se colocam como actores responsáveis nas políticas públicas e, consequentemente, próximas do poder público.» (BENEVIDES, 1991 e AVRITZER, 1994 apud MIOTTO, 2006:65).
Democratizar a política para uma cidadania universal, é uma tarefa que responsabiliza os cidadãos em geral e os políticos em particular. Aceite, institucionalizada e implementada a cidadania universal, entre todas as nações, congregadas na ONU - Organização das Nações Unidas -, acredita-se que no decorrer do presente século, seja possível atenuar muitos conflitos, eliminar outros e pacificar um pouco mais o mundo.  
A tarefa é tanto mais difícil, quanto maiores forem os interesses hegemónicos da economia e dos recursos naturais mundiais e, nestas circunstâncias, as possibilidades de consensos e celebração de acordos são igualmente difíceis, complexas e imprevisíveis e também enquanto os atuais dirigentes mundiais não facultarem os meios para uma educação-formação que aponte para este objetivo universal: pacificar o mundo.
Por mais estratégias, metodologias, técnicas e recursos que se utilizem, a educação-formação de novas gerações, sensibilizadas para modernas práticas de convivência pacífica, e para os valores do humanismo e da afetividade, é o caminho que se apresenta como o mais adequado, para se atingirem os objetivos da pacificação do Mundo, porque, de contrário, os problemas, os conflitos, as situações degradantes, jamais se resolverão.
A escola, logo nos primeiros anos de vida da pessoa, deverá ter um papel interventivo primordial, no sentido de formar a consciência destes novos cidadãos, que terão por missão suprema, e altruísta, a pacificação do mundo, porque: «Diante deste quadro, a escola, especialmente do ensino fundamental e médio se apresenta como a instituição carregada e única capaz de dar um encaminhamento a este verdadeiro drama humano que a sociedade contemporânea vive, e que se manifesta através da proliferação da violência, do alcoolismo, do consumo de drogas, das doenças endémicas e atípicas, dos acidentes mutilantes e responsáveis por mortes prematuras e desnecessárias, do desemprego, da corrupção, fome, miséria e tantos outros males que, num crescimento desenfreado ameaça a própria estabilidade do estado, democrático ou autoritário.» (COLETA, 2005:19).
As gerações que, atualmente, ainda se encontram na sua fase de vida de crianças, devem ser, de imediato, preparadas para um futuro que, elas próprias, vão usufruir e, simultaneamente, todas as restantes pessoas, incluindo aquelas que já se aproximam do fim do seu percurso biológico normal.
Na família, na Igreja, na escola, na empresa, na comunidade, na sociedade mais alargada, no país, enfim, em todos os locais e circunstâncias em que se encontre uma pessoa, deve-se intervir, porque cada dia que passa, neste pré-caos humano, poderá representar anos na recuperação das pessoas e do mundo.
Impõe-se uma pedagogia para a paz, se possível já, para hoje, porque amanhã poderá ser demasiado tarde. Uma pedagogia para democratizar a política, os políticos, os educadores e a humanidade em geral. Uma pedagogia que ensine toda a pessoa, qualquer que seja o seu estatuto ou condição, como pode e deve participar nas soluções dos problemas, porque: «Todos os homens ao longo da sua existência, terão de resolver problemas que lhes serão apresentados, semelhantes aos de ontem ou marcados pela mudança; (…). Isso leva a considerar as questões ligadas ao cuidado com a educação de todos e de cada um…» (BONBOIR, 1977:189)
Igualmente, uma filosofia para analisar, reflexivamente, a situação em que o mundo se encontra, que aponte caminhos possíveis para rumos compatíveis com a dignidade humana. As disciplinas da área das ciências sociais e humanas, têm um grande contributo a dar para a pacificação da humanidade, a Filosofia não pode ser excluída deste projeto, aliás, sem ela e seus ramos específicos, muito dificilmente se atingirão resultados que atenuem o sofrimento em que a humanidade vive, neste primeiro quarto de século.
Uma parceria entre Ciência, Técnica, Filosofia, Pedagogia, Antropologia, Ética e Axiologia, enfim com as Ciências Sociais e Humanas, pode fazer parte da fórmula que conduza aos primeiros e bons resultados do processo de pacificação: «Sem dúvida, a filosofia tem uma importante tarefa epistemológica, mas ela não pode ser desenvolvida sem a referência a uma antropologia fundante bem como a uma axiologia geral. A questão do agir humano, tanto no plano ético, como no plano político, não pode ser posta de lado numa reflexão filosófica sistematizada. E o pedagógico, como contexto da existência humana, constitui a mediação articuladora do ético com o político.» (SEVERINO, 1997:242).

Bibliografia

BONBOIR, Anna, (Dir.). (1977). Uma Pedagogia para Amanhã. Tradução, Frederico Pessoa de Barros. São Paulo: Cultrix.
COLETA, António Carlos Dela, (2005). Primeira Cartilha de Neurofisiologia Cerebral e Endócrina, Especialmente para Professores e Pais de Alunos de Escolas do Ensino Fundamental e Médio, Rio Claro, SP – Brasil: Graff Set., Gráfica e Editora
MIOTTO, Luciana Bernardo, et. al. (2006). “Qualidade da Democracia: Comunicação, Política e Representatividade”, in: Comunicação, Cultura & Cidadania. Vol. 1 (2). Jul-dez.2006. Pp. 63-77, citando BENEVIDES, M.V.M. (1991). A Cidadania Activa: referendo, plebiscito e iniciativa popular. São Paulo: Ática e AVRITZER, L. (Coord.). (1994) Sociedade civil e democracia. Belo Horizonte: Del Rey
SEVERINO, Antônio Joaquim, (1999). A Filosofia Contemporânea do Brasil. Petrópolis RJ: Vozes.
Venade/Caminha, Portugal, 2015

Venade/Caminha/Portugal, 2018

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Portugal: http://www.caminha2000.com (Link’s Cidadania e Tribuna)
http://www.sitedoescritor.com.br/sitedoescritor_escritores_d0045_dbartolo.html

domingo, 14 de janeiro de 2018

Educação-Formação: Uma Via para Pacificar o Mundo

Afirma-se que o século XX ficará na história da humanidade como um dos mais violentos, em que a força de armas poderosíssimas se impôs à fragilidade do diálogo democrático, fraterno e solidário. Período de tempo que a humanidade viveu: sob regimes ditatoriais ferozes, durante os quais se cometeram as mais irracionais barbaridades; em que os mais elementares direitos e valores humanos não foram respeitados, nomeadamente, o direito à vida e o valor da dignidade humana; tempo que viu crescer a miséria, a exclusão a todos os níveis, a fome, a doença, a guerra, a destruição, as migrações de refugiados, enfim, a morte.
O quadro negativo e pessimista, defendido por muitos, conforme acima sumariamente descrito, naturalmente que corresponde a uma realidade que passou para o atual século XXI, independentemente do grau de gravidade e da maior ou menor extensão que se pretende atribuir, e também dos sofisticados meios de intervenção na sociedade, para o bem e para o mal.
Mas aquela realidade, mesmo que levada ao máximo dramatismo, também foi acompanhada por um progresso material, científico e técnico, jamais verificado noutras épocas, excluindo-se, eventualmente, os grandes feitos histórico-culturais dos períodos áureos da expansão de certas nações, (obviamente, Portugal na segunda metade do século XV até ao início do século XVI, é um caso exemplar).
Com efeito, o século XX, assistiu à criação e desenvolvimento da ciência e da técnica, através da investigação e da tecnologia, aplicadas em todas as áreas da existência humana, inclusivamente e com grande destaque para a medicina, biogenética, engenharias e biotecnologia, entre outros grandes domínios do conhecimento.
Numa atitude positiva e otimista, pode-se aceitar que o balanço é, apesar de tudo, favorável, no sentido em que havendo vontade, educação, formação e humildade, se poder ter aprendido com os erros cometidos, evitando-se, no futuro, repeti-los e iniciando-se uma caminhada com os superiores objetivos altruístas, consentâneos com a vida e dignidade humanas.
Cientistas, investigadores, académicos, políticos, técnicos sociais e todo um mundo de estudiosos, elaboram e tentam aplicar as suas teses, em contextos reais de vida, com resultados, por enquanto, insatisfatórios, no domínio da pacificação da humanidade, o que comprova a complexidade da organização social humana e as dificuldades em se atingir desideratos próprios de um mundo mais pacífico.
Todos aqueles intervenientes, seguramente, têm procurado estabelecer uma fórmula, construir paradigmas, desenhar cenários, implementar regras, todavia, é possível, para já, admitir que a fórmula perfeita, mágica e solucionadora, para se aplicar à conflitualidade mundial, é difícil de encontrar e, tanto mais árdua, quanto os dirigentes mundiais não colaborarem.
 Reconhecendo-se a auto-insuficiência para solucionar as situações conflituosas, ou para contribuir para um mundo mais pacífico, tal circunstância não invalida, pelo contrário, estimula para o dever de dar um singelo contributo para a minimização de tão grave problema e, nesse sentido, se aponta e defende uma estratégia assente na educação-formação das pessoas, do berço ao túmulo.
 Ao longo de toda a vida: «A educação permanente, a de todos os momentos da vida, dinamismo pelo qual cada pessoa, independentemente da idade, poderá preparar o futuro de uma forma competente, não se situa, exclusivamente fora da escola. Diante das mudanças próprias do mundo em contínua evolução, faz-se necessária uma concepção global do processo educativo; precisamos abarcar todas as idades, todos os níveis e sectores da educação.» (BONBOIR, 1977:16).
A aposta maciça aponta, portanto, para a educação-formação, não apenas ao nível dos conhecimentos cognitivos, mas também através de uma pedagogia não-cognitiva, uma pedagogia que leve para o teatro da vida real, a aplicação dos saberes adquiridos e a assimilação de novas práticas. Uma conjugação dos conhecimentos apreendidos pela via clássica e a experiência vivenciada no terreno.
Casamento adequado, entre teoria e prática, através de uma educação-formação, ao longo da vida, poderá ser, ainda que mais uma, a fórmula que ajudará a encontrar algum equilíbrio num mundo em permanente e, por vezes, violentas mutações.
Talvez não se esteja a afirmar nada de novo, mas, certamente, que nunca é demais insistir nesta estratégia, quanto mais não seja, para sensibilizar as gerações atuais, mais novas e, eventualmente, menos experientes, porque da sua preparação dependerá o futuro que vão viver e oferecer aos seus pais e avós, numa idade em que estes já pouco ou nada podem fazer. 
Numa sociedade democrática, o sistema de ensino é fundamental na preparação da criança, do jovem, do adulto, do idoso e da comunidade no seu todo. Um ensino que proporcione a todos as mesmas oportunidades de aquisição de conhecimentos e preparação responsável para a vida numa sociedade livre, pacífica e justa, onde as discriminações negativas, o abuso do poder, a invasão e monopolização da propriedade privada alheia, bem como outras prepotências, sejam radicalmente banidas.
 A sociedade democrática deve investir, fortemente, na educação, na formação, num sistema de ensino integrado e livre, com matérias e programas pluralistas, que contemplem uma visão democrática do mundo, em que as diversas perspetivas possam ser, responsavelmente, criticadas, fundamentadamente, aceites ou excluídas.
Na verdade: «Não há sociedade democrática e pluralista em que o sistema de ensino não seja também democrático e pluralista; para isso, além da garantia de real liberdade de actuação de professores e alunos, da igualdade de oportunidades de acesso ao ensino e do seu conteúdo efectivamente libertador e pluralista, importa reconhecer e assegurar a todos o direito de receberem uma educação adequada às exigências do bem-comum e ao desenvolvimento integral de cada pessoa.» (ARAÚJO, s.d.:113).

Bibliografia

ARAÚJO, Miguel. (Dir. /Coord.). (1974). DICIONÁRIO POLÍTICO: Os Bispos e a Revolução de Abril. Lisboa: Ispagal
BONBOIR, Anna, (Dir.). (1977). Uma Pedagogia para Amanhã. Trad. Frederico Pessoa de Barros. São Paulo: Cultrix. Venade/Caminha, Portugal, 2015


Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Portugal: http://www.caminha2000.com (Link’s Cidadania e Tribuna)
http://www.sitedoescritor.com.br/sitedoescritor_escritores_d0045_dbartolo.html
                           https://laosdepoesia.blogspot.ca/search/label/Diamantino%20%20B%C3%A1rtolo

domingo, 7 de janeiro de 2018

Que Soluções para um Futuro mais Pacífico?

O tema apresentado em título interrogativo, pode suscitar alguma polémica, desde logo porque o futuro não é uma realidade que a ciência e a técnica possam garantir, em absoluto,  a partir de resultados objetivos, testados, repetíveis e reversíveis e, por outro lado, igualmente complexo, quando se pretende abordar as condições necessárias e suficientes, para se assegurar a existência de um futuro mais pacífico, mesmo que não se considere o relativismo do termo pacífico, porque o que para uns é pacífico, para outros pode ser conflituoso, ou, no mínimo, algo polémico.
Ainda assim, correndo, embora, os riscos inerentes a quem ousa abordar um tema tão preocupante e atual, o contributo dos cidadãos e das instituições é importante, apesar de, uma posição mais teológica, defender que o “futuro a Deus pertence”, o homem real e profano, ter o dever de se envolver, com os recursos de que dispõe, na construção de um futuro mais calmo, mais afetivista, mais humanista, pelo menos, para as gerações que agora estão a tomar contacto com realidades tão difíceis e desafiadoras.
E se refletir sobre o passado é um exercício fundamental, para a partir do presente, que é efémero, se projetar o futuro, que é incerto, não menos importante é viver cada momento atual à luz das experiências e dos conhecimentos adquiridos, melhorando-os, adaptando-os e, simultaneamente, evitar os erros cometidos, o que também é um bom processo de aprendizagem.
Organizações e indivíduos, no exercício das inúmeras funções, na luta por alcançar objetivos previamente fixados, naturalmente que cometem muitos erros: uns, involuntariamente; outros, por obstinação e resistência à mudança; outros, ainda, com intencionalidade e espírito inconfessáveis.
Quaisquer que sejam os erros e as circunstâncias em que foram cometidos, deve-se tirar as devidas consequências, e com eles aprender e exercer novas atitudes, boas-práticas, designadamente, no relacionamento humano, a todos os níveis da existência.
É provável que uma parte significativa dos conflitos, que chegam aos tribunais ou aos campos de guerra, possa ser solucionada através de acordos prévios, consensos e cedências recíprocas, desde que as pessoas estejam preparadas e disponíveis para o exercício de uma nova pedagogia (não-cognitiva) e de uma nova justiça (não punitiva), justamente através de um relacionamento leal, responsavelmente crítico e generosamente tolerante.
Os conflitos solucionados pelos mecanismos do bom senso, da compreensão e tolerância, materializados em acordos justos e dignificantes para as partes, não deixam sequelas tão profundas e duradouras, como aquelas que resultam da intervenção coerciva do poder judicial e/ou bélico. A resolução dos conflitos, numa base igualitária do tipo “ganha/ganha”, poderá ser a pedagogia que, no futuro, torne o relacionamento humano mais pacífico e genuíno.

Bibliografia.

COLETA, António Carlos Dela, (2005). Primeira Cartilha de Neurofisiologia Cerebral e Endócrina, Especialmente para Professores e Pais de Alunos de Escolas do Ensino Fundamental e Médio, Rio Claro, SP – Brasil: Graff Set, Gráfica e Editora


Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo


Portugal: http://www.caminha2000.com (Link’s Cidadania e Tribuna)
http://www.sitedoescritor.com.br/sitedoescritor_escritores_d0045_dbartolo.html

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Ano Novo. Presente e Futuro. PAZ.


Iniciar um novo período do calendário anual, com: saúde, trabalho, amor, felicidade, paz, solidariedade, amizade e lealdade entre os seres humanos, sob a proteção de Deus, é um privilégio que qualquer pessoa deseja obter, porém, nem todas o vão conseguir, porque as vicissitudes da vida, mais ou menos graves, mais ou menos persistentes, dificultam tal desiderato, contudo, é legítimo e desejável continuar a “lutar” pela harmonia, pelo bem-comum e individual, enfim, pela prosperidade.
Um novo ano está aí, com perspectivas que suscitam uma esperança renovada em dias melhores, num mundo mais humano, mais tolerante e mais solidário, porque, em boa verdade, não existe outro caminho para nos tornarmos autenticamente diferentes de todos os restantes seres que vivem neste planeta maravilhoso, em que habitamos.
No primeiro dia de cada ano, festeja-se o “Dia Mundial da Paz”, um bem supremo que, acredita-se, a esmagadora maioria das pessoas desejam, mas, possivelmente, muitas não colaboram para se atingir essa situação sublime, que toda a gente merece, porque, em bom rigor, ninguém tem o direito de perturbar a tranquilidade, a segurança e o bem-estar dos seus semelhantes.
No que a Portugal respeita, existem boas perspectivas para se acreditar que o país estará no bom caminho, na medida em que a grande maioria dos indicadores económico-financeiros, empresariais, laborais, sociais, apontam para a continuação de uma evolução positiva, de resto, no seguimento do que se tem verificado nos últimos anos: o desemprego a diminuir substancialmente; a percentagem de adultos, jovens e crianças no limiar da pobreza tem baixado, ainda que minimamente; a economia tem mantido um ritmo crescente; o sistema nacional de saúde tem dado as respostas adequadas, muito embora nem sempre com a celeridade desejável: e, no âmbito da educação e formação, também se procura melhorar as prestações.
O que fica escrito, não significa que tudo está bem, muito menos que se atingiu a melhor eficiência, na medida em que ainda há muito a melhorar, em todos os setores de atividade e, por isso mesmo, se alimenta a esperança de que os Portugueses vão continuar a ascensão positiva dos últimos anos, designadamente, nos domínios em que o país está menos bem: centenas de milhares de pessoas no desemprego e destas, dezenas de milhares sem qualquer apoio social; reformados e pensionistas com reformas que, em muitas situações, quase não cobrem os gastos com a assistência medica, medicamentosa e de diagnóstico; a seca severa que tem vindo a assolar o país, lançou a miséria entre muitas famílias e empresas agropecuárias e, por fim, o ano que agora acabou, ficará na memória de todos os Portugueses pelos trágicos acontecimentos relacionados com os fogos florestais, as cerca de cento e dez vítimas mortais e mais de duas centenas de feridos, para além de muitas empresas arruinadas e postos de trabalho em perigo.
O novo ano está aí, um novo período de tempo que traz as possibilidades de olhar para o futuro com: alento, coragem, esperança de se recuperar o que de melhor foi perdido; de se avançar para um futuro promissor de bem-estar, de solidariedade transparente, de felicidade, de amor e de paz. 
Este ano de 2018 foi designado como o “Ano Europeu do Património Cultural, através da Decisão (UE) 2017/864 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de maio”.
«O objetivo do primeiro Ano Europeu do Património Cultural consiste em incentivar a partilha e a apreciação do património cultural da Europa enquanto recurso partilhado, sensibilizar para a história e os valores comuns e reforçar o sentimento de pertença a um espaço europeu comum.
O ano de 2018 tem uma importância simbólica e histórica para a Europa e o seu património cultural, uma vez que assinala um número importante de eventos, como o 100.º aniversário do fim da Primeira Guerra Mundial e da independência de vários Estados-Membros, bem como o 400.º aniversário do início da Guerra dos Trinta Anos. O Ano Europeu do Património Cultural poderá assim oferecer aos cidadãos europeus oportunidades para melhor entender o presente através de uma compreensão comum e mais enriquecedora do passado.
Os objetivos gerais do Ano Europeu consistem em incentivar e apoiar os esforços da União, dos Estados-Membros e das autoridades regionais e locais para, em cooperação com o setor do património cultural e da sociedade civil em geral, proteger, salvaguardar, reutilizar, valorizar e promover o património cultural da Europa. Em especial, o Ano Europeu:
Contribui para promover o papel do património cultural da Europa enquanto elemento central da diversidade cultural e do diálogo intercultural. No pleno respeito das competências dos Estados-Membros, o Ano Europeu destaca os melhores meios para assegurar a preservação e salvaguarda do património cultural europeu, bem como a sua fruição por um público mais vasto e diversificado, nomeadamente através de medidas para a captação de novos públicos e ações de educação em matéria de património, promovendo, assim, a inclusão e a integração social;
Reforça o contributo do património cultural europeu para a sociedade e a economia, através do seu potencial económico direto e indireto, o que inclui a capacidade para apoiar os setores culturais e criativos, designadamente as pequenas e médias empresas, e para inspirar a criação e a inovação, para promover o desenvolvimento sustentável e o turismo, para melhorar a coesão social e para gerar emprego de longa duração;
Contribui para promover o património cultural como um elemento importante das relações entre a União e os países terceiros, aproveitando o interesse e as necessidades dos países parceiros e os conhecimentos especializados europeus no domínio do património cultural.» (in: https://www.portugal2020.pt/Portal2020/2018-sera-o-primeiro-ano-europeu-do-patrimonio-cultural  
Será, portanto, legítimo que: se renovem projetos perdidos, e/ou interrompidos, pelas mais diversas razões, teremos o dever de tudo fazermos para conquistarmos os bens materiais e imateriais a que temos direito ou que mais desejamos, porque não está na nossa estirpe baixarmos os braços e deixarmo-nos vencer pelas dificuldades da vida, sejam estas naturais, artificiais ou forjadas, por quem nos deseja ver em situações humilhantes.
Portugal tem todos os motivos para se sentir grande na sua pequenez territorial, porque cada vez mais os Portugueses, e todas aquelas pessoas que escolheram o país para viver e trabalhar, vêm demonstrando ao mundo do quanto somos capazes, sendo oportuno recordar que altos cargos internacionais, também são ocupados por cidadãos nacionais, de que se destacam os mais recentes: secretário-geral da ONU – Organização das Nações Unidas; Presidência do Eurogrupo; altos quadros dirigentes na medicina, finanças, bancos, empresariado, investigação, desporto. Estamos a par dos melhores do mundo.
Por outro lado, o reconhecimento fora das nossas fronteiras, também é um facto que nos deve animar para iniciarmos este novo ano, com esperança num futuro melhor. Com efeito:  «Portugal passou a integrar a lista de 17 candidatos a ‘Melhor Destino Turístico do Mundo’ na final dos World Travel Awards 2017 depois de, em setembro, ter ganhado o prémio de ‘Melhor Destino Europeu’, tendo disputado o primeiro lugar na final de hoje com países como o Brasil, Grécia, Maldivas, EUA, Marrocos, Vietname ou Espanha, entre outros.
Considerando tratar-se de um “momento único para o turismo em Portugal”, a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, afirmou ser o “reconhecimento do trabalho que tem sido desenvolvido ao longo dos anos por todos os que estão de alguma forma ligados ao turismo”.
“Mas é igualmente o reconhecimento pelo país que temos. Um país autêntico, inovador, que se soube reinventar, que reúne uma grande variedade de experiências e paisagens, um país que junta cosmopolitismo, história, tradição, sol, natureza e gastronomia. Um país que sabe e que gosta de acolher todos”, sustentou Ana Mendes Godinho.
Descrevendo Portugal como “um destino turístico de excelência”, a governante diz ser agora preciso “continuar este trabalho de mostrar toda a diversidade do que Portugal tem para oferecer”.
Salientando que esta é a primeira vez “em dez anos de história” que o Turismo de Portugal é reconhecido “com prémios de âmbito global”, o presidente deste organismo, Luís Araújo, considera que ver “a estratégia turística distinguida” dá “uma motivação acrescida na persecução dos objetivos até 2027, para afirmar Portugal enquanto destino turístico de excelência”.
Criados em 1993, os World Travel Awards reconhecem o trabalho desenvolvido na área da indústria turística a nível global, de modo a estimular a competitividade e a qualidade do turismo, sendo a seleção dos nomeados realizada anualmente à escala mundial pelo público em geral e por mais de 200 mil profissionais de turismo oriundos de 160 países.
Os nomeados para a grande final do prémio são os vencedores das galas regionais, aos quais se juntam outros nomeados pelo próprio WTA.» (in: http://24.sapo.pt/atualidade/artigos/portugal-eleito-melhor-destino-turistico-do-mundo-nos-world-travel-awards
No contexto mundial, os conflitos ainda se arrastam porque o diálogo entre as partes beligerantes não se tem verificado em condições favoráveis, ou então, a intransigência e a intolerância se têm sobreposto ao interesse coletivo de pacificação ou, ainda, e finalmente, porque existem pressões e instâncias externas ao bem-estar dos interlocutores desavindos.
É certo que ao longo da História da Humanidade sempre houve agitações, violência, guerras, genocídios, todavia, já em pleno século XXI, não se justificam: não só a continuação de certas situações bélicas; como ainda o surgimento de novos tumultos e estes cada vez mais sangrentos; e, por fim, a permanente ameaça com armas letais.
É chegado o tempo de cada pessoa, cada comunidade, cada governante e a sociedade no seu todo: assumir a responsabilidades; delinear uma nova orem internacional para o desenvolvimento sustentado; para a defesa do ambiente; para o respeito pela dignidade da pessoa humana; pelas condições e qualidade de vida de cada pessoa; pela felicidade e pela paz; para a consolidação de um mundo civilizado, assente nos valores do humanismo.
Ao terminar mias um ano de grandes mudanças, em todos os setores de atividades humanas, e ao iniciar-se um novo período, é importante darmos as mãos, cedermos no que nos divide e convergirmos no que nos une, para assim construirmos um projeto de vida consentâneo com: uma sociedade moderna, humanista, civilizada, imbuída dos mais nobres e dignificantes valores; no respeito pelas opções axiológicas, políticas, religiosas, sociais; pelas orientações sexuais, sentimentais e emocionais de cada pessoa.
É bom e necessário começarmos um novo ano desejando e prometendo tudo fazermos para atenuarmos, ou mesmo eliminarmos, conflitos, desavenças, divergências prejudiciais à harmonia, à paz e à felicidade de todas as pessoas, sem o que estaremos condenados a regredir humanística e civilizacionalmente.
A Saúde, o Trabalho, o Amor, a Felicidade, a Paz e Graça de Deus dependem, exclusivamente: de cada um de nós; e de todos em simultâneo; por isso, não haverá mais tempo para alimentarmos a conflitualidade, que apenas conduz à desgraça de muitos, eventualmente, em proveito de alguns poucos.
Finalmente, de forma totalmente pessoal, sincera e muito sentida, desejo a todas as pessoas que, verdadeiramente, com solidariedade, amizade, lealdade e cumplicidade me têm acompanhado, através dos meus escritos um próspero Ano Novo e que 2018 e muitas dezenas de anos que se seguem, lhes proporcionem o que de melhor possa existir, e que na minha perspetiva são: Saúde, Trabalho, Amizade/Amor, Felicidade, Justiça, Paz e a Graça Divina. A todas estas pessoas aqui fica, publicamente e sem reservas, a minha imensa GRATIDÃO. 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Portugal: http://www.caminha2000.com (Link’s Cidadania e Tribuna)
http://www.sitedoescritor.com.br/sitedoescritor_escritores_d0045_dbartolo.html